Entretenimento e Cultura

Confira como foi o desfile do Grupo Especial do Carnaval de Vitória

A folia no Sambão do Povo foi marcada pela exaltação à realeza e ao cordel, bom humor, caça ao tesouro e homenagens a Colatina, ao povo negro e aos nordestinos

Foto: Thaiz Blunck | Folha Vitória

Uma noite de exaltação à realeza e ao cordel, bom humor, caça ao tesouro e homenagens a Colatina, ao povo negro e aos nordestinos. O desfile das sete escolas do Grupo Especial do Carnaval de Vitória trouxe para a passarela do samba irreverência, brilho e sambistas empolgados.

O público compareceu em peso para torcer por sua escola preferida, lotando arquibancadas, camarotes e lounges do Sambão do Povo. Mas somente uma escola vai soltar o grito de "É campeã". A apuração dos desfiles das escolas de samba acontece na próxima quarta-feira (15).

Mas a folia ainda não terminou. Neste domingo (12), ainda desfilam as escolas de samba do Grupo B. Veja quem vai passar pelo Sambão do Povo, a partir das 18h: 

1 - Rosas de Ouro

2 - União Jovem de Itacibá

3 - Mocidade Serrana

4 - Independente de Eucalipto

5 - Tradição Serrana

A escola campeã deste grupo ganha o acesso ao Grupo A no ano seguinte. Já quem for campeã no Grupo A vai para o Grupo Especial.

A segunda noite de desfiles

Sete escolas do Grupo Especial passaram pelo Sambão do Povo entre a noite de sábado (11) e a madrugada deste domingo (12), com muito brilho, alegria e samba no pé. Veja quem passou por lá.

Unidos da Piedade

Primeira escola a entrar na avenida neste sábado (11), a Unidos da Piedade mostrou no Sambão do Povo as lutas do povo negro para conquistar o espaço no cenário capixaba e empolgou os foliões em vários momentos.

Com o samba-enredo "Bino Santo e os mistérios que ecoam nos morros", a agremiação desfilou com 1.600 integrantes e levou uma mensagem importante para a passarela do samba: "todos são santos e santas... santos da vida, da luta, da arte, da boemia".

Foto: Dyhego Salazar/Folha Vitória
Foto: Thaiz Blunck | Folha Vitória

Durante o desfile, um cachorrinho, que parecia perdido, logo se encontrou em uma das alas e acompanhou a escola em parte do cortejo.

A Piedade enfrentou dificuldades com o som, que falhou em alguns momentos, mas os integrantes da escola e também os foliões, sustentaram o ritmo.

O último carro alegórico, que trazia o sambista, lenda do carnaval capixaba, Edson Papo Furado, de 83 anos, acabou ultrapassando a linha de segurança logo após entrar na avenida, mas o problema foi resolvido e o público comemorou.

Dyhego Salazar/Folha Vitória
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Unidos de Jucutuquara

A Unidos de Jucutuquara fez do Sambão do Povo palco de uma homenagem aos nordestinos, esbanjando cores, alegria e muita animação.

Com o enredo "Onde 'ocê' foi morar?", que contagiou os foliões e fez todo mundo cantar, a agremiação exaltou quem saiu do Nordeste e escolheu a capital do Espírito Santo para tentar novas oportunidades, em busca de melhores condições de trabalho.

Ao todo, foram 1.200 integrantes, divididos em três carros alegóricos e 18 alas. Uma das surpresas da agremiação foi o som da sanfona no meio do enredo, que empolgou ainda mais e deu um toque diferente ao desfile. 

Foto: Dyhego Salazar/Folha Vitória

Primeira porta-bandeira da Jucutuquara, Marisa Barcelos entrou à frente da agremiação. "Fui a primeira mulher da escola. Estar aqui no Sambão é uma renovação da nossa gente, a emoção é maior ainda, a gente vem pra levantar o Sambão do Povo", afirmou a sambista, que desfila desde 1972 na Coruja.

Um dos destaques foi a ala das baianas, cuja fantasia era "Lavando cores e encantos", representando as lavadeiras que se espalhavam ao longo do rio São Francisco com suas bacias de roupa.

A Jucutuquara ainda reverenciou a literatura de cordel, destacando o rouxinol, pássaro que seria o responsável por anunciar boas novas e abençoar o destino dos retirantes.

Dyhego Salazar/Folha Vitória
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Novo Império

Atual campeã do Carnaval de Vitória, a Novo Império entrou na avenida na madrugada deste domingo (12) com muita riqueza e esplendor, exaltando a realeza e todos os seus aspectos.

A coroa, que também está presente na bandeira da escola, fez parte da comissão de frente, que surpreendeu com uma coreografia em harmonia e foi muito aplaudida pelos foliões. 

Foto: Divulgação/PMV

Com o enredo "Imperium - Abram Alas para Vossas Majestades", a agremiação de Caratoíra, em Vitória, fez todo mundo cantar, com um samba-enredo contagiante entoado por Kléber Simpatia.

Um dos grandes destaques no desfile foi a Orquestra Capixaba de Percussão, que abusou das bossas, se ajoelhou na passarela do samba e ouviu, como resposta, não apenas a comunidade, mas o Sambão do Povo inteiro cantando junto com a família imperiana.

A vencedora do concurso Miss Universo Brasil 2022, a capixaba Mia Mamede, desfilou na ala exclusiva "Beleza Máxima", junto com outras 18 candidatas ao Miss Universo Espírito Santo.

Já a rainha de bateria Rayane Rosa esbanjou samba no pé junto com seus ritmistas ao encarnar Dandara de Palmares.

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Independente de Boa Vista

A Independente de Boa Vista entrou no Sambão do Povo às 2h38 deste domingo (12), mirando o título do Carnaval capixaba com enredo falando do riso e da comédia. Cumpriu o desfile em 60 minutos, respeitando o prazo máximo permitido (62 minutos). O samba teve, entre seus compositores, a participação especial do comediante carioca Marcelo Adnet.

Neste Carnaval de 2023, a escola de Cariacica quis contagiar os foliões com muita alegria com o enredo "Humor tanto riso oh quanta alegria... No tom da canção a Boa Vista contagia!". Nele, a agremiação traçou a história do riso e do humor da Idade Média aos dias atuais.

E conseguiu. Como todos os sambas da escola de Itaquari, o refrão grudou na cabeça e empolgou. O público nas arquibancadas cantou durante todo o tempo o "Abraça e me beija, cheguei pra fazer a galera sorrir...". E com direito a coreografia, com a mão em punho para o céu na hora o verso de destaque: "Sorrir é resistir"

O desfile teve alegorias luxuosas e fantasias vistosas. Os carros alegóricos impressionavam pelo tamanho e pelo acabamento. O primeiro carro, que homenageava nomes históricos do humor brasileiro, como Chico Anysio e Dercy Gonçalves já disse a que veio: a Boa Vista entrou com fome de título, que não vê desde 2020.

Foto: Dyhego Salazar/Folha Vitória

Ao longo do cortejo, as 18 alas faziam referência às várias facetas do humor: houve homenagem aos Trapalhões, a Jô Soares, Paulo Gustavo, à turma do Chaves.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira chamou a atenção pela beleza e lirismo encarnando Jesus Cristo e Nossa Senhora, com os figurinos do filme "O Auto da Compadecida".

A Boa Vista também fez a sua crítica ao colocar piadas sem graça presentes na vida nacional como a politicagem e a cartolagem no futebol, que manipula resultados.

Mas, o tom, em geral, foi de celebração à alegria. O último carro trouxe comediantes capixabas como Rossini Macedo, intérprete de Tonho dos Couros, e a galera jovem do stand up comedy, como Haeckel Ferreira. O carro era uma releitura do programa humorístico "A Praça é Nossa".

Fechando o desfile, a simpática ala dos garis sorridentes arrancou mais aplausos e aprovação do público.

Dyhego Salazar/Folha Vitória
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Mocidade Unida da Glória

A Mocidade Unida da Glória (MUG) convidou o público a embarcar numa viagem pegando o trem para Colatina. E a passagem era de primeira classe. Marcando o retorno do carnavalesco Peterson Alves, a agremiação levou para o Sambão do Povo a história de Colatina, a Princesinha do Norte.

O primeiro carro alegórico, cartão de visitas da escola, foi uma imensa locomotiva vermelha, branca e dourada, com direito a fumaça saindo do maquinário. A alegoria gigantesca impressionou o Sambão.

O desfile foi embalado pelo enredo "A Caminho das Terras do Sol Poente". Na avenida, fatos e referências que identificam o colatinense. As alas destacaram o papel de Colatina na indústria têxtil e de confecção, uma das forças motrizes da economia da região.

Outra marca foi a da produção cafeeira. Um caprichado carro simulava torres de torrefação do grão ao lado de xícaras e bules gigantescos com um toque especial: exalava um aroma de café que preencheu toda a avenida.  

Foto: Thaiz Blunck | Folha Vitória

Fechando o desfile, um carro fez justiça à fama de que o por do sol em Colatina é o mais bonito do Brasil. A alegoria representava a cidade completamente dourada pelos raios de um imenso astro-rei sendo protegido pelo Cristo Redentor, outro cartão postal da cidade.

Acostumada a desfilar com o regulamento debaixo do braço, a MUG cumpriu sua missão em 56 minutos e 47 segundos (o máximo permitido é de 62 minutos), aos gritos de "é campeã".

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Andaraí

Com o sol já nascendo, a Andaraí trouxe para a avenida a riqueza da literatura de cordel, em busca do título de campeã do Carnaval de Vitória.

Para isso, a escola contou com o trabalho do experiente e campeão tanto na Sapucaí quanto no Sambão do Povo, o carnavalesco Cid Carvalho.

Ele concebeu um enredo mostrando que o fascínio despertado pelo livro "Carlos Magno e os Doze Pares de França" motivava sessões de leitura em voz alta no interior do Nordeste até o princípio do século 20, permitindo o seu aprendizado inclusive por quem não sabia ler.

Um dos destaques foi a ala das baianas, cuja estética medieval foi ricamente trabalhada nas fantasias.

Foto: Dyhego Salazar/Folha Vitória

Já os bonecos mamulengos, que fazem parte da cultura popular nordestina, inspiraram as fantasias do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, Marcos Paulo e Alana Marques. Os guardiões da dupla representavam os balões das festas juninas.

As rendas e suas mulheres rendeiras, que simbolizam a cultura do Nordeste, ganharam ares de realeza ao serem representadas por Fernanda Passon, a rainha de bateria da Andaraí. Sob o comando do mestre Kaio Amorim, os ritmistas executaram com maestria um samba forrozeado e divertido.

O rio São Francisco também foi homenageado, assim como os profetas do sertão, artistas diversos, famosos e anônimos, orgulhosos de sua cultura e de suas raízes.

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Chegou o que Faltava

Contando com a presença ilustre de Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira, como musa da escola, a Chegou o Que Faltava encerrou o desfile do Grupo Especial com o dia claro e muita garra.

Para buscar o sonhado título de campeã, os carnavalescos Jorge Mayko e Vanderson Cesar levaram para a passarela do samba o enredo "O tesouro que faltava", desfilando os tesouros do Espírito Santo e valorizando a própria agremiação e a comunidade que faz a história da escola.

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A escola seguiu as pistas com um brilho especial e fala sobre piratas em uma caça ao tesouro, que vale mais que ouro.

E como acontece em todo Carnaval, teve emoção, adrenalina e gente dando um verdadeiro show na avenida.

Foto: Dyhego Salazar/Folha Vitória

Durante o desfile, uma das passistas perdeu uma das sandálias durante evolução no Sambão, mas não deixou a peteca cair. 

Já a tradicional ala das baianas representou os causos em torno de um lendário tesouro relacionado à Igreja de Nossa Senhora das Neves, em Presidente Kennedy, no Sul do Espírito Santo.

O símbolo maior da gastronomia e das raízes indígenas do Espírito Santo não poderia ficar de fora da escola de Goiabeiras: a ala das baianinhas representou as panelas de barro.

E entre os tesouros da escola, a velha guarda desfilou orgulhosa, conduzida por dona Terezinha Rodrigues, com seus 78 anos.

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*Participaram desta cobertura: Dyhego Salazar, Gabriel Barros, Marcelo Pereira, Thamiris Guidoni e Thaiz Blunck