"Possível", diz médica sobre ex-Ken Humano, mulher trans, ter útero
A ginecologista Karoline Landgraf, médica capixaba com mais de 1 milhão de seguidores no Tik Tok, acredita que procedimento será de risco, mas que trará benefícios para a comunidade LGBT+ e para a medicina
Jessica Alves, ex-Ken Humano que se assumiu mulher trans em 2019 e se submeteu a mais de 70 cirurgias plásticas (inclusive de redesignação sexual) ao longo da vida, agora quer também ter um útero para gestar o próprio filho.
A ideia, que vem gerando polêmica nas redes sociais, não é de toda impossível. Segundo especialista, o procedimento pode ser quase experimental, mas será de grande valia para a comunidade LGBT+ e para a medicina a longo prazo.
"A polêmica começou lá atrás com a dúvida de se era possível ou não transplantar um útero em mulheres cis (que nascem biologicamente mulher). Uma vez possível em mulher cis, o que impediria de ser possível em uma mulher trans? Lógico que tem a parte hormonal, de estrutura física, mas se é possível que até será gerado um bebê na mulher cis, talvez seja possível também na mulher trans", esclarece a ginecologista Karoline Landgraf.
A médica capixaba, que faz sucesso com vídeos informativos na web e tem mais de 1 milhão de seguidores só no Tik Tok, ainda explica que, no caso de receber o órgão, o paciente tem que ser compatível e ainda se submeter a medicação para o restante da vida, como em qualquer outro transplante. Os medicamentos são usados para impedir que o corpo "rejeite" o aparelho transplantado.
"Por isso que penso que se for só para colocar para ter, para se sentir uma mulher completa, acho que não vale a pena pelo risco e por todas as medicações que terão que ser usadas. Mas acho que vale a pena, sim, quando se tem o sonho de ser mãe, de gestar, por meio de uma inseminação, por exemplo", considera.
Segundo ela, os órgãos que podem ser usados em mulheres trans, nesses casos, são vindos de pessoas que morreram e que se declararam doadoras ou de homens trans que fazem operação para retirar o membro.
"Claro que tudo é muito experimental ainda. Pode não dar certo, mas se der certo, vai desbravar. Abrir muitas portas e possibilidades. É uma cirurgia muito inovadora. Sou super a favor de tentar e que dê certo. Uma mulher trans tem que ter os mesmos direitos de uma mulher cis", opina.
E compara: "Vai abrir portas para daqui a 15, 20 anos ter um sucesso. Igual antigamente a redesignação sexual só acontecia na Ásia. Hoje em dia você já opera aqui no Espírito Santo".
Jessica Alves, que tem 38 anos de idade, está no Brasil e já agendou a cirurgia para implantar o útero. Segundo o Daily Mail, ela agora passa por exames do pré-operatório e poderá, então, ser a primeira mulher trans do mundo a ter o órgão.
"Eu fiz muitos exames na Turquia para ver se podia fazer a cirurgia, mas mudei de ideia e vou ao Brasil onde minha família está", disse ela ao tablóide britânico.
A operação custará cerca de R$ 221 mil.
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