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Cariocas vão abrigar 66 mil pessoas em suas residências no período olímpico

Rio

Ao menos 66 mil pessoas que virão ao Rio de Janeiro para a Olimpíada se hospedarão em residências, das quais 45% são estrangeiras. Elas não ficarão só nas áreas tradicionalmente turísticas. Estarão instaladas em 54 bairros. O custo neste tipo de acomodação será de R$ 170 a R$ 530 por dia – três vezes mais barato do que os hotéis, cujas diárias estão entre R$ 524 e R$ 1.760. A três dias da abertura dos Jogos, a taxa de ocupação dos hotéis é de 92%. O site Airbnb, de aluguel de espaços para visitantes em casas e apartamentos, ainda tem dezenas de vagas.

Criado em 2007 em São Francisco (EUA), o serviço de hospedagem chegou ao Brasil em 2012, ano em que reuniu 3,5 mil anúncios. Hoje, são 95 mil, sendo 38 mil só no Rio, cidade campeã de cadastros na América Latina. No Brasil, São Paulo é a segunda principal cidade, com 10 mil residências. O alcance da plataforma no Brasil cresceu especialmente depois da Copa do Mundo, há dois anos, disse na segunda-feira o fundador Joe Gebbia, que se aliou ao Comitê Rio-2016 como parceiro oficial de acomodação alternativa.

Para os Jogos Olímpicos, as viagens serão, em sua maioria, em grupo. A média do Airbnb é de três hóspedes por reserva. A estada terá, em média, seis noites. A expectativa é de que esses turistas gastem R$ 247 milhões em seu período no Rio, sendo R$ 81 milhões só com o pagamento da acomodação, que é online. Os hóspedes virão de 650 cidades, de cerca de 110 países. Os quatro principais, depois do Brasil, são Estados Unidos, Argentina, Inglaterra e França.

Os anfitriões, que abrem suas casas para estranhos confiando no sistema de segurança da plataforma, têm, em média, 42 anos e buscam uma renda extra com os Jogos. A dona de casa Eliana Gringo, de 68 anos, que mora em Ipanema (zona sul) com o marido, já hospedou 103 pessoas. Diz estar animada para a Olimpíada. “Eu me sinto uma embaixadora do Rio, vou mostrar onde se toma a melhor caipirinha, a feijoada mais gostosa. Quem deu a ideia foi uma vizinha de 82 anos, que já estava no site”, contou ela.

Também moradora de Ipanema, a professora de dança aposentada Heloisa Couto, de 59 anos, parou de trabalhar por causa de uma artrose e desde janeiro de 2015 vive de Airbnb. A Olimpíada lhe renderá diárias de R$ 299, o mesmo cobrado no carnaval. O valor da hospedagem na baixa temporada é de R$ 189. “Eu não gosto de superfaturar. Já recebia muitos amigos de fora, a diferença é que agora ganho para isso.”

RECLAMAÇÃO – O Airbnb está em 34 mil cidades de 191 países. São 2 milhões de domicílios cadastrados. Em cidades como Berlim e Nova York, há regras específicas impostas pelas prefeituras, pois o serviço por temporada elevava o preço médio dos aluguéis “comuns” e a população local começou a reclamar. No Rio, em que os aluguéis encareceram bastante na última década, em parte por causa dos grandes eventos, a indústria hoteleira não vê a plataforma com bons olhos.

“É preciso ter igualdade tributária. Não podemos concorrer com quem não paga os impostos que pagamos, municipais, estaduais e federais”, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria e Hotéis, Alfredo Lopes. Ele ressalvou que para a Olimpíada não havia alternativa a não ser lançar mão de acomodações informais.

Apesar do aumento do número de quartos de 30 mil para 58 mil desde 2009, quando o Rio foi escolhido sede dos Jogos, o total não seria suficiente para todos os que virão. “Nenhuma cidade que recebeu a Olimpíada trabalhou só com hotelaria. Se tivéssemos toda essa oferta, teríamos ociosidade com certeza”, disse Lopes, que prevê ocupação máxima nos hotéis próximos dias.