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Cantor Agnaldo Timóteo morre aos 84 anos vítima de covid-19

Agnaldo estava internado no Hospital Casa São Bernardo, no Rio de Janeiro, e não resistiu à infecção pelo novo coronavírus

Foto: Reprodução/Facebook

O cantor Agnaldo Timóteo morreu neste sábado (03), vítima de covid-19. Ele tinha 84 anos e estava internado no Hospital Casa São Bernardo, no Rio de Janeiro, ele não resistiu às complicações da doença. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do cantor.

"É com imenso pesar que comunicamos o falecimento do nosso querido e amado Agnaldo Timóteo. Agnaldo Timóteo não resistiu as complicações decorrentes do covid-19 e faleceu hoje às 10h45. Temos a convicção que Timóteo deu o seu melhor para vencer essa batalha e a venceu! Agnaldo Timóteo viverá eternamente em nossos corações! A família agradece todo o apoio e profissionalismo da Rede Hospital Casa São Bernardo nessa batalha", diz o comunicado emitido.

O cantor recebeu o diagnóstico da doença no dia 17 de março e segundo o assessor de imprensa, 15 dias antes da infecção, Agnaldo tinha tomado a primeira dose da vacina contra a covid-19.

Ao apresentar estado grave, Agnaldo precisou ser internado em estado grave na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). O artista apresentou uma "pequena melhora" nos dias em que esteve hospitalizado, mas acabou perdendo a luta contra o novo coronavírus.

Trajetória

Nascido no dia 16 de outubro de 1936, Agnaldo Timóteo Pereira é natural de Caratinga, em Minas Gerais, cidade em que o artista passou toda a infância. O interesse pela música surgiu ainda na época de criança quando fazia apresentações em circos que chegavam na cidade natal.

O início da carreira profissional de Agnaldo se deu quando ele participou de programas de rádio, como calouro, na cidade natal, em Governador Valadares e Belo Horizonte. O cantor trilhou seu caminho com lutas, dificuldades, sucessos, polêmicas, trajetória política e inúmeras participações em programas de rádio e televisão.

Quando morou em Governador Valadares, com apenas 16 anos, o artista tinha o hábito de deixar a ocupação de torneiro mecânico para ouvir Angela Maria, cantora que ele admirava publicamente e que anos depois trabalhou com ela e se tornaram amigos pessoais.

Gravação do disco

Para tentar gravar um disco, Timóteo mudou para a capital mineira, Belo Horizonte, onde ficou conhecido como 'Cauby mineiro', pela semelhança do timbre da voz com o cantor Cauby Peixoto. Porém, a experiência não deu muito certo, mas concedeu ao artistas uma série de convites para imitar Cauby em programas de rádio e eventos.

Angela Maria aconselhou o cantor a mudar-se para o Rio de Janeiro, onde ele teria mais chances de mostrar o trabalho. Nesta época, o músico enfrentou um difícil começo na capital carioca. 

Foi nesta cidade que o Agnaldo conheceu Roberto Carlos, que naquela época se mudou para o Rio em busca de mais oportunidades. Com uma série de dificuldades em que passaram juntos, Agnaldo lembra que os dois costumavam ir a pé para as rádios pois não tinham dinheiro para o bonde.

Com dificuldades financeiras, o músico entrou em contato com Angela Maria e pediu um trabalho como motorista dela. Na época a cantora possuía um automóvel, mas não dirigia. Inclusive, a história com Angela, está diretamente ligada a momentos importantes da vida dele.

Por indicação de uma das maiores estrelas da história do rádio brasileiro, Agnaldo Timóteo gravou o primeiro trabalho, que continha as canções Sábado no Morro e Cruel Solidão. Em 1963, veio a música Tortura de Amor, mas foi vendida de mão em mão pelo próprio compositor pois a gravadora não apostava no sucesso.

Em 1965, venceu os prêmios do programa Rio Hit Parade, da TV Rio, onde ganhou a simpatia do público jovem e acabou assinando contrato com a EMI-Odeon. O primeiro sucesso surgiu com o disco Surge um Astro, que tinha versões estrangeiras e que marcariam o teor romântico que acompanhou o cantor durante décadas. Na época, participou de edições do programa Jovem Guarda, uma atração produzida entre 1965 e 1968 pela TV Rio e Record TV.

Agnaldo, que contabiliza mais de 50 discos gravados, ficou nacionalmente conhecido ao gravar Meu Grito, música composta por Roberto Carlos. Ave-Maria, Mamãe e Verdes Campos foram alguns dos grandes auges da trajetória do artista.

No ano de 1975, Agnaldo lançou "Galeria do Amor", a primeira composição própria e um dos marcos para o surgimento do estilo 'Brega'. Em 1978, ele transitou por movimentos como Bossa Nova, com a gravação do sucesso Por Causa de Você, composição feita por Dolores Duran e Tom Jobim.

O disco de maior sucesso na carreira foi o Perdido na Noite, que contou com criações próprias como Aventureiros e O Conquistador.

Com discrição sobre a vida pessoa, o cantor nunca assumiu seus relacionamentos publicamente. Mas em 2017, no documentário "Eu, Pecador", Agnaldo falou abertamente sobre romances vividos com outros homens.

Política

Devido às mudanças que o mercado fonográfico brasileiro estava passando e com o surgimento de interesses pessoais, a frequência de show diminuiu com os anos e o cantor passou a dividir a música com a carreira política, que começou em 1982, pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT). À época, o artista foi eleito como deputado federal mais votado na história do Rio de Janeiro.

Foi eleito novamente, em 1994, como deputado federal pelo Rio de Janeiro. Além disso, exerceu três mandatos como vereador. O primeiro no Rio, em 1996, e dois pela cidade de São Paulo, respectivamente em 2004 e 2008.

Casa dos Artistas

Umas das mais lembradas participações do cantor na televisão brasileira foi nos anos 2000 quando esteve na terceira exibição do reality show Casa dos Artistas, do SBT, em 2002.

Na época, a edição estava sendo apresentada por Silvio Santos e misturava famosos e fãs. Inclusive, Agnaldo foi o responsável por votar pela saída da própria fã, Silvana. O músico foi o terceiro eliminado da temporada.

* Com informações do Portal R7