O Brasil venceu Espanha na manhã deste sábado (7) e conquistou medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio. A grande final do torneio de futebol aconteceu em Yokohama, mesmo palco da decisão da Copa do Mundo de 2002, vencida pelo Brasil em cima da Alemanha.
Coube ao atacante Malcom ser o improvável herói do bicampeonato olímpico do futebol brasileiro. O ex-jogador do Corinthians, atualmente no Zenit St.Petersburg, da Rússia, saiu do banco de reservas na prorrogação para fazer o gol da dramática vitória por 2 a 1 sobre a Espanha
A chegada do jogador à Olimpíada foi uma epopeia, cheia de idas e vindas. Ele foi convocado na lista inicial do treinador André Jardine ainda no dia 17 de junho. O problema é que o Zenit St.Petersburg não liberou o atleta e a comissão técnica, então, resolveu chamar Martinelli, do Arsenal.
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Tudo mudou depois que Douglas Augusto, lesionado, acabou cortado. A CBF voltou a pedir ao clube russo a convocação de Malcom e conseguiu que o atacante se juntasse à seleção somente faltando três dias para a estreia, mais de um mês depois da convocação inicial.
Com o triunfo deste sábado, o Brasil passa agora a ter dois ouros (Rio-2016 e Tóquio-2020), três pratas (Los Angeles-1984, Seul-1988 e Londres-2012) e dois bronzes (Atlanta-1996 e Pequim-2008).
A seleção saltou para o terceiro lugar no ranking de todos os tempos do futebol masculino nos Jogos Olímpicos, ultrapassando a Argentina (dois ouros e duas pratas), atrás apenas de Hungria e Grã-Bretanha (três ouros cada).
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O título invicto marca uma campanha na qual Jardine não pôde contar com todos os jogadores que gostaria sem a liberação de nomes como Neymar, Marquinhos, Weverton, Rodrygo, Vinicius Junior e Pedro. Apesar de tantas ausências, ele conseguiu montar um time forte e competitivo.
A final deste sábado, no entanto, poderia ter sido menos complicada para o Brasil se Richarlison não tivesse desperdiçado, aos 37 minutos do primeiro tempo, um pênalti sofrido por Matheus Cunha. A volta do atacante Hertha Berlin, recuperado de uma contratura muscular, inclusive, melhorou muito o poder ofensivo do time.
Com Antony pela direita, Claudinho na esquerda e Matheus Cunha e Richarlison se movimentando próximo à área, o Brasil marcava sob pressão e criou boas chances de gol ao longo do primeiro tempo. O lance mais efetivo da Espanha foi aos 15 minutos, mas Diego Carlos salvou em cima da linha.
O belo gol marcado por Matheus Cunha já nos acréscimos fez justiça ao time que mais atacou na etapa inicial, apesar da tensão e do equilíbrio do jogo.
Aos 46 minutos, após invertida de bola de Claudinho, Daniel Alves mandou para o meio da área, onde Matheus Cunha se livrou da marcação de três espanhóis com um único toque na bola e bateu de primeira com estilo.
Como precisava do gol, a Espanha se arriscou mais ao ataque no segundo tempo e passou a oferecer espaços para os contragolpes da seleção. Em uma dessas escapadas, o Brasil esteve muito perto de ampliar aos oito minutos, quando Richarlison carimbou o travessão.
O problema é que a seleção recuou demais a marcação e deixava a bola muito tempo com a Espanha. Após tanto rondar a área do Brasil, os espanhóis empataram aos 14 minutos em um belo gol de Oyarzabal após cruzamento da direita.
A partida, então, ficou perigosa para a seleção. O Brasil deixou de pressionar a saída de bola e aceitava passivamente o jogo da Espanha. Os jogadores ignoraram o fair play, passaram a trocar provocações e empurrões.
Nesse jogo de imposição física, o Brasil parecia mais cansado do que a Espanha. Os espanhóis acertaram duas bolas no travessão em sequência. Aos 39 minutos com Soler e aos 42 com Bryan Gil.
Na prorrogação, a entrada de Malcom no lugar de Matheus Cunha renovou o fôlego do ataque e quem passou a ser mais perigoso foi o Brasil. Faltava, no entanto, melhorar o acabamento das jogadas.
Até que, aos dois minutos do segundo tempo, Malcom disparou em velocidade pela esquerda e tocou na saída do goleiro para garantir mais uma medalha de ouro para o Brasil.
FICHA TÉCNICA DO JOGO ENTRE BRASIL E ESPANHA
BRASIL 2 x 1 ESPANHA
BRASIL – Santos; Daniel Alves, Nino, Diego Carlos e Guilherme Arana; Douglas Luiz, Bruno Guimarães, Claudinho (Reinier) e Anthony (Gabriel Menino); Richarlison (Paulinho) e Matheus Cunha (Malcom). Técnico: André Jardine.
ESPANHA – Unai Simón; Óscar Gil (Vallejo), Èric Garcia, Pau Torres e Cucurella (Miranda); Zubimendi (Moncayola), Mikel Merino (Soler) e Pedri; Marco Asensio (Bryan Gil), Oyarzabal e Dani Olmo. Técnico: Luis de La Fuente.
GOLS – Matheus Cunha, aos 46 minutos do primeiro tempo; Oyarzabal, aos 14 minutos do segundo tempo; e Malcom, aos 2 minutos do segundo tempo da prorrogação.
CARTÕES AMARELOS – Guilherme Arana, Richarlison e Matheus Cunha (Brasil); Eric García e Bryan Gil (Espanha).
ÁRBITRO – Chris Beath (Fifa-Austrália).
RENDA E PÚBLICO – Jogo com portões fechados.
LOCAL – Estádio Internacional, em Yokohama (Japão).