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Após frustração, Victor chega fortalecido à seleção brasileira

O goleiro reconheceu que não disputou o Mundial de 2010 porque não tinha feito o suficiente. Para Victor, disputar uma Copa que vai trazer Casillas e Buffon é um privilégio

Teresópolis – Convocado para a seleção após uma disputa acirrada com o goleiro Diego Cavalieri, do Fluminense, e impulsionado pela campanha do Atlético-MG no título da Libertadores em 2013, Victor deixou para trás a frustração de ter ficado fora da lista de Dunga na Copa 2010. Ele tinha sido chamado pelo então técnico da seleção para a Copa das Confederações de 2009 e acreditava que seu nome estivesse naquela relação para ir à África do Sul. Agora, mais experiente, diz que está pronto para servir o time de Luiz Felipe Scolari, embora tenha à sua frente os outros dois goleiros: o titular Julio Cesar e Jefferson.

“No dia da convocação de 2010, eu tinha um jogo pelo Grêmio (contra o Santos), no Olímpico. Fui avisado da concentração da equipe (atuava no clube gaúcho na época) e fiquei mal. Minha cabeça rodou”, conta Victor. “Naquele mesmo dia, eu me reergui, graças ao apoio da torcida do Grêmio. Quando entrei no gramado para fazer o aquecimento, a torcida veio abaixo. Eles gritavam o meu nome, cantavam aquele refrão que termina em seleção (“Victor é seleção”). Aquilo mudou tudo, eu me senti outro.”

Nesta terça-feira, na Granja Comary, ele repetiu parte do que dissera em entrevista na semana passada. Reconheceu que não disputou o Mundial de 2010 “porque não tinha feito o suficiente”. Agora, a motivação é maior. Tanto que ele diz que não se preocupa com a preferência de Felipão pelos outros dois goleiros da seleção. “Não penso nisso. Fazer parte do grupo já é uma vitória. Estou preparado para qualquer situação. Até porque as oportunidades aparecem quando menos se espera. É inegável o sonho de jogar. Mas em primeiro lugar está o título de campeão.”

Para Victor, disputar uma Copa que vai trazer Casillas e Buffon, entre outros grandes da posição, é um privilégio. Ele acredita que a competição que começará em 12 de junho será marcado como o Mundial dos goleiros e não dos atacantes. “A preparação dos goleiros avançou muito, hoje está mais sofisticada, com base científica, avaliações físicas mais específicas, na área de fisiologia também um trabalho direcionado.”

Victor credita a Felipão uma capacidade ímpar de motivar e cobrar ao mesmo tempo, sem deixar que o ambiente se deteriore. “Ele sabe a hora de esticar a corda e sabe também o momento de descontrair. Sua bagagem faz diferença”, avaliou o goleiro.

Quando Felipão anunciou a lista em 7 de maio, Victor vivia expectativa diferente da que passou em 2010. Lá atrás, achava que estaria na lista. Desta vez, disse ele, preferiu não pensar muito no que viria. Estava em casa com parentes e amigos, assistindo à TV. Soube minutos antes que o anúncio dos 23 nomes se daria por ordem alfabética.

No momento em que Felipão começou a ler a lista com os convocados para a sua posição, ouviu o primeiro nome, Jefferson, e então uma gritaria tomou conta da sala de sua casa. Como ele disputava vaga com Diego Cavalieri, ficou claro que agora a segunda chance não escaparia. A “explosão” veio em segundos, com o treinador divulgando seu nome.

“Difícil descrever aquilo tudo. Um sonho realizado, todo mundo chorava em casa, o telefone não parava de tocar, mensagens chegavam de todos os lados. Mas isso já passou. Agora, é olhar pra frente e treinar, treinar, treinar, dar o máximo”, afirmou o goleiro de 31 anos.