De Goiás, Boogarins traz o rock psicodélico para a cena alternativa capixaba
Pela segunda vez no ES, a banda tocou no último sábado (17) no 6º Festival Movimento Cidade, em Vila Velha, e mostrou intimidade com as bandas capixabas de rock
Foi ao som dos hits do primeiro álbum, As Plantas que Curam, completando 10 anos, que Boogarins levou a magia do rock psicodélico para centenas de fãs no 6º Festival Movimento Cidade, no último sábado (17), na Prainha, em Vila Velha.
É a segunda vez que a banda toca em solo capixaba e os bem-humorados Benke, Dinho, Fefel e Ynaiã mostraram que conhecem a cena underground capixaba e se sentiram em casa.
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Direto de Goiás, o quarteto já percorreu vários continentes com som psicodélico e tiveram a oportunidade de tocar em outros festivais como Coachella, Rock in Rio Lisboa, Primavera Sound e Lollapalooza.
Músicas como Doce, Lucifernandes e Foimal foram preenchidas com o coro levantado pelo público, no cenário inconfundível de frente para o Convento da Penha.
O Folha Vitória conversou com a banda minutos antes de subir ao palco. Num papo descontraído, revelaram sobre os desafios de ser uma banda alternativa no estado de Goiás, onde há uma cultura predominante do sertanejo, e reverenciaram as bandas de rock capixaba como Dead Fish e Gastação Infinita.
Confira a entrevista:
O que vocês acham do público capixaba? Especialmente no Movimento Cidade, em que temos um público bem plural, bandas de funk e rap tocando antes e depois de vocês, talvez seja um público novo, não é?
Fefel: a galera do reggae já vai estar com nós, a gente já viu um povo aqui. Tem alguma banda de reggae além da gente? (risos).
Dinho: Dependendo do dia, a gente toca umas músicas versão reggae. Hoje mesmo Foimal vai ser igual Sublime, lembra? Vai ser nessa tendência. Tirando a brincadeira, festival é isso, né? Vários artistas e juntando vários públicos. A primeira vez que tocamos aqui foi em 2019, foi bem emocionante, tinha bastante gente e todo mundo cantando as músicas muito alto, eu fiquei bem em choque com essa recepção do público. E hoje nesta vibe de festival aberto, vai ser melhor ainda.
E o estilo musical que vocês fazem? Todo mundo fala que vocês tocam rock psicodélico, mas como vocês se definem? Vocês bebem na fonte de outros estilos musicais?
Benke: Acho que o bom rock and roll sempre tem doses de transgressão, coisas frenéticas, mântricas, plásticas. A gente bebe na fonte de todo tipo de música, eu encaixaria a gente no rock mesmo. Se você for ver as boas bandas de rock, todo mundo teve uma fase psicodélica.
Dinho: O psicodélico tem muito a ver do momento em que a gente surgiu e tem a ver com a plasticidade, da facilidade de extrair de outras linguagens e colocar na nossa música de forma natural. Fica nessa coisa psicodélica por conta dos efeitos, pela nossa liberdade nas músicas. Tem muito desdobramento, nossa música é muito plural. Acaba que essa palavra psicodélica é bem aberta, mas encaixa bem no que a gente faz.
Vocês saíram de Goiás, um estado que a gente conhece muito pelo sertanejo, acredito que foi uma dificuldade de inserir na cena local de lá, mas aqui no Espírito Santo nós temos uma característica muito forte do rock e da cena underground, vocês se sentem em casa sabendo que tem público para isso?
Ynaiã: Aqui tem uma tradição muito forte, é uma cena que já está acostumada. No começo dos anos 2000, houve um momento muito interessante da música independente brasileira. Dead Fish, por exemplo, um dos maiores expoentes da música independente, surge também nesse período aqui. Fora do eixo Rio de Janeiro e São Paulo, os estados como Espírito Santo e Goias acabam tendo algum lugar nesse cenário, precisam voltar para si para se comunicar com a galera de fora. Nós viemos de um lugar que precisamos nos encontrar lá dentro para depois sair.
Benke: Acho que essa identificação pode vir pelo fato daqui ter um selo muito forte que é a Laja Records, lá em Goiás nós tivemos a Monstro Discos, que também tinha essa força. Aqui é a terra de Dead Fish, Gastaçao Infinita... As cenas acabam dialogando nesse lugar, criaram um catálogo para as bandas de fora. É um jeito interessante colocar o recorte das duas cidades.
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O que mudou da banda desde o primeiro disco Plantas que Curam? Lógico, muita coisa mudou, mas se vocês puderem definir uma coisa desde aquele primeiro álbum, bem caseiro, até hoje, tocando em festivais?
Ynaiã: Hoje em dia não tem mais after, isso com certeza mudou (risos).
Fefel: O after é no palco mesmo.
Dinho: A gente amadureceu muito, com certeza. A energia no palco é a mesma, mas a gente consegue entregar as coisas de forma diferente. Nós estamos fazendo a tour de 10 anos do Plantas que Curam, a facilidade para tocar e interpretar as músicas vem muito do exercício que a gente trabalhou de tocar junto. Hoje a gente toca junto bem melhor.