Foco no Espírito Santo como ambiente perfeito para captação e desenvolvimento de empresas. E, independentemente do segmento, essa é uma das missões do Movimento Empresarial Espírito Santo em Ação. E são os segmentos da cadeia produtiva capixaba que preparam o terreno e avaliam as possibilidades no campo dos negócios no Estado. 

Uma prova disso foi o Horasis Global Meetings, evento focado em ESG e co-organizado pelo Espírito Santo em Ação, que trouxe ao Estado nomes de peso de 50 países, autoridades nas mais diversas áreas. Gente que falou de macroeconomia, de gestão, de despoluição, educação e até da relação da felicidade com o meio corporativo. 

Assim, o Espírito Santo se transforma em referência para possibilidades de negócios e se abre a novas alternativas globais de geração de renda.

Quem fala sobre isso é o diretor de Lideranças do Movimento Empresarial Espírito Santo em Ação, Gabriel Martins Feitosa, que ajudou a captar nomes e organizar o Horasis. 

Confira nesta Entrevista de Domingo

Como eventos internacionais como o Horasis podem impactar na economia do Estado?

Acho que foi uma oportunidade de a gente colocar à luz, ao Espírito Santo, o trabalho que vem sendo conduzido, principalmente nas últimas duas décadas, de criar um Estado mais forte, mais preparado para receber empresas e que vem performando em diversos indicadores de desenvolvimento, como o IDH (índice de Desenvolvimento Humano), por exemplo.

Receber o Horasis aqui foi uma oportunidade de a gente celebrar esse momento que o Espírito Santo vive

 

Muito oportuno para apresentar o Estado a todos os estrangeiros que estiveram aqui durante esses quatro dias de evento. 

Você acha que agora o movimento empresarial capixaba está chegando ao amadurecimento? 

Eu acho que os indicadores acabam mostrando muito isso. IDH, ranking de competitividade, ranking de transparência, qualidade de vida.

Você vê que o Estado vai performando muito bem nesses diferentes indicadores. Então, isso comprova o trabalho que vem sendo feito de uma forma mais ampla. 

O Espírito Santo em Ação faz muito essa ponta de governança, de olhar para os projetos de longo prazo e ser o guardião, junto com o Executivo, junto com os outros poderes também. O papel do movimento é fazer com que esses trabalhos se perpetuem e tenham resultado.

Acho que dentro dessa sigla ESG, que foi tão destacada no Horasis, o Espírito Santo em Ação tem muito esse papel de transformar e melhorar a governança. 

Sobre a institucionalidade, eu sempre digo que uma das principais vantagens competitivas que o Espírito Santo tem é essa relação institucional, o próprio evento é uma prova disso, uma co-realização entre o governo do Estado, Espírito Santo em Ação e Federação das Indústrias. Em que outro Estado você vê uma atuação conjunta desse porte, mirando promover o Estado para o mundo? 

Acho que é uma institucionalidade muito importante, um diferencial competitivo que o Estado tem. 

Como transformar essa exposição do Estado em negócios concretos com empresas internacionais? 

Ligado ao Horasis especificamente, o que a gente fez foi, pelo menos como Espírito Santo em Ação, identificar os players, os assuntos que estavam sendo discutidos, prestando bastante atenção e conectando com os nomes que estavam lá naqueles painéis e também levando isso pra dentro do ES 500 Anos, que é o plano de Estado que está sendo desenvolvido em conjunto entre o governo do Estado e Espírito Santo em Ação.

Olhando tudo que estava sendo discutido, todos os pontos que a gente poderia inserir dentro do plano, a gente está fazendo essa conexão.

A gente ainda está, obviamente, compilando todas essas informações, mas a ideia é trazer isso tudo para o Plano ES 500 Anos e ver isso tangibilizado no plano de longo prazo do Estado. 

Como o empresário capixaba encara os desafios do ESG? 

Eu acho que são diferentes níveis de impacto que a temática traz. Um dos painéis que eu participei foi o ESG na Cadeia de Suprimentos. E ali você tinha grandes players, a própria Fetransportes participando, outras grandes empresas.

E quando você vai para players que estão atuando internacionalmente, a tendência é de cobrança das práticas ESG de forma mais intensa.

Principalmente se você vai exportar para a Europa, eles vão buscar entender como você está tratando as questões de ESG. E, claro, quanto menor a empresa, essa exigência vai ser diferente. 

Quando você está dentro de uma cadeia, de uma grande empresa, você vai ter que entender de forma prática qual é o impacto, a materialidade da sua atuação, como você gera impacto na esfera ambiental, como você gera impacto na esfera social e desenvolver ações que vão mitigar esse impacto e como isso vai te posicionar para atender a esses mercados globais e players globais. 

Eu acho que a questão ESG impacta diretamente grandes players, como as grandes que a gente tem aqui, Vale, Arcelor, Suzano

 

Num segundo momento, vai impactar diretamente a cadeia de suprimentos dessas empresas, então toda a cadeia de fornecimento no médio prazo vai ter que se adequar e isso não é tomar nenhuma ação mirabolante não.

É entender, fazer o diagnóstico, qual é o impacto que ela gera ambientalmente, qual é o impacto social e, de novo, implantar as ações de mitigação.

Acho que isso tem essa escala diferente para grandes empresas, grandes players que atuam globalmente e as médias empresas que estão na cadeia de suprimentos. 

Você acha que o empresário capixaba está preparado para isso? 

Dizer que todos estão preparados, eu não arriscaria a dizer, mas podemos dizer que o olhar é claro e pragmático para as questões que nós vamos precisar atender.

Acho que existe esse olhar e aí o evento, Horasis, vem para corroborar com isso. Estavam ali vários especialistas do mundo discutindo o assunto e os empresários locais também. A gente teve 1.300 participantes.

O mundo estava aqui e os capixabas estavam olhando para o que estava sendo discutido. Estamos nos preparando para atender a essas exigências. 

 

Como você avalia a importância de adotar os princípios ESG para o desenvolvimento de negócios? 

A depender de com quem você vai negociar, se você está negociando com uma grande empresa internacional, a chance de ela exigir essas práticas vai ser cada vez maior.

Para qualquer segmento e para qualquer tipo de negócio. Diferentes tipos de negócios vão ter diferentes impactos nessa temática.

É principalmente você ter a clara compreensão de qual é o seu impacto, como você está ali se relacionando dentro da questão ambiental e social e fazer as ações de mitigação. 

Fala-se muito sobre o “pratique ou explique”, que é você, a partir do entendimento de qual o impacto que você gera, quais são as ações que você está tomando e se você eventualmente não está tomando, você se explicar no sentido de como está buscando adotar.

Acredito que cada vez mais vai ser exigido e pedido às empresas qual é a política de diversidade, por exemplo.

Eu acho que hoje ainda não é um fator de exclusão, mas no longo prazo isso tende a ser, principalmente para grandes multinacionais, que vão entender como é a sua política de diversidade, como é a sua política de impacto ambiental. 

Como o Espírito Santo em Ação identifica as possibilidades de captação de negócios internacionais? 

De forma prática, a gente não tem uma atuação na atração de investimento, mas a gente entende que, melhorando o ambiente de negócios, que aí está dentro do nosso propósito, dos nossos valores, a gente consegue reverberar na atração de investimento.

No Plano ES 500 Anos, por exemplo, a gente está discutindo com um comitê, questões relacionadas à atração de investimento. 

Naturalmente, eu acho que é muito mais sobre preparar e dar condições em um Estado menos burocratizado, com menos impostos, que permita instalações e receba bem as empresas. Quando você cria esse ambiente de negócio, a atração de investimento acaba vindo. 

Hoje, segundo o ranking do CLP, por exemplo, nós somos o sexto Estado mais competitivo do país, então a gente tem performado bem, principalmente comparativamente a outros estados.

Equilibramos as contas fiscais, criamos um Fundo Soberano que está investindo em startups, em inovação, e também está investindo em projetos ligados ao ESG.

Eu acho que a gente atua muito mais diretamente em preparar as bases de um Estado mais receptivo e mais forte para que o investidor venha. 

A atração de investimento consiste em ir buscar investimento, mas tem também o lado de facilitar a chegada do investimento.

Naturalmente você vai atrás de grandes empreendimentos, de grandes players, mas a cadeia que se forma a partir daquele grande player, por exemplo, acaba vindo para o Estado e vai encontrar um bom ambiente, fértil para desenvolver o negócio.

O ambiente de negócios está relacionado a pessoas com instrução e capazes de atender. Acho que está muito ligado à nossa atuação, a como deixar o Estado mais competitivo de forma mais ampla. 

O que você pensa sobre a segurança jurídica que temos hoje no Estado?

Eu considero o fator institucional, a facilidade que a gente tem das instituições se conversarem e, de forma propositiva, atuarem conjuntamente, como um dos diferenciais competitivos. Eu gosto de falar alguns fatores.

Acho que o ambiente institucional é o nosso custo de você investir aqui, então, por ser um polo logístico, e trazer custos menores para distribuir, por exemplo, mercadorias para o país inteiro.

Esse é um diferencial competitivo que se associa aos incentivos fiscais que são muito fortes aqui, de redução tanto de ICMS quanto incentivos ligados à Sudene. 

O desenvolvimento humano aqui é muito forte e também essa vocação logística internacional que a gente tem. Acho que esses fatores contribuem muito para que o Espírito Santo seja uma potência e talvez um dos melhores destinos para se investir hoje no país. 

Qual o momento do empresariado capixaba hoje? Chegou a hora de novas lideranças substituírem as antigas? 

Eu acho que a hora chega até por uma questão: o tempo passa. A gente teve uma industrialização ali na década de 70, 80 e essas empresas estão passando por uma transição de geração.

Pela questão natural da idade dos fundadores. Sim, essa acaba sendo uma necessidade que as empresas têm, de olhar para a formação dos seus sucessores e de lideranças que eventualmente vão substituir os fundadores. 

Mas, eu acho que institucionalmente, e aí você me permite falar um pouquinho que é a vertente que a gente atua lá no Espírito Santo em Ação, a gente tem trabalhado o fortalecimento de programas que visam a formação de lideranças, e aí não é só lideranças empresariais: também lideranças públicas, lideranças políticas e empreendedores sociais. 

Como que a gente trabalha isso? Hoje temos 22 instituições que fazem parte da iniciativa do Espírito Santo em Ação que é o Be Leader.

A gente fortalece, por meio de apoio, por meio de benchmark, essas instituições para que elas cumpram os seus propósitos. E a gente tem se aproximado muito delas para que elas se fortaleçam. 

Um dos desafios é preparar essas lideranças para a temática de sustentabilidade, que vai ser cada vez mais recorrente e permanente dentro dessas instituições.

 

Acho que não só as empresas precisam se preparar e trabalhar esse processo de formação de liderança, mas as instituições.

A gente tem isso, tem esse cenário, você vê as federações sendo renovadas, o próprio Espírito Santo em Ação faz esse processo a cada diretoria, então a gente preparar novos líderes para assumir essas posições vai ser fundamental, porque senão a gente vai ficar sempre dependendo dos mesmos líderes. 

Quando a gente vai formando esses líderes, cada vez mais você tem a possibilidade de que eles ocupem posições diferentes e que eles, eventualmente, até criem novas instituições e fortaleçam esse ambiente institucional dentro do Espírito Santo. Essa é uma vertente que a gente olha com muito carinho dentro do Espírito Santo em Ação.

Como é a relação do Espírito Santo em Ação com governos hoje? 

Muito positiva. Com relação ao governo do Estado, a gente acabou de realizar o evento Horasis, que foi um empreendimento de três meses, trabalhando de forma muito cooperada.

Fica aqui, inclusive, o agradecimento a todos que participaram dessa organização. Acho que os resultados foram muito positivos. 

A gente está trabalhando também, paralelamente, o ES 500 Anos. governo do Estado e Espírito Santo em Ação trabalhando juntos, a visão de longo prazo para o Estado. E nos municípios, a gente tem uma atuação muito positiva via rede empresarial. São 13 associações que fazem parte.

Nessa eleição municipal, por exemplo, 11 fizeram diálogos com candidatos mais bem posicionados. Entrevistamos, conversamos, dialogamos com 37 candidatos. 

A gente quer estar em todo o Estado e fazer com que projetos estruturantes, como a escola de tempo integral, por exemplo, cheguem aos municípios de uma forma muito clara, muito objetiva e com uma governança que é o que a gente faz muito bem via setor empresarial.

Por meio da rede empresarial, a gente acaba dialogando com as prefeituras e temos uma relação muito republicana com o governo do Estado. 

O que o Espírito Santo oferece de oportunidades para o meio empresarial? 

Acho que as grandes oportunidades acabam sendo, principalmente, quando você olha para as políticas de atração de investimento.

O Espírito Santo tem incentivos fiscais que são muito fortes para a distribuição, para a importação e para a instalação de empreendimentos, o Compete, o Invest e o Fundap. Esses incentivos fortalecem muito o desenvolvimento. 

Isso só é possível para um Estado que tem as contas equilibradas, porque, de certa forma, você concede um incentivo, você tira parte da receita que viria do Estado e concede isso enquanto incentivo.

Você ter as contas equilibradas e uma governança para que as políticas ligadas às contas continuem equilibradas é fundamental. 

Nós somos nota A no Tesouro Nacional, acho que desde quando o ranking foi criado. Já tem mais de 10 anos e somos o único Estado que tem essa característica.

Esse é um fator de competitividade que a gente tem que ter o olhar sempre muito atento e uma governança muito forte para que as políticas fiscais continuem mantendo essa nota A.

Quando você vai para estados vizinhos, por exemplo, você vê que tem alguns com problemas com relação a isso. Talvez esse seja um dos principais mecanismos de atração de investimento. 

A outra facilidade são justamente os equipamentos logísticos e portuários. Temos portos, o maior porto de exportação de celulose, o maior porto de exportação de minério de ferro. Isso, o complexo portuário de Vitória, como um todo, permite também você trazer negócios que vão assessorar a cadeia desses produtos.

Acho que eu colocaria esses dois aspectos aí, a questão logística e o incentivo fiscal, como um forte fator de atração de investimento. 

Quais são as áreas com maior potencial hoje no Espírito Santo? 

A questão da logística vai crescer muito. Você tem o ramal ferroviário que está sendo trabalhado até Ubu, por exemplo, a F-118.

Tem o porto da Imetame, onde haverá  diversos players que vão precisar de armazém logístico, de transportadora, de serviços ligados à logística. Essa é uma área que tende a crescer muito.

Fala-se do contorno da Serra do Tigre, para trazer mais cargas aqui para o Estado, escoar grãos também e isso tende a potencializar a nossa economia.

Eu conversei com a Vports, por exemplo, e ela entende que os grãos tendem a ser um grande investimento que o Estado pode fazer ou uma atração de investimento que pode acontecer muito ligada a isso. 

Fazendo conexão também com a questão do ESG, a gente pode também trazer investimentos, hidrogênio verde, investimentos em energias renováveis.

O Estado também tem incentivos ligados a essa atuação e o Bandes tem linhas específicas que miram esse segmento. Acho que são áreas que tendem a fortalecer ainda mais o nosso Estado. 

Como a classe empresarial capixaba se prepara para tocar os negócios e para aproveitar essas oportunidades? 

Acho que uma forma de todos se prepararem bem é por meio, por exemplo, do associativismo, de você fazer parte de associações que vão fortalecer ali o seu ecossistema, o seu município, o Estado.

A gente tem diversas novas iniciativas, acho que não cabe aqui listar todas elas, mas se me permite uma delas, o núcleo do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) foi recentemente aberto aqui no Estado, então a gente está trazendo o debate das boas práticas de governança corporativa. 

Acho que o mundo está cada vez mais dinâmico e a gente precisa se preparar para essas novas tendências.

 

Lembro que participei de um evento do IBGC e um dos convidados foi o líder de inovação da Embraer.

Ele citou a ambidextria organizacional, de você ter a capacidade de olhar para o seu negócio e melhorar a eficiência operacional, mas de também ter estrutura capaz de inovar, muitas vezes até matar, eventualmente, algum produto, algum serviço que você fez a partir de inovações disruptivas. 

Tem um conceito que é “run the business”, que você vai melhorar a forma como você faz as coisas, e “change the business”, o que você vai mudar e alcançar outros patamares.

Acho que o empresariado capixaba deve, pelo menos eu faço dessa forma, participar dessas discussões. É muito sobre capacitação. 

Qualquer negócio é sobre pessoas.

 

A base das empresas naturalmente precisa ser a formação de pessoas, mas os líderes também têm que ser, têm que liderar e fazer o papel de sempre buscar capacitação, sempre buscar o inconformismo do conhecimento que já está posto para que eles possam alcançar patamares melhores de conhecimento e de liderança. 

Fica o convite para que participem de todas essas iniciativas que estão sendo feitas. A gente recebeu recentemente um guru da gestão, que foi o Ram Charan, que falou para um público capixaba sobre gestão.

Um dos principais nomes da gestão esteve aqui no Estado. A pergunta para o empresariado capixaba: participaram, tiveram a oportunidade de ouvir um dos maiores gurus de gestão que veio aqui? Acho que é isso.

Estar atento às oportunidades, se preparar, se capacitar para você ser capaz de acompanhar as necessidades e dinâmicas do mercado, que cada vez mais vão ser mais rápidas e mudar de forma mais consistente. 

Gabriel Feitosa é diretor de Lideranças do movimento empresarial Espírito Santo em Ação, fundador da Emeg e associado honorário do Líderes do Amanhã.

Veja abaixo a entrevista completa:

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