A capixaba Isabelly Chaves de Oliveira fez história nos Jogos da Juventude ao conquistar a primeira medalha de ouro da prova de potência no ciclismo. A prova foi uma novidade desta edição dos Jogos da Juventude, que acontece em Ribeirão Preto (SP). E logo em sua primeira experiência, Isabelly garantiu seu nome na história. Com alguns detalhes que deixam a sua conquista ainda mais especial.
O primeiro deles é que, até então, ela nunca havia feito um teste semelhante. Já o segundo detalhe é que essa não foi a única medalha da Isabelly em Ribeirão Preto. Ela ainda foi bronze na prova mista de potência, junto com Rodrigo Coelho. E garantiu mais um bronze na prova de velocidade, com uma bike emprestada.
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“Eu nunca tinha feito teste de potência! Foi ali na hora mesmo!”, contou Isabelly, 17 anos, aluna da EEEMF Francelina Carneiro Setúbal, de Vila Velha, e ciclista da Shark Bike Team, onde treina com o treinador Leonardo Pertence.
“A sensação de ganhar a medalha de ouro é maravilhosa! Eu, normalmente, choro. Mas dessa vez eu fiquei estática. Nem acreditei! Foi a minha primeira medalha de ouro aqui”, vibrou a campeã.
Veja o vídeo da prova de potência que valeu o ouro:
Isabelly participou pela última vez dos Jogos Escolares. Aos 17 anos, ela encerra sua história na competição com quatro medalhas: além das três conquistadas este ano em Ribeirão Preto, ela tem uma prata na prova de velocidade da edição do ano passado, em Aracaju (SE).
De todas as lembranças, o que vai ficar marcado pra sempre é o nome na história como primeira campeã da prova de potência.
“Foi a primeira vez que teve essa prova e eu consegui fazer história para o Espírito Santo”, comemorou.
Ex-nadadora e bicicleta emprestada
Se hoje Isabelly já pode ser considerada uma das promessas do ciclismo nacional, e não apenas estadual, há alguns anos ela conquistava medalhas em outra modalidade bem diferente: a natação. Ela nadou e competiu nas piscinas até os 13 anos, quando decidiu trocar de modalidade, incentivada pelo professor Aloyr da Silva Gomes, que a descobriu no Colégio João Calmon, em Vila Velha.
“Eu tenho medalhas da natação. Aos 13 anos, eu parei porque achei que o ciclismo começou a ficar sério. Eu não conhecia ninguém que fazia ciclismo, fui pela orientação do professor mesmo, mas gostei muito daquilo”, lembra.
O antigo professor conta que o biótipo da aluna e a forma como ela vencia as adversárias na piscina chamaram a sua atenção.
“Ela tinha pernas grossas. Eu a vi nadando e ela tinha muita força nas pernas. Ela ganhava das meninas pela força que ela com que ela batia as pernas, jogando água pra todo lado”, diverte-se Aloyr. Foi ele quem deu a primeira bicicleta de competição para Isabelly. “Era a bike do meu filho e eu não tive dúvidas em dar a bicicleta pra ela”, lembra.
A bicicleta atual dos treinos já não é a mesma, mas isso não significa que Isabelly conte, hoje, com os melhores equipamentos que uma ciclista da categoria dela poderia ter à disposição. Em Ribeirão Preto, ela competiu com uma bike emprestada pelo amigo Fredinho. Cena que se repete nas principais competições.
Em Ribeirão Preto, havia atletas de outras delegações com bicicletas que chegam a custar R$ 50 mil. O ideal para a capixaba seria contar hoje com uma bike de estrada de carbono, com freio a disco, que custa de R$ 10 mil a R$ 15 mil. Um sonho que ela não consegue realizar sozinha por enquanto.
“A equipe me ajuda com as inscrições e com alguns deslocamentos. Mas a minha bike é da época do projeto ainda, tem dois anos. Quando vou para uma competição maior, eu pego uma bike emprestada. Tem que fazer ajustes, né, não fica a mesma coisa. Mas quem não tem cão caça com gato”, conta a medalhista de ouro, sem se lamentar e explicando que treina pela manhã na Rodovia do Sol, na maioria das vezes sozinha, estuda à tarde e treina a parte física na academia à noite.
Desempenho chama atenção da seleção brasileira
A participação de Isabelly nos Jogos da Juventude, especialmente na prova de potência, despertou a atenção de membros da comissão técnica da seleção brasileira. A capixaba arrancou elogios e pode pintar em convocações futuras da categoria.
“Ela foi a única atleta a gerar 1.000 watts de potência! É uma característica de ciclistas de velocidade, que é uma característica aqui do Estado”, explicou o treinador Aloyr da Silva Gomes.
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