O ultramaratonista capixaba Carlos Gusmão entrou para a história no último final de semana ao completar a Spartathlon, uma corrida de 246 km entre as cidades de Atenas e Sparta, na Grécia, em 32h12min. Gusmão ficou em 53º lugar na classificação geral e foi o segundo melhor brasileiro mais bem colocado na prova, atrás do brasiliense Fabio Rodrigo Machado, que ficou em 11º lugar com o tempo de 27h58min44seg. Além do capixaba, apenas outros sete brasileiros entraram para a história ao conseguiram concluir a Spartathlon.
Na edição deste ano, o Brasil contou com a participação de sete atletas, mas somente quatro conseguiram finalizar o percurso. Além de Carlos Gusmão e Fábio Rodrigo Machado, os demais brasileiros foram: o paulista Ariosvaldo Branco, na 93º colocação, com o tempo de 33h32 min e a paulista Claudia Souto, que se tornou a primeira mulher sul-americana da história a completar a Spartathlon com 35h33min.
O italiano Ivan Cudin foi o vencedor da 32ª edição em 22h29min, seguido do alemão Florian Reus em 23h57min e do polônes Andrzej Radzikowski em 25h49min. Dos 359 participantes, apenas 207 concluíram a prova.
Largamos às 7 horas com chuva, mas por volta do km 40 começou a fazer um sol muito forte e comecei a sentir náuseas, precisando diminuir o ritmo próximo do km 70. No posto de controle do km 80, precisei parar e fazer massagem porque as pernas estavam travando. Comecei a me recuperar na prova quando a noite chegou e junto veio o frio e o Monte Pireus, onde Rei Leônidas lutou por Sparta na Batalha dos 300.
Suportar o frio e as dores musculares passou ser uma questão de honra, pois não poderia desistir do meu sonho de me tornar um soldado do Rei Leônidas. Quando amanheceu o dia, estava no km 189 com 24 horas de prova e a confiança de que completaria a prova me fez aumentar o ritmo e alcançar alguns outros corredores exaustos. Eu passava e dizia Good Luck, desejando boa sorte aos companheiros, que assim como eu, sofriam naquele momento.
Ao chegar no km 222, começamos a descer a montanha rumo a Sparta. Descidas íngremes machucavam meus joelhos e as fortes dores faziam minhas pernas travarem. Eu não tinha mais forcas para correr e passei a caminhar e lutar contra o sofrimento. Faltando 24 km para a chegada, não podia desistir nesse momento. Pensei em Deus, nas pessoas que me ajudaram a chegar ate ali, nos amigos, na família e em tudo que havia feito para chegar até ali. Aquele era o meu caminho e nele deveria seguir. Isso fez tirar forcas de onde não tinha e quando passei pelo posto de controle informando que faltavam 2,4km comecei a correr feito um louco como se não tivesse feito nada. Só imaginava ver a estátua do rei Leônidas e as lágrimas me escorriam aos olhos. Ao concluir a prova em 32h12min, cheguei aos pés do Rei Leônidas, beijei a estátua e me tornei um soldado SPARTANO.
Agradeço a todos os capixabas que torceram por mim nesta difícil missão de conquistar Sparta!!
A Spartathlon
O percurso de 246 km, entre as cidades de Atenas e Sparta, se equivale a quase seis maratonas e tem que ser completado em menos de 36 horas. A Spartathlon é uma ultramaratona tradicional que tem como objetivo repetir os passos de Pheidippides, um mensageiro ateniense enviado a Esparta no ano 490 a.C. para buscar ajuda contra os persas na Batalha de Maratona. Ele teria chegado a Esparta um dia depois de sua partida. Segundo a história, foi esse evento que deu nome à prova mais clássica das Olimpíadas, a Maratona.
A corrida começa às 7 horas, geralmente na última sexta-feira de setembro de cada ano. Ao longo dos 246 km, os corredores devem passar por 75 postos de controle e cada ponto tem um horário de corte. Os atletas que não cumprem o tempo do corte podem ser retirados da corrida.
Para poder participar nesta corrida é necessário que o atleta cumpra ao menos um dos requisitos:
– Terminar uma corrida de pelo menos 100 km em menos de 10 horas e 30 minutos.
– Ter participado de um evento de mais de 200 km e completar todo o percurso.
– Ter participado da Spartathlon e ter alcançado o posto de controle Nestani (172 km) em menos de 24 horas e 30 minutos.
Carlos Gusmão é o único atleta capixaba que possui esses requisitos e foi aceito para estar entre os escolhidos para colocar o nome do Espirito Santo, mais uma vez, entre os atletas mais resistentes do planeta. Em 2013, o ultramaratonista capixaba foi o melhor brasileiro na prova mais extrema do planeta ao completar a Badwater no Deserto do Death Valley em 38h11min.
2 Replies to “Missão dada é missão cumprida: Capixaba é o 2º melhor brasileiro na ultramaratona Spartathlon e se torna um soldado espartano na Grécia!”