Salvador – Rogério Micale teve problemas para formar o grupo de jogadores da seleção olímpica do Brasil. Mas seu colega dinamarquês, Niels Fredericksen, teve bem mais. Ele perdeu vários jogadores que convocara em cima da hora – por não serem liberados por seus clubes ou por recusa própria – e só teve o grupo completo 36 horas antes da estreia na Olimpíada, no 0 a 0 com o Iraque.
Fredericksen definiu aquele jogo como de “sobrevivência”, dando moral ao seu time. Por isso, ele aposta na classificação às quartas de final na partida contra o Brasil, na noite desta quarta-feira na Fonte Nova. “O empate nos favorece e se ocorrer para nós está ok”, disse o treinador em entrevista exclusiva ao Estadão.com.
Economista conceituado em seu país, Fredericksen ocupou vários cargos executivos em um banco dinamarquês. Dividia-se entre o terno e as vestes de treinador até 2013, quando optou pelo futebol. Treinou sem sucesso dois times de seu país e desde 2015 comanda a seleção sub-21, que classificou para os Jogos do Rio.
Detalhe: daquele time, apenas dois jogadores estão na equipe olímpica. Mas nenhum problema abala a confiança do executivo-treinador. “Eu tive muitos problemas para montar o time, muitos jogadores estão fora porque não foram liberados por seus clubes ou não quiseram vir, mas ainda assim creio que conseguimos montar um bom time, com jogadores que estão se saindo muito bem juntos”, afirmou.
A confiança na classificação não significa que Fredericken preveja facilidades contra o Brasil, que não vem bem na Olimpíada. “Vai ser um jogo muito difícil, porque o time brasileiro é muito bom e tem muitos bons jogadores. Especialmente no ataque, tem jogadores que dão muito trabalho aos defensores”, analisou.
Líder do Grupo A com quatro pontos – Brasil e Iraque têm dois e a África do Sul, um -, a Dinamarca se classifica com um empate. Mesmo assim, o treinador garante que não colocará seu time na retranca. “Eu não penso que devamos ser apenas defensivos. Temos de procurar jogar nosso futebol, que também tem opções ofensivas.”
Niels Fredericksen sabe que a seleção brasileira estará sob pressão. Vê nisso aspectos positivos e negativos. “Eu não sei se essa pressão sobre o Brasil é vantajosa para nós. Eles têm jogadores muito experientes, convivem com pressão em seus clubes, sabem controlar isso”, entende. “Mas se o jogo ficar empatado por muito tempo, talvez possa nos favorecer.”