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Companhia aérea dona de avião que caiu na Colômbia tem raiz em negócios obscuros

As autoridades colombianas passaram parte da madrugada desta quarta-feira reunidas no aeroporto de Medellín para conversar sobre o acidente com o avião que trazia a delegação da Chapecoense

Acidente com a única aeronave da Lamia, empresa colombiana, deixou 76 mortos e cinco feridos  Foto: Reprodução/Twitter

São Paulo – Um ex-parlamentar venezuelano está na origem da empresa LaMia, companhia aérea dona do avião que caiu nesta terça-feira na Colômbia matando parte da equipe da Chapecoense, dirigentes, jornalistas e tripulantes. Ricardo Albacete Vidal é o fundador e proprietário da empresa na Venezuela, tendo transferido as operações para uma subsidiária boliviana em janeiro de 2015.

A LaMia anunciou, em 2010, o início das operações no Estado de Mérida. Criada após um acordo com o governo de Hugo Chávez para impulsionar o setor aéreo do país, a aérea foi registrada como uma companhia de ciência e tecnologia. Com isso, foi beneficiada com a influência do governo para levantar dinheiro junto a um fundo de investimento criado pelo governo chinês para estimular a economia venezuelana.

Os voos regulares, no entanto, não decolaram. O governador de Mérida à época, o chavista Marcos Díaz Orellana, deu todo o apoio ao projeto, mas foi apontado por Albacete como responsável pelo atraso nos repasses de investimento público e na burocracia. Em 2013, finalmente, a LaMia leva seus planos para outro Estado venezuelano: Nova Esparta.

O governador local, general Carlos Mata Figueroa – um dos mais destacados integrantes do então “núcleo duro” do chavismo – abraça o plano, mas a situação de Mérida se repete, o investimento público chega a conta-gotas e a empresa não avança.

Em janeiro de 2015, Albacete desiste da operação venezuelana, transfere as aeronaves para a Bolívia e cria a LaMia Bolívia, em sociedade com Miguel Quiroga, piloto que já voava como instrutor na escola de aviação Aerodinos e era genro do ex-senador boliviano Roger Pinto Molina. Quiroga, de 36 anos, comandava o jato que caiu nesta terça-feira e não sobreviveu ao acidente.

Ele morava no Brasil com a mulher e os três filhos. Vivia em um distrito da cidade de Epitaciolândia, no Acre, e estava construindo uma casa na cidade. “Ele era louco por aviação; um dos melhores pilotos que conheci”, disse ao jornal O Estado de S.Paulo o instrutor de pilotagem acrobática Júlio Soares, de Rio Branco.

GRANDE SALTO – Da Bolívia, Ricardo Albacete transferiu-se para a Espanha, mantendo as operações da LaMia a cargo de Quiroga. No país europeu, o fundador da companhia passou a fazer lobby para os negócios da China Sonangol, gigante chinesa do setor de petróleo com sede em Angola. Um dos principais executivos da China Sonangol, Xu Jinghua – mais conhecido pelo nome que adotou, Sam Pa -, foi figura-chave na criação da LaMia, segundo o próprio Albacete afirmou em entrevista a uma TV venezuelana.

O vídeo, gravado em 2011, mostra Albacete afirmando que o capital da LaMia Venezuela teve ajuda do empresário chinês. “É uma empresa de todos os cidadãos de Mérida. Eu e minha família temos um capital inicial, com um apoio de um investimento chinês”, afirmou. “É um chinês amigo de muito poder aquisitivo que conheci há alguns anos. Já tive empresas na China. Ele nos apoia um pouco com essa operação. Seu nome é Sam Pa e investe em Angola”.

Nesta terça-feira, Albacete afirmou que “um raio provavelmente provocou o acidente” em declarações ao jornal espanhol El Confidencial. Ele disse que sua empresa – LaMia Venezuela – apenas arrendou os aviões à LaMia Bolívia. “Não somos acionistas nem empregados. Deixamos o mesmo nome para não perder a pintura do avião, que arrendamos a eles”.

PRISÃO E DIAMANTES – As operações de Sam Pa à frente de investimentos chineses pelo mundo o levaram a sentar-se à mesa com líderes como o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, e o próprio Hugo Chávez. Sam Pa foi alvo, em junho de 2014, de sanções do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos por “prejudicar as instituições democráticas do Zimbábue” e por “participar de tráfico de diamantes”. O chinês ainda foi descrito pela seção de antiterrorismo do Departamento de Tesouro como “partidário do regime de Robert Mugabe”.

“Entre outras ações, Sam Pa deu mais de US$ 1 milhão para membros do governo do Zimbábue para apoiar sua agência de inteligência repressão”, disse o governo norte-americano. “Como resultado dessas ações, congelamos todos os bens desse indivíduo dentro das jurisdições dos EUA. Qualquer transação com cidadãos americanos ou entidades do país está proibida”.

As sanções americanas não impediram o chinês de continuar com suas operações em Angola, Zimbábue e tentar comprar um bloco de exploração de petróleo na Galícia – a operação não deu certo, mas, posteriormente, a China Sonangol conseguiu comprar parte de uma empresa concorrente.

A trajetória do executivo chinês, no entanto, foi encerrada abruptamente no dia 8 de outubro de 2015, quando Sam Pa foi detido pelas autoridades chinesas sob a acusação de corrupção na condução dos negócios do China Investment Fund (CIF).

Porta-voz defende empresa aérea

As autoridades colombianas passaram parte da madrugada desta quarta-feira reunidas no aeroporto de Medellín para conversar sobre o acidente com o avião que trazia a delegação da Chapecoense. Um dos convidados ao encontro foi o representante da empresa aérea boliviana LaMia, Mário Pacheco, que ao fim da conversa, disse aos jornalistas que a aeronave não tinha problema de autonomia e ressaltou que a companhia tem experiência em transportar times de futebol.

A imprensa colombiana especula que o avião que trazia o clube catarinense para a final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional, caiu nas proximidades do aeroporto por ter ficado sem combustível. O representante negou. “Isso depende de como a aeronave opera o voo. A parte técnica vai determinar em que nível o voo estava e como podia melhorar a autonomia. O avião tinha combustível, mas não sei quanto. Não tenho informação técnica”, disse.

Pacheco explicou que a companhia, fundada há cerca de um ano, tem toda a documentação necessária para operar voos fretados e que não há risco de erro do piloto. “Falha humana não há. No momento em que realizarem as investigações periciais das gravações das caixas-pretas do avião, vão poder determinar quais foram as causas”, explicou. O avião era pilotado pelo dono da companhia, Miguel Quiroga.

Segundo o representante, o proprietário era experiente e pilotava uma aeronave fabricada em 1999. A LaMia tem uma frota de três aviões e já tinha feito um outro voo da Chapecoense anteriormente, fora o transporte de equipes e seleções da América do Sul.

“Já voamos com as seleções da Venezuela e da Argentina. Também o Atlético Nacional, o Junior Barranquilla”, contou. A seleção argentina foi transportada pela LaMia durante a última rodada das Eliminatórias, quando inclusive jogou com o Brasil, em Belo Horizonte.

Pacheco prometeu que a empresa vai se comprometer em ajudar a família das vítimas. “A empresa ativou o centro de emergência e a polícia de seguros. Vai cobrir todos os gastos dos feridos que sejam necessários”, afirmou.

Confira abaixo a cobertura completa do Folha Vitória sobre o acidente!

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