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Paixão Nacional: conheça a história por trás das músicas inesquecíveis em homenagem ao futebol

E para celebrar essa união que já deu até samba, que tal conhecer algumas histórias e obras marcantes do país do futebol?

Futebol e música. O que acontece quando duas grandes paixões do brasileiro se unem? O resultado não poderia ser outro: obras memoráveis. E o que não falta no país do futebol são obras que prestam homenagem ao esporte bretão. 

De variados gêneros. De variadas abordagens. Não se pode negar que o futebol e a música se misturam com muita facilidade. Tanto é, que além do esporte influenciar os compositores, várias músicas também embalaram e embalam as torcidas nos estádios.

E para celebrar essa união que já deu até samba, que tal conhecer algumas histórias e obras marcantes do país do futebol?

Copa 1950

Na Copa do Mundo de 1950, sediada no Brasil, além de uma vitória esmagadora da Seleção Brasileira por 6 a 1 contra a forte equipe espanhola, outro momento marcante ficou na memória dos 152.772 torcedores no Maracanã: a marchinha de carnaval "Touradas em Madri". Ela foi cantada a "plenos pulmões" enquanto Ademir Menezes, Zizinho e Chico davam um show de futebol.

Composta por Braguinha e Alberto Ribeiro, "Touradas em Madri" se eternizou com os versos "Eu fui às touradas em Madri e quase não volto mais aqui". 

Eu fui as touradas em Madri

Para tim bum, bum, bum
Para tim bum, bum, bum
E quase não volto mais aqui
Para ver Peri beijar Ceci

Lamartine Babo

Sabe quem é Lamartine Babo? Não? Você pode até não conhecer o compositor carioca, mas te garanto que já cantou algumas de suas principais composições. Lamartine Babo é o compositor dos hinos populares do Vasco, Flamengo, Fluminense, Botafogo e América, além de outros clubes do Rio de Janeiro. Apaixonado por futebol e torcedor do América, ele compôs o hino do seu clube de coração baseado na adaptação de uma música americana chamada “Row Row Row”. Coincidência ou não, o hino é considerado por muitos o mais bonito de todos. 

Confira o Hino do América:

Hinos de Futebol

Ainda falando sobre os hinos, em 1996, a Revista Placar lançou um CD especial com os hinos dos clubes brasileiros interpretados por grandes artistas. O projeto, muito elogiado na época, apresentava interpretações de cantores/torcedores. Entre as faixas que se destacam estão a interpretação de Tim Maia do Hino do América-RJ;  Ed Motta, Beth Carvalho, Claudio Zoli e Eduardo Dusek cantando o Hino do Botafogo; Herbert Vianna, Neguinho da Beija-Flor, Falcão + MC's Júnior e Leonardo no Hino do Flamengo e João Gordo colocando o hino do Palmeiras no estilo Rock and roll.

Confira o Hino do Flamengo na Revista Placar:

Uma partida de futebol

Uma das músicas mais conhecidas referentes ao tema é "Uma Partida de Futebol", do grupo mineiro Skank . Lançada em 1996, no álbum "O samba paconé", a música logo se tornou um hit, dominando até os cantos das torcidas em todo o Brasil. Quem assina a composição da obra é Samuel Rosa e Nando Reis, ex-baixista do Titãs.

Bola na trave não altera o placar
Bola na área sem ninguém pra cabecear
Bola na rede pra fazer o gol
Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?

Samba e Futebol

O futebol "volta e meia" também está presente nos desfiles das escolas de samba. Dessa forma, vale relembrar algumas importantes homenagens envolvendo o tema.

Em 1995, no ano do centenário do Flamengo, a Estácio de Sá homenageou o clube com o enredo "Uma vez Flamengo". No desfile, craques como Junior e Zico atravessaram o sambódromo em uma escola praticamente toda rubro-negra. Mas o resultado final não convenceu os jurados: a Estácio acabou apenas na sétima colocação naquele ano. Confira o samba. 

Cobra coral
Papagaio vintém
Vesti rubro-negro
Não tem pra ninguém

Já a homenagem ao Clube de Regatas Vasco da Gama, que completava seu centenário em 1998, veio através da Unidos da Tijuca, escola presidida por Fernando Horta, um vascaíno histórico. Apesar da homenagem, a Tijuca acabou sendo rebaixada naquele ano. A torcida cruzmaltina costuma até hoje cantar o samba nas partidas do clube. Confira o samba. 

Vamos vibrar meu povão (é gol, é gol)
A rede vai balançar, vai balançar
Sou Vasco da Gama, meu bem
Campeão de terra e mar

Outro homenageado pelas escolas de samba foi o craque Zico. Em 2014, o jogador serviu de inspiração para o enredo "Arthur X – O Reino do Galinho de Ouro na Corte da Imperatriz", da Imperatriz Leopoldinense. Naquele ano, a escola conquistou a 5.ª colocação. Cerca de 500 bolas com a assinatura de Zico foram distribuídas ao público e ele veio no último carro da escola, com uma roupa rubro-negra, capa com a bandeira da Imperatriz, e a coroa, símbolo da agremiação.

Hoje, mais do que nunca é o seu dia
Vamos brindar com alegria
Trazer de volta a emoção
Com toda humildade, vem ser coroado
Vestir o meu manto verde, branco e dourado!
Quem dera te ver por mais um minuto
Na arquibancada, todo mundo canta junto

Primeiro Mundial

A Seleção Brasileira de 1958 entrou para a história ao conquistar a primeira Copa do Mundo para o país. O time, que tinha nomes como Didi, Garrincha, Gilmar e Pelé, foi homenageada com a canção "A taça do mundo é nossa", de autoria de Wagner Maugeri, Lauro Müller, Maugeri Sobrinho e Victor Dagô. E a música se tornou "febre" no Brasil, sendo cantada até hoje.

Pra frente Brasil

A Copa de 1970, no México, além de ser considerada uma das melhores de todo os tempos, é marcante, é claro, pelo tricampeonato da Seleção Brasileira. Seleção, aliás, que rotineiramente é apontada como a melhor da história das copas. No elenco, comandado pelo "Velho Lobo" Zagallo, craques como Pelé, Gérson, Rivelino, Tostão e Carlos Alberto.

Naquele ano, a música tema da Seleção Brasileira foi "Pra Frente Brasil", composta por Miguel Gustavo. E a canção foi cantada em todo país e se tornou um símbolo daquele ano. 

Noventa milhões em ação
Pra frente, Brasil
Do meu coração
Todos juntos vamos
Pra frente, Brasil
Salve a Seleção!

Voa Canarinho

A Copa de 1982, na Espanha, apesar de ser memorável pela atuação da Seleção Brasileira, que acabou não ficando com o título, e teve que se consolar com a 5.ª colocação, também ficou marcada pela canção tema. E quem virou febre na "boca do povo" foi a música "Povo Feliz", também conhecida como "Voa, canarinho". 

Apesar de ter sido cantada pelo craque Júnior, então lateral-esquerdo do Brasil, a canção foi composta por Memeco e Nonô do Jacarezinho. Para se ter uma ideia do sucesso da música, o LP vendeu 726 mil cópias e alcançou o certificado de disco de platina.

Voa, canarinho, voa
Mostra pra esse povo que és um rei
Voa, canarinho, voa
Mostra na Espanha o que eu já sei

Fio Maravilha 

No início da década de 1970, o cantor e compositor Jorge Ben Jor, flamenguista fanático, resolveu fazer uma homenagem a Fio Maravilha, centroavante do clube. A canção, que recebeu o mesmo nome do homenageado, apesar do grande sucesso, acabou ficando famosa por outro motivo. 

Depois de uma série de questões jurídicas sobre os direitos autorais da música, Jorge Ben teve que alterar a letra para "Filho Maravilha". A letra original, composta em 1972, foi inspirada em uma jogada genial de Fio Maravilha em um amistoso do Flamengo contra o Benfica, no Maracanã. Em tempo, o jogador, apesar de toda confusão envolvendo a música, nunca ficou famoso pelo que apresentou nas "quatro linhas do campo", e sim pela "famigerada" canção. 

Fio maravilha,
Nós gostamos de você
Fio maravilha,
Faz mais um pra gente ver

O Campeão

Composta por Neguinho da Beija-Flor, a canção "O Campeão", também intitulada "Domingo eu vou no Maracanã", talvez seja a música mais cantada nos estádios brasileiros.  Apesar de unificar torcidas, segundo versão do cantor e compositor, ela foi originalmente composta em homenagem ao Vasco. 

Na primeira versão a letra dizia "Domingo, eu vou ao Maracanã, vou torcer pro Vasco que sou fã...". Mas após perceber o sucesso nas mãos, a palavra Vasco foi mudada para time. E assim, se tornou um verdadeiro hit nacional. 

Domingo, eu vou ao Maracanã
Vou torcer pro time que sou fã,
Vou levar foguetes e bandeira
Não vai ser de brincadeira,
Ele vai ser campeão