Encontrar oportunidades no meio da crise, ampliando o cardápio de produtos e serviços. É o que tem feito pequenos empresários capixabas para enfrentar a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Sebrae, no mês passado, um em cada quatro pequenos negócios no Espírito Santo resolveu se adaptar ao mercado.
O levantamento apontou que 26% das empresas do estado mudaram ou ampliaram a linha de produtos e serviços, em agosto, por causa da pandemia. O percentual cresceu na comparação com o mês anterior, quando 12% dos empresários haviam adotado tal estratégia.
“O mercado consumidor mudou nesse período de pandemia. Muitos negócios, muitos serviços, que antes tinham uma certa demanda, tiveram uma demanda diferenciada nesse momento. Os empresários tiveram que fazer essa readequação. Eles tiveram que se reinventar para atender a um novo perfil de consumidor que surgiu por conta da pandemia”, destacou a gerente de acesso a crédito do Sebrae no Espírito Santo, Alline Zanoni.
Foi o que fez o fotógrafo Bruno Lopes Reis, que exerce a profissão há 14 anos. Desde então, ele se especializou em fotografar eventos. No entanto, com o início da pandemia, viu ruir a carreira que construiu com tanto esforço.
“Inicialmente, no pré-pandemia, eu trabalhava exclusivamente com eventos. Eu não atuava em outra área da fotografia. Na falta dos eventos — sociais, corporativos, de festas em geral —, eu me vi perdido”, contou.
Com o passar do tempo, Bruno se reinventou. Em vez de casamentos e festas de forma geral, passou a fotografar pratos produzidos por restaurantes ávidos pelo delivery.
As lentes da câmera de bruno também se voltaram a outro setor, completamente diverso: retratos corporativos, ou seja, profissionais que precisam divulgar fotos em lives, reuniões e encontros virtuais de negócios. “Foi a forma que eu enxerguei de captar cliente e renda nesse momento de crise”, frisou.
Outro caso é da esteticista Jaqueline Bello. Exercendo a profissão há dez anos, ela sempre complementou a renda da família. No início da quarentena, o marido perdeu o emprego e ela precisou assumir as contas da casa. Para isso, multiplicou a oferta de produtos e serviços ao atender às clientes.
“Comecei a atender em domicílio e prestar serviços a salões. E minha prima também me ofereceu produtos de chá que estão na moda, chá detox, por exemplo. Então eu comecei a oferecer esse tipo de trabalho também e pegar roupa para vender”, contou.
Dessa forma, Jaqueline transformou, por conta própria, um ano difícil no melhor ano da vida. Além de vender chás, biquínis, roupas e doces, e também de fazer unhas, sobrancelha, massagens e dar cursos, ela faz faculdade de Farmácia pela manhã e cuida das três filhas.
“Para mim, foi um divisor de águas, porque eu vi um ano difícil e transformei em um ano bom. Foi um ano em que fiz cursos, tive oportunidades, foi um ano em que estou sendo reconhecida no mercado. Eu me reinventei, descobri uma força que eu não achei que tinha”, afirmou.
Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV