Paralimpíadas começam em dois meses, e atletas estão com ritmo forte para garantir medalhas para o Brasil

Além do treinamento, os competidores estão de olho nas tecnologias assistivas para PCDs, que são importantes para que disputem o pódio em alto nível

 

Faltam apenas dois meses para o início das Paralimpíadas de Paris 2024, a maior competição paradesportiva do mundo e que reúne a cada quatro anos, desde 1948, esportistas com alguma deficiência. Neste ano, os jogos ocorrem de 28 de agosto a 8 de setembro. A expectativa do Comitê Paralímpico Internacional para esta edição é reunir cerca de 4,4 mil paratletas. No Brasil, o comitê local espera enviar 250 competidores de diferentes modalidades. Vários deles e delas já estão com vaga garantida. Por isso, a preparação segue forte, inclusive com foco nas tecnologias assistivas para PCDs e que são fundamentais para eles.

Até o final de maio deste ano, segundo o Comitê Paralímpico Brasileiro, 167 competidores haviam se classificado para os jogos de Paris. Uma delas é a nadadora Mariana Gesteira, que treina na cidade de Vitória (ES). Ela garantiu três vagas individuais: nos 50 e nos 100 metros livre, além dos 100 metros costa. A atleta ainda espera a convocação para a equipe que vai disputar medalhas nos revezamentos.

Mariana já vêm com ritmo de treinos intenso, especialmente neste ano, para disputar as medalhas na França. Perto dos jogos, contudo, a preparação está cada vez mais específica. “Estamos focados para as provas de nado para as quais consegui classificação. Tenho feito trabalhos anaeróbicos e conto os dias que faltam para chegar os jogos, pois isso é uma estratégia para me manter presente no que eu faço e assim colher bons frutos”, afirma.

Pedalando até a Torre Eiffel

Sobre duas rodas, Sabrina Custódia, que treina em São Paulo, também garantiu vaga para disputar medalhas na França. Ela compete no paraciclismo de estrada e de pista. Há poucas semanas do início das Paralimpíadas, o ritmo de treinos só aumenta para Sabrina. Isso porque ela também está em processo de recuperação após uma lesão que sofreu na clavícula no início do ano, e, por isso, houve necessidade de realizar uma cirurgia.

“Eu fiquei algum tempo sem treinar por conta da cirurgia. Tive que operar e colocar uma placa na clavícula. Agora é que estou praticamente voltando e os treinos estão bem intensivos. Aumentou muito mais do que era o normal, para que eu possa chegar bem e com tempo próximo do que eu fazia ou até melhor. Por isso, meus treinos acontecem a semana toda, de segunda a sábado ou até de segunda a segunda. Estou focada tanto nos treinos de pista e de estrada, assim como em fortalecimento”, explica.

Todo cuidado com os equipamentos

Vários atletas precisam de tecnologia assistiva para treinar e competir. É o caso de Mariana, que usa cadeira de rodas e uma scooter para ir aos treinos. A nadadora nasceu com a Síndrome de Arnold-Chiari, uma má formação no cérebro que pode causar dificuldade de equilíbrio, de coordenação motora e problemas visuais. Por isso, utiliza os equipamentos para locomoção. E ela está atenta a isso para que não tenha problemas com os componentes nos dias de competição. “É bem difícil ficar sem a scooter e a cadeira quando acontece algum problema com elas. Por isso é importante ter a manutenção preventiva. Só eu sei como é a minha perna [forma como ela se refere a scooter]. Então eu preciso dela em tempo integral”, explica.

Antes das Paralimpíadas, Mariana deve levar os componentes para revisão em uma das clínicas da Ottobock, empresa alemã que também atua no Brasil e que fornece os equipamentos tanto de Mariana quanto de Sabrina. Thomas Pfleghar, diretor técnico de academy da empresa na América Latina, diz que as manutenções são essenciais. “Com o aumento da complexidade de sistemas mecânicos e eletrônicos, a manutenção é mais complexa também. Atualmente, no Brasil, conseguimos entregar esse atendimento com qualidade aos atletas, o que contribui para sua rotina e suas competições, pois eles precisam de agilidade”, afirma.

Sabrina já fez a manutenção de suas próteses antes dos Jogos Paralímpicos. Ela teve parte da perna direita amputada após ter sofrido uma descarga elétrica (quando também perdeu as mãos). Por isso, utiliza componentes de membros inferiores. “Eu deixo uma prótese para treinar e outra apenas para competir. Uma ou duas semanas antes dos jogos eu a uso para ver como está. Está tudo certo no momento, mas caso precise procuro uma clínica”, afirma. A empresa mantém clínicas em oito cidades do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Salvador. “Isso torna abrangente a cobertura para os paratletas que recebem o apoio com próteses, cadeiras de roda e scooters para treinar e competir”, explica Thomas.

De acordo com o diretor, para os equipamentos serem indicados a um atleta de alto rendimento, sempre são analisadas as necessidades de cada um no dia a dia, para que tenham bem-estar, autonomia e tecnologia de ponta para conquistar títulos e medalhas. “Ainda que não sejam membros humanos, são equipamentos que podem reunir características inspiradas na rotina de um ser humano sem deficiência. Por isso são fundamentais aos paratletas de ponta como a Sabrina e a Mariana”, diz.

Foto: Mariana Gesteira/ Divulgação

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