Efeito pandemia: primeiro show com uso de cercados é realizado em Colatina
Experiência será repetida neste domingo num cerimonial na cidade; governo do Estado diz que evento cumpriu regras sanitárias e que proposta de teste em Vitória também passa por análise
Um novo formato de show, adaptado ao 'novo normal', começou a ser testado no Espírito Santo. O primeiro evento, com uso de cercados para manter o isolamento social, foi realizado no último domingo (13), no município de Colatina.
Ao todo, foram 47 cercados, que receberam 250 pessoas. Em cada um deles, era permitido de seis a 10 pessoas, com uso de máscara obrigatório durante todo o show do grupo de samba e pagode Pele Morena. Entre um reservado e outro, foram dois metros de distanciamento.
O evento foi possível porque a cidade estava classificada em risco baixo para transmissão de coronavírus, de acordo com o último mapa de risco divulgado pelo Governo do Estado. Nessas condições, são liberados eventos para até 300 pessoas.
"Numa reunião entre quatro empresas produtoras de Colatina, fizemos tudo conforme os protocolos. Foi um sucesso, as pessoas colaboraram e iremos repetir no próximo domingo (20) com apresentações do grupo de samba D'Bem com a Vida e outros artistas", comemora o produtor cultural Léo Caetano.
Ele disse que a iniciativa foi feita para demonstrar que o setor de eventos pode se adaptar e promover ações com presença de público e respeitando as regras.
O público teve a temperatura corporal conferida ao chegar no cerimonial. Além disso, foi disponibilizado álcool em gel em todas as mesas e a venda de ingressos para o evento foi feita para grupos e não individualmente.
"Focamos na venda para grupos familiares para que houvesse maior probabilidade de convivência entre as pessoas, diminuindo assim risco de contágio de coronavírus, já que não havia contato entre desconhecidos", explicou.
Durante o show, o combinado era que ninguém deixasse o cercado, só saindo para ir ao banheiro. A comida e a bebida eram levadas até as pessoas em seus espaços delimitados e os organizadores recomendaram que as pessoas só tirassem a máscara para que houvesse o consumo.
"De maneira geral, todo mundo colaborou, respeitando as regras. A gente colocou também 'fiscais' de máscaras que advertiam quem demorava a recolocar assim que terminava de comer e beber", afirma.
Fiscalização
Segundo Caetano, o evento teve acompanhamento das autoridades sanitárias locais ainda na fase de planejamento. "Fizemos tudo conforme o protocolo que pede a ocupação de uma pessoa por cada cinco metros quadrados. O cerimonial tem capacidade de receber 1950 pessoas e vendemos apenas 250 convites.
Antes, durante e depois do evento, houve fiscalização da Vigilância Sanitária de Colatina, que trabalhou em conjunto com o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar", relembra, dizendo que houve três vistorias durante o show que começou às 16h e terminou às 22h.
Estado aprova experiência
A secretária de Estado de Turismo, Lenise Loureiro, tomou conhecimento do evento de Colatina e disse que a iniciativa foi bem conduzida.
"O que houve em Colatina está correto dentro das normas recomendadas para eventos em municípios de risco baixo. Já havíamos visto uma proposta de show em formato de drive-in, mas a iniciativa do produtor que criou uma situação de adequação ao que é exigido pelas regras sanitárias em eventos sociais, é interessante", analisa, ponderando que não seria possível fazer o evento mesmo nessas condições em risco moderado.
No entanto, ela pontua que se deve ficar atento, mesmo com todas as limitações dos cercados, na questão do uso de máscara quando não se está consumindo alimentos ou bebidas.
Com atividades do setor de eventos paralisadas há 15 meses desde o início da pandemia, Lenise afirma que adaptações como essas são um respiro para o segmento.
Ela informa que a secretaria está analisando uma proposta apresentada pela Associação Brasileira dos Promotores de Evento no Espírito Santo (Abrape-ES), que quer fazer um grande evento-teste em Vitória, inspirado em experiências em outros países.
No projeto da Abrape, o formato, ao contrário do que aconteceu em Colatina, incluiria testagem prévia de quem quisesse participar dos shows.
"Estamos em análise com a Secretaria de Estado da Saúde. Com o avanço da vacinação no Espírito Santo, que está num ritmo bom, e a testagem em massa que, começa a ser implantada, é possível que haja uma flexibilização nas regras para o setor, bastante prejudicado com a pandemia", adiantou.
Para o diretor regional da Abrape-ES, Pablo Pacheco, iniciativa como a promovida em Colatina é muito bem-vinda.
"Foi bom porque mostrou que é possível fazer um evento seguro dentro do que pedem as recomendações para risco baixo. É uma amostra de que o setor de eventos pode voltar", celebrou.