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Jogo do Bicho: conheça história, como funciona e influências de hoje

O Jogo do Bicho foi idealizado em 1892 pelo barão João Batista Viana Drummond, em busca de aumentar a visitação ao Jardim Zoológico de Vila Isabel

Leiri Santana

Redação Folha Vitória
Foto: reprodução redes socias

O Jogo do Bicho é uma das formas mais tradicionais de aposta no Brasil e é conhecido por sua história rica e controversa. Criado inicialmente para salvar as finanças do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, o jogo ganhou popularidade e acabou incorporado à cultura brasileira.

ORIGEM DO JOGO DO BICHO

O Jogo do Bicho foi idealizado em 1892 pelo Barão João Batista Viana Drummond. Em busca de aumentar a visitação ao Jardim Zoológico de Vila Isabel, propriedade da sua família, o barão criou uma espécie de rifa. 

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Cada visitante recebia um bilhete com a imagem de um animal, e o prêmio era dado a quem tivesse o bilhete correspondente ao animal sorteado. Esse prêmio podia chegar a 20 vezes o valor do ingresso, o que atraiu rapidamente muitos participantes.

O sucesso da iniciativa foi tamanho que logo o jogo começou a ser realizado fora dos muros do zoológico, espalhando-se rapidamente pelo Rio de Janeiro e, mais tarde, por todo o Brasil. Em 1894, a Prefeitura proibiu o Jogo do Bicho, mas a prática persistiu de forma clandestina

Com a proibição dos jogos de azar no país pelo Decreto-Lei nº 9.215 de 1946, durante o governo Dutra, o Jogo do Bicho tornou-se uma prática ilícita, mas continuou funcionando, agora sob a organização de bicheiros que transformaram o jogo em um "negócio".

Durante os anos 1970, formou-se a "Cúpula da Contravenção", um grupo dos principais chefes do jogo que estabelecia áreas de atuação para cada bicheiro, evitando conflitos e fortalecendo o controle das apostas em regiões de alta densidade populacional.

VÍCIO NO JOGO DO BICHO

Como em todo jogo de azar, o Jogo do Bicho envolve o risco de perdas financeiras, e, para alguns, o vício. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o vício em jogos é uma condição de saúde física e emocional. Para muitos, essa prática surge como uma válvula de escape para lidar com perdas ou frustrações, mas, quando o hábito se torna compulsivo, o vício se instala, trazendo prejuízos financeiros e emocionais.

A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) classifica o vício em jogos de azar com os códigos CID-10-Z72.6, que descreve a "mania de jogo e apostas", e CID-10-F63.0, definido como "jogo patológico". Nessa categoria, incluem-se o Jogo do Bicho, apostas esportivas, cassinos, loterias e outros tipos de jogos eletrônicos.

A Medida Provisória n. 1.182/2023, que modificou a Lei nº 13.756/2018, estabeleceu novas diretrizes para a loteria de apostas de quota fixa no Brasil. Entre elas, a promoção de ações informativas sobre jogo responsável e prevenção ao vício, segundo regulamentação do Ministério da Fazenda.

CRESCIMENTO DOS VÍCIOS EM JOGOS DO ESPORTE 

Atualmente, as apostas esportivas atraem um público cada vez maior, principalmente os fãs de futebol. Com a popularidade do setor, a Lei 14.790/2023 legalizou os jogos online de quota fixa. Em 2024, o Ministério da Fazenda instituiu a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA-MF), que regula e fiscaliza a prática, assegurando a credibilidade das casas de apostas e o cumprimento da legislação vigente.

O conceito de "jogo responsável" tem ganhado destaque como uma medida de proteção. "O jogo responsável é uma exploração do jogo como entretenimento, realizado de forma consciente e saudável", afirma Ricardo de Paula Feijó, advogado especialista em regulamentação de jogos no Brasil. Ele destaca a importância de garantir a sustentabilidade do setor e de proteger os apostadores dos riscos do vício e do endividamento excessivo.

Seja o Jogo do Bicho, apostas esportivas ou loterias, a linha entre diversão e vício é tênue. Em casos de dependência, é fundamental o apoio de familiares e ajuda psicológica para a recuperação.