Referência no rock brasileiro, a banda Capital Inicial chega aos 40 anos de trajetória com fôlego de garoto novo que quer mais. O grupo sobe ao palco do Ilha Shows, em Vitória, neste sábado (10), a partir das 19h, com a turnê nacional do disco “Capital Inicial 4.0”.
A apresentação da banda capitaneada pelo vocalista Dinho Ouro Preto, e com Fê Lemos (bateria), Flávio Lemos (baixo) e Yves Passarell (guitarra), vai revisitar hits obrigatórios na lista de quem já ouviu o Capital em algum momento da vida, caso de “Passageiro”, “Independência”, “Fátima”, em novos arranjos, mas também tem espaço para inéditas. Fazer a seleção não foi nada fácil.
“Tocamos há muitos anos e temos centenas de canções gravadas. Não conseguíamos chegar a um acordo. Cada um de nós queria incluir algo diferente, o disco ia ter horas de duração. No final, acabamos deixando a escolha do repertório na mão do Dudu Marote, nosso produtor musical”, explica o vocalista, em entrevista ao Folha Vitória.
Dinho explica que o repertório foi pensado para celebrar o legado do quarteto e também dialogar tanto com os fãs quanto com as novas gerações. Poderia se lembrar do efeito de “renascimento” que o disco “Acústico MTV”, lançado em 2000, teve para o Capital.
Na época, a geração teen que acompanhava a MTV ficou por dentro dos clássicos da banda e o grupo voltou a virar febre e lotar mais e mais shows. O artista, hoje, prefere não arriscar se vai acontecer a mesma coisa com a geração TikToker.
“Sabemos que nos dirigimos a pessoas de todas as gerações. Mas, principalmente, gente muito mais jovem do que nós. Agora, o que vai acontecer, eu prefiro não arriscar um palpite. O que eu posso dizer é que fizemos o projeto com prazer e paixão”, aponta.
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E é nesse clima de paixão que o vocalista fala da plateia capixaba, onde tantas vezes a banda se apresentou. “Éramos sempre surpreendidos pela quantidade de gente que nossa música conseguia mobilizar. Lembro dos shows em Guarapari, a plateia tão quente quanto o verão. A animação dos festivais de Alegre. Temos muitas histórias, aventuras, amigos e lembranças no estado”, elogia.
Confira a entrevista completa:
O Capital Inicial tem uma trajetória vitoriosa na história do rock. Nesta turnê, amparada pelo lançamento do disco Capital 4.0, vocês revisitam clássicos e sucessos da banda em novas roupagens e novidades. Queria saber do processo de criação do disco, a escolha das músicas. Há novidades?
A história desse projeto é meio curiosa. Não tínhamos nos dado conta dos 40 anos até o final do ano passado. Estou falando do final de 2021. Quando a ficha caiu percebemos que era impossível não celebrar a data. O primeiro passo foi procurar o produtor, o Dudu Marote, o diretor, o Batman Zavarese, o iluminador, Cesio Lima e o empresário, o Luiz Oscar Niemeyer, para que pudéssemos viabilizar o projeto. Essa foi a parte relativamente fácil. Já a escolha das músicas a serem incluídas não foi simples. Tocamos há muitos anos e temos centenas de canções gravadas. Não conseguíamos chegar a um acordo. Cada um de nós queria incluir algo diferente, o disco ia ter horas de duração. No final, acabamos deixando a escolha do repertório na mão do Dudu Marote. Ele decidiu incluir quase todas nossas músicas mais conhecidas, mudar alguns arranjos, e chamar vários convidados de diferentes gerações. Além disso, incluímos vários lados B – músicas que consideramos boas, mas que por algum mistério ficaram para trás. Mas se preparem, o show também vai ter várias canções que não estão no DVD.
O que a banda prepara nesta turnê para os fãs e o público do Espírito Santo?
Vamos apresentar o show como ele foi gravado. É possivelmente o projeto mais ambicioso do Capital. Ele é visualmente irresistível. O cenário, a direção de arte, as luzes, fazem do show algo singular. Poucas vezes vi uma banda brasileira botar na estrada algo tão espetacular. Acreditem, é de cair o queixo.
Quando o “Acústico” do Capital foi lançado em 2000 falaram que a banda “renasceu”, atingiu um público novo, da geração adolescente da MTV da época. Com o “Capital 4.0”, a banda espera que algo semelhante aconteça, que consiga falar com a geração TikToker, a geração das redes?
O que aconteceu com o “Acústico” no ano 2000 foi totalmente inesperado. Foi uma surpresa para todos os envolvidos. O Capital já foi surpreendido pelo destino algumas vezes. Aprendi que é impossível prever a reação das pessoas. Nós sabemos, graças à informação que as redes sociais e as plataformas de streaming nos dão, a idade das pessoas que nos seguem e nos ouvem. Sabemos que nos dirigimos a pessoas de todas as gerações. Mas, principalmente, gente muito mais jovem do que nós. Agora, o que vai acontecer, eu prefiro não arriscar um palpite. O que eu posso dizer é que fizemos o projeto com prazer e paixão.
Quarenta anos de história do Capital. O que a banda aponta como legado que deixou nessas quatro décadas para o rock nacional?
Acredito que contribuímos para popularizar o rock no Brasil. Ajudamos a fazer com que o rock fizesse parte da música popular brasileira. Essas músicas são conhecidas de norte a sul, leste a oeste. Nas capitais e no interior. Várias dessas músicas fazem parte do cancioneiro popular do nosso país. Esse é nosso legado.
O rock hoje se reinventou ou virou um ritmo datado?
O rock está se tornando um veterano, mas ele é capaz de se reinventar. Ele é elástico, é mutante, ele se transforma e se adapta. O rock sempre surpreende.
Teremos um novo governo na Presidência do Brasil que, ao contrário do que termina, é mais ligado a questões da cultura e com um diálogo mais frequente com a classe artística. De que maneira a banda observa essa expectativa para a cultura nacional?
Espero que a arte e os artistas não sejam percebidos como inimigos do Estado. A arte define quem somos. É a cara do nosso país. A variedade das nossas cores, dos nossos temas e dos nossos ritmos dão um sabor único ao Brasil. A cultura brasileira é motivo de orgulho. Espero que sejamos percebidos e tratados assim.
O Capital já se apresentou inúmeras vezes aqui no Espírito Santo. O que a banda lembra de mais impactante nos shows feitos aqui no Estado?
Lembro de tocar inúmeras vezes no Estado. Tanto na capital quanto no interior. Conhecemos bem o Espírito Santo. Lembro de tocarmos várias vezes no Álvares Cabral. Éramos sempre surpreendidos pela quantidade de gente que nossa música conseguia mobilizar. Lembro dos shows em Guarapari, a plateia tão quente quanto o verão. A animação dos festivais de Alegre. Temos muitas histórias, aventuras, amigos e lembranças no Estado. Vamos botar tudo isso em dia no sábado.
Serviço:
Capital Inicial 4.0
Quando: sábado (10), às 19h.
Onde: Ilha Shows, Alameda Ponta Formosa, 350, Praia do Canto, Vitória.
Vendas: no site Superticket. – https://www.superticket.com.br/eventos/capital-inicial-40
Valores: na área vip, R$ 240,00 (inteira) e R$ 120,00 (meia e meia solidária) 3º lote