Em entrevista, a profissional contou um pouco como tem sido esta experiência na sua vida.
Você é a mais nova treinadora de Futebol no Estado do Espírito Santo. Esse é um sonho se realizando? Como foi até chegar aqui?
Eu formei na Ufes no ano de 2021. Um pouco antes da pandemia, eu comecei a participar dos treinamentos de futsal que a Grupa ofertava para as mulheres da comunidade universitária. Naquela época eu participava das sessões de treinamento enquanto atleta. Lembro que a forma como o treinamento era planejado e também a intervenção da comissão técnica diante as atividades propostas, me cativaram e aos poucos fui me interessando pelo treinamento. As meninas da comissão técnica foram peças-chave nesse processo. Sempre me apoiaram e incentivaram, além de toda a paciência que tinham comigo, principalmente quando decidi ingressar na comissão técnica do time. Mas, num primeiro momento, o desejo pela carreira de treinadora se restringia apenas ao Projeto de Extensão. Foi quando iniciei a minha pesquisa de mestrado que esse desejo se aflorou de forma mais intensa. Ingressei na Overtime Academy para acompanhar os treinos do time feminino. A partir daí, com o auxílio, apoio, paciência e confiança do Thiago Antunes, nossa liderança naquele local, e dos demais professores responsáveis pela condução dos treinos, pude começar a sentir e viver um desenvolvimento profissional gigantesco. E isso permitiu que eu fosse aos poucos perdendo a insegurança. Hoje, sinto que ainda estou num processo de construção da minha identidade profissional, tem muito caminho pela frente.
O que você espera da sua primeira competição oficial, que será a Copa da Independência de Fut7 Feminino?
Espero que as atletas se divirtam, que consigamos aprender com essa experiência e possamos avaliar aquilo que precisa ser mais enfatizado nos próximos treinos. É a primeira competição oficial tanto para mim – enquanto técnica -, quanto para algumas delas. Desejo estabelecer novos vínculos, sentir o ambiente e aprender com os demais profissionais que estarão presentes no evento. A vitória é algo que almejamos muito. Nós entraremos em campo com a sede de bons resultados, afinal, ninguém entra em uma competição esperando perder rsrs, mas acredito que somente os resultados dos jogos não mensuram ou traduzem a totalidade da competição.
Como você se sente para este desafio?
Ainda sinto que estou em processo de formação. Mas perceber que os demais companheiros de equipe confiam em mim, me garante um sentimento de segurança e calmaria.
E o que você diria para outras meninas mulheres que querem seguir carreira como treinadoras?
Eu diria que apesar de sermos ensinadas a desconfiar de nossa capacidade e muitas vezes duvidar de nossa própria competência, nós somos capazes. O futebol brasileiro é um universo relativamente masculino. Poucas são as mulheres que conseguem ocupar cargos de liderança e, quando acessam esses espaços, são constantemente colocadas à prova. No entanto, a mudança dessa triste cultura só depende de nós. Assim como existem muitos espaços cobertos de machismos, existem muitos outros de portas abertas para nos receber, nos fazer crescer enquanto seres humanos e profissionais.
A Copa da Independência de Fut 7 Feminino tem o apoio da GRUPA, EskaLa Group e OVT Academy, e será realizada no campo soçaite da UFES, em Vitória. Toda as rodadas serão realizadas com o primeiro jogo às 9h e o segundo jogo, às 10h da manhã.