A capixaba Maria Clara Soares Lourenço, de 16 anos, foi convocada, no último dia 29, para a disputa do Sul-Americano Sub-18 de Basquetebol Feminino. A competição, disputada em Buenos Aires, na Argentina, teve início no último domingo (03) e segue até este sábado (09), quando será disputada a grande final.
A adolescente afirma não esperava ser convocada para a Seleção Brasileira Sub-18 por causa da idade. A capixaba conta que, após ser selecionada, passou 10 dias com uma agenda cheia de treinamento físico, tático, técnico e motivacional.
A jornalista Deborah Carla Soares Lourenço, mãe da jovem atleta, diz que ficou bastante surpresa com a notícia. “Foi uma enorme surpresa! Essa convocação é Sub-18 (meninas com 18 anos), e ela acabou de fazer 16. Isso aponta que ela está evoluindo bem”, disse.
A mãe vibrou junto com a filha e a família. “Foi um mix de sensações, uns gritaram, outros foram direto espalhar a notícia. Para falar a verdade, eu chorei de tanto orgulho e emoção”, relembrou.
Desafios da vida pessoal e profissional
Maria Clara afirma que o principal desafio de ser uma atleta é estar longe da família. Atualmente, a jovem mora sozinha em Santa Catarina e precisa de adaptar à rotina de treinos, competições, escola e tarefas de casa.
Desde criança, ela optou por deixar de lado muita coisa para se dedicar aos treinos e jogos de basquete. Segundo Maria Clara, todas as conquistas são parte de um processo das renúncias que tem feito.
“Sempre abri mão de qualquer coisa de criança e adolescente para estar presente nos treinos e jogos. Tudo o que tenho conquistado faz parte de todo esse processo, as renúncias que tenho feito e que ainda não acabou. Cada dia é uma renúncia”.
Apesar disso, a jovem garante que sua infância foi bem “raiz”. Ela conta que sempre gostou de brincadeiras de rua e, depois de conhecer o basquete, aos 11 anos, suas brincadeiras passaram a envolver bola, tabela e aro.
Em sua trajetória no esporte, Maria Clara encontrou muitas dificuldades, principalmente financeiras. Ela acredita que todo atleta, em algum momento, pensa em desistir, devido a tantas dificuldades. “Se você não tem uma base familiar, não consegue avançar”, frisou.
Como tudo começou
O primeiro convite para jogar basquete foi na escola. A princípio a ideia era apenas praticar algum esporte. Só que, com o tempo, ela foi se apaixonando pela bola laranja e conquistando seu lugar.
“Quando me dei conta, percebi que não vivia mais sem o basquete. Daí em diante, minha família percebeu que isso era a minha prioridade e embarcou nesse sonho junto comigo”.
No começo, a adolescente disse que eram apenhas sonhos. “As realizações estão só começando e creio que Deus ainda tem grandes coisas para realizar”, declarou.
“Esse ano, tenho muitos desafios. Entre eles, primeiramente, ser campeã sul-americana, campeã catarinense, brasileira e alguns outros que ainda não posso falar. Mas continuar treinando forte é o foco”, completou.
Maria Clara começou a praticar o basquete em um projeto em Vila Velha. No começo, era só para passar o tempo. Mas não demorou muito para ela se apaixonar pelo esporte e querer praticá-lo para a vida toda. Ela só não imaginava que os resultados seriam tão rápidos.
Em 2019, ainda com 13 anos, Maria Clara recebeu algumas propostas para jogar em clubes de São Paulo. A mãe, assustada com a possibilidade de deixá-la ir para a capital paulista, achava que era muito cedo para a jovem sair de casa. Com isso, conversaram sobre a possibilidade de esperar ela amadurecer um pouco mais.
Em 2020 surgiram novos convites, mas logo veio a pandemia. Mesmo assim, Maria Clara se dedicou bastante aos treinos e, já em 2021, recebeu novos convites de clubes de outros estados.
Deborah decidiu ir junto com a filha para São Paulo, já que ainda não tinha segurança em deixá-la sair de casa sozinha aos 15 anos. O ano foi de muitas conquistas e evolução. Por isso, neste ano, a família decidiu que a jovem poderia morar sozinha.
A adolescente sempre se mostrou muito responsável e focada nos seus objetivos. A mãe afirma ter medo e diz que sente saudades, devido à distância entre o Espírito Santo e Santa Catarina. Contudo, aprendeu a aceitar os sonhos da filha e acredita que Maria Clara sairá do Brasil para o Mundo.
A jovem garante que se sente realizada e não deixa se abalar por comentários negativos. “Me sinto cada dia mais realizada, subindo degrau por degrau. Ser atleta é se superar, ser melhor que você mesmo, dia após dia”, disse.
Se pudesse haver uma conversa entre a Maria Clara do passado e a do futuro, a atleta diria para seguir em frente.
“Siga em frente, você consegue. Perdendo ou ganhando, mas sempre evoluindo. Para o futuro diria basicamente a mesma coisa. Sempre pensando que a humildade é a base para se manter de pé perante qualquer obstáculo”, contou.
A atlea afirma ter muito orgulho de si mesma. “Não só pelas conquistas, mas principalmente em quem eu tenho me tornado como atleta e como pessoa. Não é fácil enfrentar os desafios encontrados pela frente”, disse a jovem.
Família e amigos
Maria Clara diz que sempre teve o melhor apoio que alguém poderia ter: a da sua família e de alguns amigos, que apoiam, ajudam e incentivam a atleta.
Sobre as companheiras de time e comissão, Maria afirmou que todos são incríveis. “Sempre tive um bom relacionamento por onde passo. A maioria das atletas convocadas eu já conhecia e nos damos super bem. A comissão é incrível! Já conhecia as técnicas e confio muito no trabalho delas”, disse.
A família de Maria Clara sempre deu muito apoio à jovem no esporte. Desde o início, levavam e buscavam a atleta nos treinos, assistiam a todos os jogos e se empenhavam em dar o máximo para dar certo.
A mãe da jovem afirmou que sempre foi prazeroso apoiá-la tão cedo e que tem muito orgulho de ver uma filha seguir o caminho do bem. E, além disso, evoluir como atleta e como pessoa.
“Desde que ela iniciou, o basquete se tornou prioridade aqui em casa. Vimos que ela havia escolhido esse caminho para viver o resto da vida. Nunca medimos esforços para proporcionar a ela, o que a fazia mais feliz: o basquete”.
Para ajudar Maria Clara, a mãe, o pai e o irmão sempre estiveram juntos em todos os sentidos, seja físico, emocional, mental ou financeiro. Segundo eles, quanto mais um atleta sobe de nível, mais desafios ele encontra pela frente. E se não tiver apoio familiar, não evolui.
“O principal desafio de um atleta é o apoio financeiro. Muito difícil, principalmente no Espírito Santo, conseguir esse tipo de apoio. Os custos são altos e recorrentes. Sempre fazemos vaquinha entre a família e amigos que acreditam no potencial dela”, contou Deborah.
Histórico de Vitórias
2017
Copa Brasil de Clubes Sub-12 – 3° lugar
2018
Jogos Escolares de Vila Velha – 1° lugar
Jogos Escolares do ES – 1° lugar
Jogos Escolares da Juventude – 2° lugar
3° Copa LUSB Sub-13 (masculino) – 2° lugar (melhor armadora)
Federação Capixaba Sub-12 (masculino) – 2° lugar
2019
Copa Sul-Americana de Basquete Sub-14 – 4° lugar (campeã do Desafio Internacional)
Jogos Escolares de Vila Velha – 1° lugar
Jogos Escolares do ES – 1° lugar
Jogos Escolares da Juventude – 2° lugar
Liga Vilavelhense de Basquete Sub- 13 (masculino) – 1° lugar (melhor armadora)
Liga Vilavelhense Sub-15 ( masculino) – 3° lugar
Liga Vilavelhense Adulto – 1° lugar (MVP e melhor armadora)
2020
Tupã Camp Basquete Sub-14 – 1° lugar
Tupã Camp Basquete Sub-15 – 1° lugar
2021
Campeã Copa Sul-Americana de Basquete U15
Campeã Paulista U15
Vice campeã Paulista U16
Campeã Brasileira 3×3 U15
CBC – 3° lugar U16
Vice campeã Escolar (SP)
Copa Brasil de Seleções – 3° lugar (Seleção Capixaba)
Convocada para a seleção Brasileira U16
2022
Campeã da Copa Arena de Verão VV Basquete Beach (adulto)
Campeã Jogos Escolares 3×3 Santa Catarina
Convocada para seleção Brasileira 5×5 U18 (Campeonato Sul-Americano)
Convocada para seleção Brasileira 3×3 U18 (Jogos Sul-Americano da Juventude)
Confrontos no Sul-Americano
Ao todo, 12 jogadoras, entre elas Maria Clara, representam o Brasil na disputa do Sul-Americano Sub-18 de Basquete. A delegação brasileira viajou para a Argentina no dia 1º, para estrear na competição dois dias depois.
Apesar de serem bastante próximas e grandes amigas, Deborah não está com Maria Clara em Buenos Aires, na Argentina. A mãe acompanha os jogos pela internet, que são transmitidos ao vivo pelo YouTube da CBB, e fica na torcida para a final que será neste sábado (9)
O Brasil caiu no grupo A, ao lado de Bolívia, Argentina, Paraguai e Equador. O primeiro confronto das brasileiras foi com a seleção boliviana. O Brasil saiu vitorioso pelo placar de 73 a 55. Confira como foi a estreia:
O Brasil também enfrentou, na primeira fase, as anfitriãs argentinas. O placar foi acirrado, com vitória brasileira por 56 a 53. Veja como foi o clássico feminino:
Contra o Paraguai, as meninas confirmaram a terceira vitória da competição com um placar elástico: 70 a 39. Veja como foi a partida:
O desafio seguinte foi contra o Equador. O jogo terminou com mais uma vitória brasileira, dessa vez por 70 a 41. Veja como foi a partida:
Já o Grupo B contou com Chile, Colômbia, Uruguai e Venezuela. Pelo formato de disputa, duas seleções avançaram em cada grupo para realizar as semifinais. O pódio também garante um lugar na Copa América, também neste ano.
Na semifinal, o Brasil enfrentou o Uruguai e saiu vitorioso com placar de 59 a 47. Confira a transmissão:
Invictas, as brasileiras ganharam o Sul-Americano contra a Argentina de 49 a 46. Veja como foi a última partida da competição que deu a medalha de ouro para o Brasil:
Confira a lista da Seleção Brasileira Sub-18
ARMADORAS
Ana Paula de Oliveira Dias – Basketball Santo André
Marcella Prande – Basketball Santo André
ALAS/ARMADORAS
Maria Clara Soares Lourenço – SR Mampituba/Satc/FME CriciúmaV
Vitória Romualdo Kons – BFB Basquete Feminino Blumenau
ALAS
Stephany Gonçalves – Basketball Santo André
Taissa Nascimento Queiroz – ADC Bradesco
ALAS/PIVÔS
Alexia Araújo Dagba – Assoc. Adrianinha de Basketball
Ana Beatriz Passos Alves da Silva – ADC Bradesco
PIVÔ
Ana Luiza Ramos Pires – ADC Bradesco
Arianny Francisco de Oliveira – ADC Bradesco
Giovanna Rocha da Silva – Santo André/APABA
Manuella Fernandes Barros Alves – ADC Bradesco
Comissão técnica
Diretora de Basquete feminino – Maria Paula Gonçalves
Gerente técnica – Adriana Santos
Administradora – Monica Atílio
Técnica – Adriana Moíses Pinto Mafra
Assistentes técnicas – Luciana Thomazini e Alessandra Minati
Preparador físico – Rafael Bernardelli
Médica – Cristina Casagrande Teixeira
Fisioterapeuta – Marina Stefani Souza da Silva