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'Baía de Guanabara nunca foi prioridade dos governos', diz gerente do Rio-2016

Rio

Uma das principais responsáveis por temas ambientais na Olimpíada, a gerente geral de Sustentabilidade, Acessibilidade e Legado dos Jogos do Rio-2016, Tania Braga, disse nesta segunda-feira que “a questão da Baía de Guanabara nunca foi prioridade dos governos” e que os Jogos do Rio são o único grande evento já realizado na cidade a se preocupar de fato com as condições da água.

Indagada sobre o fracasso no projeto de despoluir a baía, Tânia declarou que “teve a Eco-92, a Rio+20, o evento do papa” e nenhum deles se preocupou de fato com o tema. “A baía não é uma prioridade do Rio, nem do Brasil. Essa questão não é prioridade dos governos. Teve a Eco-92, a Rio+20, o evento do papa. O único a se preocupar com a questão da baía foram os Jogos Olímpicos”, disse a gerente.

Tânia considera que “o saldo ambiental dos Jogos é muito positivo”. Para ela, “a imprensa fala muito em água”, mas há outras questões relativas ao tema que não são levantadas. “A gente avançou muito em mudanças climáticas e em gestão ambiental do evento. Trabalhamos com 33 cooperativas de catadores de forma profissional. Eles tiveram um empoderamento. São profissionais e recebem por isso. Não é assistencialismo”, exemplificou.

Segundo ela, até dezembro do ano passado as atividades envolvendo os Jogos do Rio já haviam proporcionado uma quantidade de reciclagem maior do que a realizada na Copa do Mundo de 2014. “Não é questão de querer que uma coisa compense a outra. Vamos usar os Jogos para avançar quanto pudermos”, sustentou.

Segundo o Comitê Rio-2016, a realização dos Jogos Olímpicos deve representar a emissão de 4,5 milhões de toneladas de carbono – considerando todo o processo, incluindo a construção das instalações olímpicas. O número é maior do que o previsto em 2013, que era de 3,6 milhões de toneladas, mas a intenção da entidade é que a emissão seja balanceada através de projetos realizados com a Dow, uma das empresas parceiras dos Jogos do Rio.

“Nenhuma atividade humana pode dizer que neutraliza as emissões. A gente tem que ser honesta e dizer que queremos balancear as emissões. Nosso objetivo não é fazer zero a zero. Trabalhamos com cinco mil fornecedores, não dá para garantir que todos passaram rigorosamente todas as informações”, comentou Tânia.

Segundo ela, o relatório final com as emissões de carbono na Olimpíada será divulgado em janeiro do próximo ano, e a expectativa é de que ele fique um pouco abaixo da projeção de 4,5 milhões.