Carlinhos de Jesus e Ana Botafogo transformam temporal em show no ES
Opinião da Coluna Pedro Permuy: é verdade, sim, que a cultura não devolve o que a chuva carregou. Mas o entretenimento dá a energia que é precisa para correr atrás de tudo - de novo
17h30 de sábado (10) em Vitória. Depois de um dia (super!) abafado, um verdadeiro temporal atinge toda a Grande Vitória e cidades do interior do Espírito Santo.
"Do nada".
Em intermináveis 15 minutos, o saldo é de ruas alagadas; casas destelhadas; aeroporto parado; dezenas de famílias vendo móveis indo embora... E, então, começam as desistências das atividades culturais que estavam marcadas para a data.
De fato, quem viu o cenário da Capital nesse tempo não imaginaria que algumas poucas horas depois Carlinhos de Jesus e Ana Botafogo dançariam para mil pessoas no Parque Reserva Cultural Vitória, atrás do Shopping Vitória.
Sim, eles dançaram.
A dupla foi peça-chave de O Quebra-Nozes Capixaba, idealizado por Liviane Pimenta. É o segundo ano consecutivo que o espetáculo tradicional de Natal é realizado na Capital pela mesma produtora. Um custo total que, facilmente, compraria um apartamento de médio padrão na cidade.
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A apresentação estava marcada para as 19h. Foi movida para as 20h. E às 19h30 uma trupe de entusiastas da arte colocou a mão na massa entre enxugar palco, cadeiras e liberar acesso a camarins para fazer o show não parar. Duas bombas "sapo" (que sugam água) também foram usadas para "desalagar" a área da plateia, que foi toda montada com 1,5 mil lugares. Evidente que muita gente não conseguiu sequer chegar, mas os lugares estavam todos lá. E pasme: foram ocupados, também, no domingo (11).
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"Essa é a única mulher que transforma um temporal em Quebra-Nozes", brinca este colunista, se referindo à organizadora do evento.
"Fala isso para as pessoas", responde ela, com um olhar de quem nem ela mesma estava acreditando no que havia feito.
Carlinhos de Jesus também exaltou: "É impressionante a força que Liviane tem para fazer seus projetos darem certo. E é admirável, depois de anos parados pela pandemia, vermos essa força aqui no Espírito Santo. Um evento que merece nossa honra".
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Algo parecido aconteceu na Praça do Papa, também em Vitória, com Nany People, que se apresentou em concerto de Natal a céu aberto por volta do mesmo horário. Ela também é prova da tese que a cultura salva - nesse caso, da tristeza que é ver uma enchente levar tudo.
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É verdade, sim, - e é óbvio, claro - que a cultura não devolve tudo o que foi perdido. Nem móveis, nem telhas, nem fruto de trabalho do que uma vida inteira deu. Infelizmente. Mas que o entretenimento dá a energia que é precisa para reconquistar isso tudo... "Ninguém pode negar", já cantava Charlie Walker em sua "Ele é um bom companheiro".
A Coluna Pedro Permuy se solidariza com as vítimas das chuvas que assolam o Espírito Santo desde as últimas semanas.