O esporte permite histórias das mais belas e surpreendentes e a descoberta de novas habilidades que jamais imaginávamos. Este foi o caso da bióloga Fabiana de Andrade Anechini, que aos 45 anos se descobriu praticando o jiu-jitsu e hoje é um destaque na modalidade e acumula grandes conquistas.
Moradora do bairro José de Anchieta, na Serra, hoje se dedica totalmente ao esporte também dando aulas de jiu-jitsu no centro de treinamento de artes marciais e cursa educação física.
Porém, se engana que a paixão de Fabiana pelo esporte é de longa data. Na infância e adolescência, ela conta que praticou ginástica olímpica e handebol, mas depois não se encontrou mais em nenhum esporte, até 2019, quando decidiu fazer uma aula experimental no jiu-jitsu.
No entanto, a atleta lembra que no início teve receio para começar a fazer o jiu-jitsu por se sentir incomodada quanto ao enfrentamento dos atletas. Mas, ao conhecer foi pegando a paixão pelo esporte.
“Eu relutava para realizar este tipo de atividade porque eu via eles (marido e filhos) treinando e aquilo me causava incômodo pela forma da luta. Nunca gostei de ‘agarramento’ como se a pessoa fosse me prender, já me dava fobia só de pensar. Tinha medo de poder reagir de uma maneira estranha pra evitar que acontecesse”, contou.
Família
Após insistência da família, Fabiana, que também é pastora na igreja que frequenta no seu bairro, decidiu dar uma oportunidade ao esporte e daí em diante passou a viver do esporte.
Casada há 19 anos, o marido e os três filhos começaram a praticar o esporte, antes e insistiram até a atleta fazer a aula experimental.
“Ao começar, vi que tinha uma visão totalmente equivocada pois achava que a arte marcial iria despertar o pior de mim. No entanto, na prática vi que estava completamente equivocada e me rendi ao jiu-jitsu”, lembrou.
Depois do início da atividade, em 2019, vieram os campeonatos. Fabiana conta que não tinha o menor intuito de competir, mas o mestre Tião Gomes insistiu para que ela participasse do Brasileiro em abril e convenceu a atleta.
O resultado foi o mais inesperado, logo na estreia em competições, com direito a dois ‘W.O’ (quando o oponente desiste ou deixa de competir) a atleta conquistou o nacional.
Conquistas
Daí em diante, a galeria de premiações só foi aumentando. Em 2020, a atleta conquistou o Campeonato Sul-Americano – GI (com kimono), em 2021 Campeonato Pan-Americano – GI (com kimono) e Campeonato Pan-Americano – No-Gi (sem kimono) e em 2022 Campeonato WOLD CUP – GI ( com kimono) e Campeonato WOLD CUP – No-Gi ( sem kimono).
Título do Brasileiro
As conquistas mais recentes da vasta ‘prateleira de títulos’ da atleta veio no último sábado, na ‘X-Combat’, competição nacional de jiu-jitsu, realizada no ginásio do Tancredão, em Vitória.
Fabiana fez a dobradinha conquistando o Campeonato Brasileiro GI ( com kimono) e No-Gi (sem kimono). Assim, a atleta se tornou bicampeã brasileira da modalidade e manteve um cartel perfeito com oito lutas e nenhuma derrota, invicta.
Falta de incentivo
Um dos pontos que Fabiana lamentou na entrevista foi a falta de incentivo do esporte. Muitas das vezes, a atleta precisa competir arcando com todas as despesas e, por isso, acaba não conseguindo participar das competições.
“Infelizmente as vezes nos falta apoio e incentivo para a participação em algumas competições, fora e até mesmo dentro do Estado. Ainda conto com a ajuda de alguns parceiros pra conseguir os resultados, porém dificulta bastante a falta de apoio”, comentou.
Por conta disso, ela conta prefere abdicar de algumas competições e investir nos filhos, que também competem no jiu-jitsu e no tae kwon do. Maria Eduarda (18), Luiz Henrique (15) e João Pedro (13) também foram responsáveis pela entrada da mãe no mundo do esporte.
“Eles são minha prioridade sempre. Quando precisamos ter que fazer escolhas na hora de competir, sempre optamos por dar a oportunidade deles competirem”, finalizou.