História bizarra! "Bem-Vindo à Vizinhança" é boa, mas frustra por não ter ponto final
A produção da Netflix que estreou nesta semana parece surreal, mas é baseada em fatos que ocorreram em 2014
A Netflix parece ter encontrado a fórmula perfeita para suas produções. Ou melhor, o criador perfeito. Recentemente, Ryan Murphy emplacou “Dahmer” como uma das séries mais assistidas na história da plataforma menos de um mês após o lançamento. Agora, a nova série do escritor americano, Bem-Vindo à Vizinhança, que estreou nesta semana, já começa a criar burburinhos na internet.
Ambas as produções do streaming são baseadas em fatos. Murphy, claro, tomou a liberdade de incrementar o enredo com pitadas de sua criatividade. Deu certo. Assim como a história do canibal americano, Bem-Vindo à Vizinhança fisga o espectador.
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Lançada na última quinta-feira (13), a série tem um enredo cercado de mistérios bizarros e assombrações — mais psicológicas do que monstruosas, diga-se de passagem.
A série gira em torno de uma casa que fica na Rua Boulevard, nº 657. Os novos donos, Dean (Bobby Cannavale) e Nora Brannock (Naomi Watts), começam a receber cartas anônimas com tom ameaçador assinadas como "O Vigia".
Os protagonistas embarcam em uma intrigante e, às vezes, aterrorizante investigação para descobrir quem é a pessoa por trás dos envelopes que surgem na caixa de cartas.
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Suspeitos não faltam na estranha vizinhança. Com ajuda da inteligente detetive Theodora (Noma Dumezweni), tanto os personagens quanto o público precisam enfrentar os medos para tentar desvendar o mistério.
A série é muito boa. Prende a atenção do público sem fazer esforço. A cada capítulo, o espectador é surpreendido com reviravoltas que fazem sentido e não se deixam levar pela lógica sobrenatural que perpassa o enredo. A sonoplastia também merece elogios. Desde os primeiros segundos deixa claro o ar místico da produção.
Afinal, quem é o "Vigia"?
Essa é a pergunta que todos se fazem ao longo da trama. Ela até chega a ser respondida no último capítulo, mas logo o público descobre que a história contada não passa de uma farsa da detetive — contada com as melhores intenções, ao ver o casal de amigos sofrendo por não conseguir descobrir quem é a pessoa por trás do "Vigia"
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Essa, talvez, seja o único ponto negativo da série para o espectador que aguarda ansiosamente ao término dos sete capítulos para saber quem é o personagem misterioso. O final frustra.
Assim como na vida real, em que o escritor das cartas até hoje não foi descoberto, a trama deixa a tão aguardada resposta para a imaginação do público.
Conheça a história que originou a série da Netflix
Em 2014, o casal Maria e Derek Broaddus compraram uma casa colonial. O endereço? Rua Boulevard, nº 657, em Westfield, Nova Jersey, nos Estados Unidos. Ao contrário da série da Netflix, em que os protagonistas se mudam para o imóvel com os filhos, o casal nunca chegou a residir na casa na vida real.
Derek encontrou a primeira carta anônima na caixa do correio antes mesmo da venda se tornar pública. Assinadas pelo "Observador”, as cartas diziam que, por gerações, vigiou a casa e que não estava contente com as reformas propostas pelos futuros moradores.
Nas cartas, o "Observador" cita os nomes e apelidos dos moradores, além de itens que ficavam em partes do imóvel que não podiam ser vistas de fora, o que indicava que ele estava próximo. Desconfiados dos vizinhos, os novos donos procuraram a polícia.
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A princípio, a suspeita caiu em cima de um dos vizinhos que tinha transtornos mentais, mas o DNA encontrado nos envelopes das cartas apontavam que elas teriam sido enviadas por uma mulher.
Em 2015, Maria e Derek processaram os antigos proprietários do casarão afirmando que eles também teriam recebido cartas ameaçadoras e não os informaram no momento da venda. O caso se tornou público e ganhou artigos nos jornais norte americanos. Estes mesmos artigos serviram como base para criação do roteiro da série.
Intrigado, um detetive da cidade decidiu investigar mais a fundo o caso mesmo depois do processo. O mistério que gira entorno do "Observador", no entanto, até hoje não foi desvendado.