Reportagem Especial: Alissandra Mendes | Folha Cachoeiro
Aos 71 anos, o maratonista Valdemir de Matos – que sempre demonstrou determinação e superação ao participar de corridas –, dá um novo exemplo de vida. Há exatos um ano e 46 dias, ele foi agredido pelo próprio filho, e desde então luta para voltar a ter uma vida normal. Mas, engana-se quem acredita que isso tenha feito com que ele desistisse de correr.
Em plena recuperação, Valdemir já faz planos para voltar para as maratonas. Com uma lesão neurológica, o maratonista segue fazendo fisioterapia e já demonstra melhoras em seu quadro de saúde. “Ele ainda não pode andar, mas está bem, conversa normalmente e reconhece as pessoas. Aos poucos está voltando, é uma questão de tempo. Ele está se superando a cada dia”, explica Maria Luiza, filha do maratonista.
É ela quem cuida do pai diariamente, enquanto a mãe, que é professora, sai para trabalhar. “Ele fala muito de voltar a correr. A vida dele sempre foi correr. Mas, para isso, a recuperação ainda depende de alguns fatores. Tudo tem que ser feito no tempo certo e não temos uma data para que isso aconteça, mas o desejo dele é voltar sim”, explica a filha.
Agressão – Há 20 anos participando de maratonas, Valdemir conquistou várias medalhas nas diversas competições e ficou bastante conhecido entre os amantes do esporte. Todos os dias, o maratonista era visto treinando pelas ruas de Cachoeiro e conquistou o respeito não apenas de outros maratonistas, como também de todos os cachoeirenses, que sempre admiraram sua determinação.
No dia 11 de março de 2016, a carreira foi interrompida de forma triste. Valdemir foi agredido pelo filho mais velho, Júlio César da Cruz de Matos. Ele teve um surto e exigiu que o pai arrumasse dinheiro. Como se negou, o filho – usuário de drogas –, atirou uma pedra, que atingiu a nuca do maratonista. Ele estava próximo à escada da residência, perdeu o equilíbrio e caiu.
O fato ocorreu dois meses antes da passagem da Tocha Olímpica por Cachoeiro, e o maratonista tinha sido escolhido como um dos condutores. Nem mesmo sua condição de ocasião o impediu de percorrer o trecho determinado pela organização do evento. Em uma cadeira de rodas e com a ajuda da esposa, Valdemir emocionou o público que o acompanhou por 200 metros transportando o símbolo maior das Olimpíadas.
O caso da tentativa de homicídio ainda não foi julgado pela Justiça e o filho de Valdemir permanece preso pelo crime.