Entre becos e vielas, Pega no Samba traz a voz do morro para o Carnaval de Vitória 2023
Com um final surpresa e homenagem emocionante, a Pega no Samba é baile de favela e tem história contada através de um cria
Apesar de não possuir títulos no grupo especial, a escola Pega no Samba carrega dois prêmios no grupo A, em 1982 e 2007, além de um no grupo B, em 2015.
Parte do Grupo A, Pega no Samba entra na avenida na sexta-feira, dia 10 de fevereiro. O Jornal Online Folha Vitória vai trazer uma série de reportagens com a ficha técnica e as informações sobre os temas das escolas de samba que vão desfilar no Sambão do Povo.
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Com o enredo "Era só mais um cria" no Carnaval de 2023, a escola visa evidenciar a criatividade produzida nas periferias e mostrar que a favela também é cultura.
Esse "cria" traz uma coisa de comum com qualquer periferia, qualquer favela, qualquer quebrada, e isso vocês vão sentir no decorrer desse desfile que está dividido em 4 setores.
"Vamos trazer o cria contando em primeira pessoa o que a periferia produz para o país. Existe o país oficial, que é o Estado e os centros urbanos, e existem as áreas periféricas que desde sempre foram as grandes produtoras de execução do que a gente constrói no país, desde a educação até as construções de base", contou uma integrante da escola.
Fundada em 1976, a Pega no Samba afirma que os moradores da periferia são a força do Brasil Real, que, por sua vez, é bom, original, criativo e possui alma.
Neste ano, a escola também vai realizar uma homenagem ao mestre de bateria João Bernardos. Várias pessoas da bateria da Pega no Samba foram seus "crias".
Veja a letra do samba-enredo da Pega no Samba para o Carnaval de Vitória 2023: "Era só mais um cria".
Compositores: Danilo Cezar, Diel Lima, Vinicius Moraes, Antônio Rosseto e Jean Andrade.
Pega no Samba é a voz do morro
Mais um cria de favela, eu boto fé
Orgulho sem fim, é energia
Do som de preto da locomotiva
(É som de preto, locomotiva!)
Eu sou aquele que desce a favela
Entre becos e vielas construindo a minha história
Forjado pela herança do tambor
A carne mais barata... sou a resistência da minha cor
Oh mãe, olhai por nós, me pega pela mão e guia
Contra os olhares maldosos que vem do asfalto e a mim discriminam
Oh mãe, sob a sua oração
Armas de fogo e lanças meu corpo não alcançaram
Bate no couro e dobra o rum, batuqueiro
Na patente de Ogum, firmo a minha fé
Dizia o mestre, tem que correr atrás
Perseverar, desistir jamais
Subi ladeira nas carreiras
Buscando um mundo que nem sempre me enxergou
Correr, brincar, curtir, vibrar, sambar
Do rap ao funk estilo exportar
É sinal verde, começa o show
Não sei se irei suportar
Nessa avenida eu sou o rei e tenho voz
É dessa vez eu vou gritar é campeão
Nao tenta não playboy
"Tudo que nois tem, é nois"!
*Texto da estagiária Ana Paula Brito Vieira, sob supervisão da editora Erika Santos