Duo OGÓ valoriza cultura negra em show nesta quarta em Vitória
Com entrada gratuita, os artistas Gessé Paixão e Vitor Martins vão apresentar as composições do Projeto OGÓ, nesta quarta (30), às 19h30, no Museu Capixaba do Negro
Em atividade desde 2019, o OGÓ realiza o show de pré-lançamento do seu primeiro álbum nesta quarta-feira (30), às 19h30, no Museu Capixaba do Negro Verônica da Pas (Mucane), em Vitória.
Com entrada franca, a apresentação vai girar em torno do tema “Masculinidades e Negritudes”, seguindo a mesma linha do cineclube lançado pelos músicos na última sexta (25), no Espaço Thelema.
O projeto foi selecionado pelo Edital 026/2020 - Seleção de Projetos Culturais de Produção, Difusão e Distribuição Musical no Estado do Espírito Santo - da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES).
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Ambas as iniciativas refletem o campo de atuação do OGÓ, que se inspira na ancestralidade africana, na estética futurista e na poesia falada e cantada para expressar a sua arte.
O próprio nome do grupo remete às divindades afro-brasileiras. De acordo com Gessé Paixão, Ogó, na cosmologia dos povos iorubá, representa o amuleto que Exu, o Orixá da comunicação, carrega nas mãos. “Ogó tem forma fálica e está associado à fertilidade da vida. Representa a criação e a passagem, o trânsito inventivo pelos espaços e lugares. É a representação do movimento para promoção do acesso aos espaços”, conceitua.
Os integrantes do OGÓ têm funções bem definidas. No palco, o trio atua como um duo, no qual os músicos Vitor Martins e Gessé Paixão intencionam apresentar um espaço de sensibilização para sentir e pensar o que são e como existem as masculinidades negras no contexto brasileiro.
Gessé Paixão é responsável pelas letras e composições, além das vozes, trompete, flugelhorn, pandeiros, handpan, agogô, caxixis e arranjos.
Vitor Martins faz as composições e assina o set de percussão, que inclui handpan, didgeridoo, cajon, tigelas tibetanas, efeitos percussivos e arranjos. Já Douglas Bonella atua nos bastidores, cuidando da fotografia, design, exibição audiovisual.
Saiba mais sobre o show/álbum
O repertório do show desta quarta vai contemplar as seis faixas do EP (extended-play) “OGÓ”– “OGÓ”, “Canto à Nanã (As Paneleiras)”, “Capitão do Mato”, “Mangará”, “Preto Pensa” e “Afrofuturo Negro”, acompanhadas de videomapping e exposição de fotos.
O disco foi gravado no Gama Soundz Studio, em Vitória, com produção de Thiago Perovano e engenharia de gravação de Felipe Gama. As gravações serão disponibilizadas em breve nas plataformas digitais.
Musicalmente, o trabalho transita pelos sons das tradições populares, pretas e caboclas da música brasileira, sobretudo aquelas de terras nordestinas.
Há, também, a aproximação com a linguagem pop, com a presença do tradicional pandeiro de choro (aqui amodernado) e do trompete, por meio dos quais os músicos percorrem ritmos como coco, baião, ijexá, barravento, maracatu, samba e rap.
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Em meio a essa constelação sonora, há espaço para uma estética ufológica e também para instrumentos associados ao contexto espiritual e terapêutico. Nesse sentido, brilha o handpan, instrumento melódico-harmônico de percussão que tem como característica o timbre exótico, metálico, doce e repleto de harmônicos.
Atlas da Violência
Segundo seus integrantes, o OGÓ consiste em uma nave musical tocada pelo discurso de valorização e pertencimento da cultura negra, compreendida em seu viés humanista e histórico, com foco na relevância de homens negros na luta pelos direitos civis e na afirmação de suas identidades.
Eles chamam a atenção para os dados assustadores do Atlas da Violência. Segundo este levantamento, em 2019, 71,3 % das vítimas de homicídios no Brasil eram homens negros. A mesma pesquisa indica que, no país, um negro tem 2,6 vezes mais risco de ser assassinado do que um não negro.
Por meio do OGÓ, os integrantes pretendem contribuir para a construção de um ambiente de educação para as relações étnico-raciais, bem como propor a elaboração de políticas públicas voltadas para a equidade racial.
“OGÓ representa um experimento de música instrumental e poesia falada, imaginada, cantada e encantada”, afirma Vitor Martins. “Uma rápida incursão pela diáspora negra”, acrescenta Douglas Bonella. “É uma viagem que corta os tempos e deixa marcas nos modos de sentir, pensar, gerar personagens, criar a própria hist&oacu te;ria e produzir o que se entende ser”, complementa Gessé Paixão.
OS INTEGRANTES DO OGÓ
Vitor Martins
Músico autodidata e multi-instrumentista nômade, é vegano e mochileiro desde 2003. Conhece todos os Estados brasileiros e já circulou com seus instrumentos e músicas por grande parte da América do Sul. Além do OGÓ, leva adiante seu projeto “Natural Music”, com forte perspectiva terapêutica e curativa a partir da vivência orgânica com a música. Em 2016, gravou o trabalho solo instrumental intitulado “Gratidão Handpan”.
Gessé Paixão
Músico multi-instrumentista, professor de Filosofia, culinarista e poeta. Atua como trompetista e pandeirista de bandas e orquestras populares. Como instrumentista de sopro, integrou a Orquestra Pop & Jazz do Instituto Federal de Educação (IFES), a Fames Dixieland, a Orquestra Jovem Vale Música e a centenária Banda de Música Estrela dos Artistas. Em setembro de 2022, sua composição “Canto à Nanã (As Paneleiras)” foi contemplada com a primeira colocação no I Festival de Música de Santa Teresa (ES).
Douglas Bonella
Intitula-se “geofotógrafo”. Mestre em Geografia, ele utiliza como ferramenta de comunicação a imagem, sobretudo a fotografia. Apesar de sua ligação com o OGÓ se materializar na produção executiva, fotografia, elementos gráficos e audiovisuais, atuou também como intérprete, compositor e baixista em outros projetos musicais.
Serviço:
Show de pré-lançamento do álbum “OGÓ
Apresentação do duo OGÓ
Quando: 30 de novembro (quarta-feira), às 19h30
Onde: Museu Capixaba do Negro Verônica da Pas (Mucane) - Av. República, 121, Centro, Vitória (ES)
Quanto: entrada franca.