As filas de até um quilômetro marcaram a primeira manhã das competições olímpicas no Parque Olímpico da Barra (zona oeste) e na Arena de Vôlei de Praia em Copacabana (zona sul). Havia muitos torcedores e pouco pessoal qualificado para organizar os acessos, operar os aparelhos de raio X e vigiar a entrada do público.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comitê Rio-2016 reconheceram o problema e, no final da manhã, apresentaram publicamente um pedido formal de desculpas a quem comprou os ingressos com muita antecedência, ficou retido nas filas e não conseguiu assistir às competições desde o início.
No Parque Olímpico, as filas começaram a se formar até antes das 7 horas, pois começariam cedo disputas importantes do judô, da ginástica artística e do tênis, além da estreia da seleção brasileira do handebol feminino contra a favorita Noruega (atual medalhista de ouro e campeã mundial).
Na Arena do Futuro, local do jogo de handebol, o problema da falta de organização ficou evidente. O jogo começou com um terço dos 12 mil assentos ocupados. No intervalo, a lotação alcançava a metade do ginásio. Ao fim da partida, o ginásio já estava totalmente ocupado e fez a festa com a vitória brasileira por 31 a 28.
“Quando consegui entrar o jogo já tinha mais de 15 minutos. Uma pena essa bagunça. A fila não andava”, queixou-se a universitária Ângela Lima, de 21 anos. Ela e centenas de outros torcedores irritaram-se também com a fila nas lanchonetes. Houve casos de esperas de até uma hora. Além disso, faltou comida para todo mundo, o que também ocorreu no Maracanãzinho, onde as partidas de vôlei começaram de manhã.
Em um dos acessos ao Parque Olímpico da Barra, pela avenida Abelardo Bueno, centenas de pessoas que chegavam com ingressos tiveram que aguardar ao menos uma hora na fila. Apenas dois aparelhos de raio X estavam em operação. Os demais oito não funcionavam. Diante das reclamações, funcionárias da organização dos acessos informaram que não chegaram os vigilantes particulares, profissionais da Força Nacional de Segurança (FNS) e policiais militares encarregados do patrulhamento da entrada. Não havia, portanto, quem operasse as máquinas, organizasse a entrada e vigiasse aquele trecho do Parque Olímpico.
Na Arena do Vôlei de Praia, em Copacabana (zona sul), a fila começou a se formar antes das 8 horas e avançou lentamente pelo calçadão e até pela areia, embora não houvesse queixa da ausência de funcionários, vigilantes e policiais. Como parte das pessoas com ingressos chegaram à arena pouco antes da partida dos brasileiros Alison e Bruno Schmidt, favoritos ao ouro, houve quem conseguiu entrar apenas com a disputa iniciada contra a dupla canadense.
Ao pedir desculpas, pouco depois das 11h, o COI e Rio-2016 garantiram que o problema seria superado em até duas horas. “Temos problemas em algumas das estruturas de controle”, admitiu Mario Andrada, diretor de Comunicações do Rio-2016. “Pedimos desculpas a quem ficou tanto tempo no sol. Obviamente precisamos melhorar essas parte. Informamos as autoridades e colocamos mais gente da Rio-2016”, disse.
Andrada indicou que a troca da empresa que administraria os acessos dias antes da abertura não influiu na desorganização da entrada do público. “Esperamos limpas as filas em duas horas”, repetiu.
Segundo o Rio-2016, o problema é de “coordenação” entre as diferentes forças. “Precisamos lidar com três níveis diferentes e grupos com diferentes hierarquias. Estamos enviando pessoas para ajudar na coordenação”, explicou o executivo.
Para evitar mais tumultos, houve acessos em que a entrada foi liberada sem que os torcedores passassem pelo raio X.
“Não é uma preocupação. Tem gente com experiência para notar qualquer coisa estranha. A segurança não está comprometida”, afirmou Andrada, para quem o acesso do público foi planejado com antecedência. “Mas treino é treino, jogo é jogo”, disse.
Mark Adams, porta-voz do COI, buscou minimizar a desorganização matinal. “Temos problemas em todos os Jogos”, disse.