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Personalidades capixabas comemoram 100 anos do Samba

E apesar dos subgêneros relacionados ao ritmo musical, ele continua conquistando ouvidos e corações, e assim, sendo reconhecido com símbolo da identidade nacional

O samba é um genuíno símbolo da identidade nacional Foto: Reprodução

Dia 2 de dezembro, o Dia Nacional do Samba. Mas este ano, a comemoração será ainda mais especial. O samba, um dos mais importantes símbolos culturais do Brasil completa 100 anos. Foi em 1916 que Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, entrou para a história da Música Popular Brasileira ao compor “Pelo Telefone”, oficialmente, o primeiro samba brasileiro.

A palavra samba procede da expressão africana semba, empregada para designar a dança de roda, popular em todo o país. E apesar dos subgêneros relacionados ao ritmo musical, ele continua conquistando ouvidos e corações, e assim, sendo reconhecido com símbolo da identidade nacional.

Samba-raiz, samba-canção, partido-alto, samba-rock, pagode ou samba de enredo. Não importa a nomenclatura. O importante são os grandes nomes que ajudaram o compor o mosaico da história e desenvolvimento do gênero em todo o Brasil. Pixinguinha, Martinho da Vila, Carmen Miranda, Alcione, Beth Carvalho, Bezerra da Silva, Cartola, Candeia, Ari Barroso, Edson Papo Furado, Lupicinio Rodrigues, Nelson do Cavaquinho e Zeca Pagodinho. Escolas de samba, samba urbano, samba paulista e samba baiano. O importante é a tradição, principal característica dessa verdadeira paixão nacional.

Espírito Santo

E no Espírito Santo não é diferente. Muito em razão da proximidade com o Rio de Janeiro, e com a Bahia, o Estado abraçou o gênero em seus diversos subgêneros e expoentes.  E ainda assim, apesar das semelhanças, os capixabas imprimiram sua própria personalidade em composições e interpretações. Até mesmo dentro do samba de enredo, amplamente difundido pelo Carnaval Capixaba, e onde se encontram importantes nomes do gênero.

 Amor ao Samba

Tunico da Vila é um dos importantes nomes do gênero no Brasil Foto: Divulgação

Segundo o sambista e compositor Tunico da Vila, o samba é o gênero máximo da identidade cultural do Brasil. “Devemos comemorar o Dia Nacional do Samba e o seu centenário. Mas temos que reconhecer que o samba possui raízes em Angola, originadas do semba, e claro, nacionalizadas na efervescência cultural do Rio de Janeiro”, afirma.

Cantor e compositor,  Rogerinho do Cavaco ressalta que o samba é de fundamental importância cultural, pois é um estilo musical genuinamente brasileiro. Um verdadeiro produto nacional. “No Espírito Santo, o samba é representado por importantes sambistas e escolas de samba. E tenho a maior satisfação em fazer parte do movimento.”

O produtor musical Rodrigo Tristão, que já foi responsável pela gravação do CD do Carnaval Capixaba, defende que o samba possui uma importante relevância na cultura do país, sendo uma verdadeira assinatura cultural. “Quando se fala em Brasil, culturalmente, se pensam em mulatas, escolas de samba e no ritmo. Além disso, o samba se perpetuou por ser uma célula rítmica única. E com isso, encantou o mundo e felizmente, chega aos 100 anos”.

Diego Nicolau, intérprete e compositor carioca,e também responsável pelos últimos nove sambas da Mocidade Unida da Glória. Segundo afirma, o gênero não é só um ritmo, mas sim uma filosofia de vida e de respeito ao próximo. “Quem é sambista de verdade “não perde o prazer de cantar” e nem de viver o samba”.

Renilson Rodrigues é um dos mais importantes compositores do Carnaval Capixaba Foto: Reprodução Facebook

Para o compositor Renilson Rodrigues, o samba é definitivamente o ritmo que faz bater forte o coração do brasileiro. E ainda cita um trecho de sua obra em homenagem ao gênero: “O samba contraria o esquecimento, não se vende por momento e nem se deixa corromper. Certamente gerações depois de agora, cantarão ainda os sambas de cartola...”

Armando Chafik, pesquisador de carnaval, quando perguntado da importância cultural do samba, destacou o histórico da construção do ritmo: “O gênero possui uma grande história a ser contada! Essa data tão importante nos faz refletir sobre o quão sofrida e árdua foi a luta do povo negro, para transformar tristeza em alegria, sofrimento em festa, dor em esperança. Acredito que esse seja o grande legado dessa data, comemorar a transformação dos ritos, crenças, ginga e musicalidade de um povo escravizado em orgulho e identidade nacional”.

O pesquisador ainda lista importantes momentos do gênero. “Rio de Janeiro, zona portuária, Pedra do Sal, Cais do Valongo, Praça Onze, Pequena África, rodas de capoeira, ranchos, afoxés, batuques, jongo, umbigada, tambor de criola, lundu, maxixe, negros da Bahia, cortiços, tradições baianas, religiosas, iorubas, candomblés, pais de santo, João Alabá, tias baianas, tamborins, cuícas, pandeiros, África, “semba”, mães de santo, Tia Ciata, agitadora cultural, música negra, João da Baiana, Pixinguinha, Donga, “Pelo Telefone”, Deixa Falar, Estácio de Sá, partido-alto, pagode, samba-enredo, samba-rock, bossa nova, identidade brasileira. Parabéns ao samba pelos 100 anos.”

Ouça a versão do histórico samba “Pelo Telefone”, interpretado por Martinho da Vila: