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A madrugada do dia 29 de novembro de 2016 ainda é vívida nas mentes da torcedora da Chapecoense Gabriela Conrado e do jornalista Eduardo Florão, que atualmente acompanha o dia a dia do clube. Tudo parecia normal nas primeiras horas da manhã, até que seus telefones tocaram.
Neste dia, o avião da empresa LaMia, que levava a delegação da Chapecoense para a Colômbia, onde o time disputaria a final da Copa Sul-Americana 2016 contra o Atlético Nacional, caiu a poucos quilômetros de chegar à pista do aeroporto José María Córdova, em Rionegro (Antioquia), na cidade de La Unión.
No caso de Florão, do outro lado da linha estava o pai, o também jornalista Edson Florão, à época, repórter da Rádio Super Condá, que lhe informou sobre a queda do avião que leva o clube catarinense à Colômbia para a disputa da final da Copa Sul-Americana daquele ano, contra o Atlético Nacional.
Na ligação, o jornalista aproveitou para tranquilizar o filho, ele não havia embarcado na aeronave que levava a equipe de Chapecó para a disputa da final em Medelín.
No avião estavam não apenas diretores, jogadores e comissão técnica, mas também jornalistas que viajavam para cobrir a partida. Ao todo, 71 vidas foram perdidas naquela madrugada.
Apenas seis pessoas sobreviveram ao acidente, sendo três jogadores da Chapecoense. A investigação do acidente aéreo apontou que o motivo da queda foi falta de combustível do avião (pane seca).
Já para Gabriela, a notícia foi dada por uma amiga. Ao notar uma ligação telefônica, a torcedora estranhou, uma vez que ela e a amiga raramente se falavam por ligação. Isso só poderia significar que algo grave havia ocorrido.
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“Atendi, e ela perguntou se eu tinha visto o que tinha acontecido com o avião da Chape. Ela disse que tinha tido um pouso de emergência. Liguei a TV e comecei a acompanhar. Não tinha ainda informações”, lembra.
A manhã que durou uma eternidade
Naquela madrugada a chuva caía e continuou a cair ao longo do dia. Para Florão, que em 2016 se dividia entre o rádio e a profissão de agente penitenciário, as primeiras horas da manhã traziam algo incomum.
“A cidade era silenciosa, era um negócio impressionante. Uma cidade que começa a funcionar muito cedo, e aquele dia estava tudo muito silêncio”, lembra Florão.
Gabriela se lembra de estar junto dos amigos de arquibancada, acompanhava as notícias que começavam a chegar durante o dia. A pior delas não tardou a aparecer: das 77 pessoas que embarcaram no voo, apenas seis sobreviveram.
“O primeiro pensamento que a gente teve foi que a Chape tinha acabado. A impressão era que não tinha mais nada. Quando amanheceu, todo mundo foi para o estádio, a gente precisava uns dos outros. Não tem nada que se compare. Nós perdemos tanta coisa”, diz Gabriela.
Veja vídeo da homenagem do clube às vítimas:
Da delegação da Chapecoense que estava no voo 2931 da LaMia, apenas três integrantes saíram com vida: Alan Ruschel, Neto e Jakson Follmann.
“Era um voo super de boa, tranquilo. Do nada, os motores se desligam, as luzes se apagam, fica um silêncio. O Allan [Ruschel] estava do meu lado, estávamos perto da asa, no meio do avião. O Neto, nas poltronas da frente. Só escutávamos o barulho do vento. Foi muito rápido. Eu ouvia pessoas rezando. Perto de bater, disparou um alarme na frente do avião, e todo mundo ficou desesperado. O avião foi perdendo altitude até que ele bateu. E aí na hora da queda eu já não lembro de mais nada”, rememora Follmann, em entrevista ao Canal do Cosme.
Ferida aberta
Desde aquela fatídica madrugada, sete anos se passaram. Mas os habitantes de Chapecó ainda lidam diariamente com uma ferida em aberto. Ainda que não tão exposta quanto no passado, a dor ainda insiste em aparecer.
“É um luto coletivo. A vida seguiu normal para quem não tem uma ligação direta com a tragédia, não perdeu familiar ou amigos, mas a tragédia é uma lembrança, é algo dolorido, é um assunto que deixa marcas. Chapecó sempre foi uma cidade muito ligada com o clube. A história da cidade se mistura com a história do clube”, afirma Florão.
“A gente aprende a lidar. Você para de pensar nisso, porque tu tem que seguir a vida, mas, quando você lembra, você vê que é uma ferida aberta. É difícil [cicatrizar]. É algo bem distante. Não sei quando, não sei como, a gente só tenta não pensar tanto, não ficar com tanta coisa disso na cabeça”, diz Gabriela.
Apesar do luto que devastou a cidade catarinense em 29 de novembro de 2016, a vida seguiu. Mas com as cicatrizes ainda expostas. Nesse tempo, o que não mudou foi o fanatismo pela Chapecoense, mesmo com o time vivendo situação bem distinta em relação à de 2016, quando foi finalista da Sul-Americana.
A Chape brigou até a última rodada contra o rebaixamento para a Série C. A salvação veio após vencer o Vitória, campeão da Série B, por 3 a 1, na Arena Condá, no último sábado (25).
*Com informações do Portal R7
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