Eliminado nas quartas de final do Campeonato Capixaba, o Atlético de Itapemirim vive a dura realidade de muitos clubes do futebol capixaba, que dependem do dinheiro da prefeitura para honrar seus compromissos e manter suas atividades. Sem conseguir receber a verba de patrocínio da Prefeitura de Itapemirim, o Galo da Vila viu os 26 jogadores de seu elenco irem embora sem verem a cor do dinheiro.
Os atletas foram contratados no início do ano e tinham vínculo até o final do campeonato. O que eles não esperavam é que se despediriam do clube sem receber um mês sequer de salário.
O motivo do problema, segundo o presidente do Atlético-ES, Armando Zanata, são dívidas trabalhistas que o clube acumulou ao longo dos últimos anos e que fizeram com que a Justiça determinasse um bloqueio de R$ 280 mil nas contas do time. Com isso, o repasse da verba da prefeitura, referente ao patrocínio, ainda não pintou nos cofres do clube.
“Contratei os 26 jogadores com responsabilidade, contando com o dinheiro da prefeitura, que é nossa única fonte de renda. Mas por causa de ex-presidentes irresponsáveis, que não arcaram com seus compromissos, estamos com esse bloqueio judicial e, com isso, a prefeitura não consegue fazer o repasse. Não é culpa do prefeito, que autorizou o repasse, e também não é minha culpa, que cheguei no dia 2 de janeiro e até agora não recebi nenhum dinheiro”, alegou Zanata.
Segundo o presidente do Atlético, o convênio com a Prefeitura de Itapemirim prevê um repasse total de cerca de R$ 800 mil ao clube. O valor é pago em quatro parcelas de R$ 200 mil. No entanto, de acordo com Zanata, a primeira parcela ainda não pôde ser paga.
“Paguei R$ 59 mil do meu próprio bolso para conseguir as certidões negativas junto à prefeitura e, dessa forma, receber o dinheiro do patrocínio. Mas a prefeitura se deparou com esse bloqueio judicial e não pôde fazer o repasse. Esperamos que haja um acordo dos credores com o advogado do clube para que esse dinheiro possa entrar em nossas contas e, dessa forma, honremos todos os compromissos”, frisou o presidente, que informou que a folha salarial do clube gira em torno de R$ 100 mil.
A reportagem do Folha Vitória entrou em contato com a Prefeitura de Itapemirim para comentar o caso, mas, até o fechamento desta matéria, a demanda ainda não havia sido respondida.
Caça-Rato
Um dos atletas que sofreu na pele com as dificuldades financeiras do Galo da Vila foi o experiente atacante Flávio Caça-Rato, que teve passagens marcantes por clubes como Sport e Santa Cruz, ambos de Pernambuco. De volta a Recife, onde mora com a família, Caça-Rato lamentou a situação do time capixaba.
“Nunca havia passado por uma situação como essa, de ficar três meses sem receber salários. Nem mesmo no Remo, onde joguei dois meses e só recebi um, a situação foi tão complicada. Todos nós temos contas para pagar, mas graças a Deus eu tive de onde tirar. Fico triste mais pelos meus companheiros, já que muitos ficaram em situação difícil, sem receber”, afirmou o atacante, que chegou em fevereiro e tinha contrato até o final de abril.
Apesar das dificuldades, o jogador garantiu que confia na direção do clube para resolver o problema e elogiou o grupo com quem trabalhos nos últimos meses. “Gostei muito de jogar o estadual. O grupo é sensacional, conseguimos superar todas as dificuldades. Não vou culpar o Zanata pelo que aconteceu. Ele deixou bem clara a situação, mas disse que vai pagar todo mundo”, ressaltou.
Atualmente sem clube, Caça-Rato diz que, no momento, a prioridade é aproveitar a família, mas garante que já recebeu algumas sondagens. “Pretendo me reunir com meus empresários em breve e definir meu futuro”, completou.