Americo Buaiz Neto: “Quero dobrar o faturamento do Grupo Buaiz com inovação”
Terceira geração a assumir negócios da família, o jovem acaba de abrir sua Hugb, de inovação, por onde quer viabilizar planos de novos projetos e investimentos, principalmente, para o Grupo Buaiz
“Tenho o sonho de desenvolver o mercado de inovação do Espírito Santo e tornar o faturamento do Grupo Buaiz duas vezes maior”. Apesar de audaciosa, a frase de Americo Buaiz Neto em bate-papo exclusivo com a Coluna Pedro Permuy é, de fato, consciente.
Terceira geração da família a assumir os negócios que hoje são presididos pelo pai, Americo Buaiz Filho, a ideia de investir em inovação surgiu depois de um intercâmbio de um ano na Suíça. Recentemente, o primeiro passo para alcançar esses dois objetivos foi dado: a inauguração do Hugb, de inovação, nova empresa do grupo que se dedica a desenvolver, apresentar e implementar projetos para otimizar os negócios da família.
“Mas também estamos abertos para o mercado. O Hugb nasceu assim, de uma demanda do mercado por inovação. Todo dia temos recebido startups e projetos de tecnologia sensíveis à transformação que podem ser nossas apostas tanto para as empresas do grupo quanto para o mercado em si”, explica, ao receber este colunista no escritório da empresa, na Enseada do Suá. Trata-se de um amplo espaço, funcional e com toques de requinte no acabamento (tem revestimento acústico para reuniões simultâneas, móveis planejados, fechadura por reconhecimento facial, paredes em quadro e até uma obra de arte de Burle Marx - um presente da mãe, Mariana Buaiz).
“Sempre gostei muito do modelo de uma startup. Quando voltei do intercâmbio na Suíça, me juntei a dois amigos e chegamos a desenvolver uma ideia do que seria uma nova tecnologia para o Estado. Tempos depois, acabamos não colocando em prática por outras questões, mas aquela experiência, aquela vontade, ficou. E depois de um tempo, tive um start para me dedicar mais a esses temas por uma verdadeira imersão que fiz em uma operadora de saúde do Espírito Santo”, conta.
Americo Neto, por outro lado, já carregava uma bagagem grande nas costas. “Desde os 13 anos fiz um ‘estágio’ com meu pai. Eu o acompanhava em várias reuniões de gestão. E isso me deu uma visão absurda do que é empreender”, fala.
“Eu me apaixonei pela forma como meu pai fazia a gestão de uma forma diferente”, Americo Buaiz Neto, CEO do Hugb
Na recente experiência nessa gigante da saúde, terminou de aprender como poderia ser sua atuação dentro do Grupo Buaiz para inovar nos negócios, que vão da indústria alimentícia até shopping e investimentos imobiliários.
“Fui recebido pelo Maely Filho (empresário) e participei de grandes reuniões de conselhos de inovação. Vi o que eles faziam, como era e de que forma viraram um case de inovação no Estado. E aí me inspirei naquilo tudo para seguir meu caminho no nosso grupo, porque a metodologia usada é que me chamou a atenção”, pontua.
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Em seguida, o trabalho de Americo começou na Rede Vitória - a empresa de comunicação do grupo familiar. Na afiliada da Record no Espírito Santo, fundou um núcleo de inovação e percebeu que o primeiro lucro poderia ser obtido sem grandes mistérios: com o que os entendidos chamam de recuperações tributárias. Em outras palavras, a prática consiste em reaver dinheiro por meio de incentivos fiscais a partir de negócios que foram criados ou pensados e, de fato, provocaram alguma benesse na sociedade.
Burocracias à parte, o trabalho foi planejado, executado e entregue. Resultado? Todas as empresas do grupo tiveram o investimento 100% devolvido, além de terem computado um lucro de cerca de três vezes equivalente ao valor do aporte investido inicialmente.
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“Cada empresa teve um retorno muito bom e eu mostrei que, no mínimo, eles recuperariam as questões tributárias por incentivos que abonariam outros impostos a pagar, o que aconteceu. Mas com o plus que foi conquistado, entendi que esse era só o começo, que a gente tinha muito mais potencial de realização do que só acelerar projetos e recuperar esses fundos. Queria planejar inovação de longo prazo, fazer encontro com gestores, planejar situações de crise, como uma pandemia… A inovação tem esse poder, de preparar uma empresa para o incerto”, avalia.
Assim nasceu o hub de inovação do grupo - o Hugb.
“Meu pai, antes de eu fundar a área de inovação da Rede, me provocou para isso. Ele falou exatamente assim: ‘Você pode escolher ser um acionista passivo do grupo, e está tudo bem se é isso que quer, ou pode querer me ajudar e trabalhar com a gente’. Sinceramente, eu sabia que não queria ser um acionista passivo. Sabia que queria trabalhar. Mas não imaginava que tudo aconteceria como aconteceu”, brinca.
É que em um curto espaço de tempo Americo passou por algumas empresas do grupo até chegar à fundação da sua própria, que hoje tem até equipe “on demand” especializada. “Um hub de inovação é fazer a diferença. Tem a ver com as pessoas que estão lá. É um ambiente que precisa estimular a criatividade. E o trabalho pode render muitos frutos, da gestão à saúde financeira de uma empresa”, começa.
“Ter inovação em uma empresa não é custo. É investimento”, Americo Buaiz Neto, CEO do Hugb
E segue: “O diferencial (do Hugb) é ter porta aberta para testar produto, mentoria… O dinheiro ficou relativamente fácil de conseguir (para uma startup, para a área de inovação). Porque o Brasil está recebendo um volume considerável de investimento nesse nicho neste momento. O problema é que os empreendedores pegam o dinheiro, não têm conhecimento do mercado e se perdem, além de não terem como ‘testar’ a aplicabilidade. Ter as empresas do grupo no nosso hub hoje é um diferencial que ninguém mais (do mercado) tem nesse sentido, já que elas ser cenário probatório das inovações com uma frente ampla de atuação”.
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Tanto que os planos para o futuro são grandes: “Para o futuro, quero fazer o Espírito Santo ser reconhecido como um polo de inovação de verdade. E quero que a Hugb seja uma dessas antenas de captação. E quero muito fazer as empresas do grupo crescerem exponencialmente. Quero inovar e fazer as empresas do grupo faturarem o dobro”.
ENTRE OS BUAIZ
Americo Neto é a terceira geração de empresários que assume os negócios fundados pelo avô, Americo Buaiz, com o Moinho Vitória (e sua Buaiz Alimentos) há 80 anos. Tem o pai, Americo Buaiz Filho, como “inspiração de gestor” e a mãe, Mariana Buaiz, “de ser humano”, como ele mesmo diz.
“Meu pai é um professor e, se manter um pouco do legado dele, já serei realizado”, Americo Buaiz Neto, CEO do Hugb
Dos irmãos, também tira proveito: “Meus irmãos não estão no grupo por serem herdeiros (estão, sim, por mérito). Marcus e Eduarda têm total mérito na trajetória profissional que trilharam. Eles não construíram o que construíram à toa. E fico impressionado com o que alcançaram. Graças a Deus, hoje, meu pai conseguiu ter filhos que buscam o sucesso profissional, e o têm, por mérito próprio”.
A caçula, Ana Maria Buaiz, também pensa em entrar para o rol dos sucessores. “Ela está indo agora, aos 18 anos, para um intercâmbio na Inglaterra e acho que ela enxerga as novidades do grupo como novas oportunidades. Acho que, sim, quando ela voltar terá em mente algo para realizar dentro desses negócios”, conclui o Neto.