Os clubes da Liga do Futebol Brasileiro (Libra) divulgaram um manifesto repudiando a declaração do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, que usou a expressão “Tarzan sem Chita” ao comentar a possibilidade de os times brasileiros abandonarem a Libertadores.
Integrante da Libra, o Flamengo foi o único time do grupo a não assinar o comunicado. A reportagem apurou que o presidente do clube rubro-negro, Luiz Eduardo Baptista, não tem interesse no tema.
Declaração infeliz após caso Luighi
A fala do presidente da Conmebol ocorreu na segunda-feira, dias após o caso de racismo contra Luighi, jogador do Palmeiras, em jogo contra o Cerro Porteño pela Libertadores Sub-20.
Palmeiras, São Paulo, Santos, Red Bull Bragantino, Atlético-MG, Grêmio, Bahia, Vitória-BA, Ferroviária, Paysandu, Remo, Volta Redonda, ABC, Brusque, Guarani e Sampaio Corrêa foram integrantes da Libra que assinaram o manifesto.
“A gravíssima declaração de Dominguez traz à tona o evidente preconceito enraizado no ambiente do futebol, reforça estereótipos racistas, perpetua a desumanização de pessoas negras, além de demonstrar total insensibilidade em relação a temas de extrema urgência, como o combate ao racismo e a promoção da diversidade no futebol. Os clubes brasileiros reafirmam seu compromisso com a luta contra o racismo e com a promoção de um futebol inclusivo e respeitoso. Não aceitaremos calados nenhum tipo de discriminação, seja em campo, nas arquibancadas ou nas declarações de dirigentes”, diz a nota da Libra.
Na terça-feira, após a repercussão negativa do episódio, Alejandro Domínguez pediu desculpas e afirmou se tratar de “uma frase popular” e que “não teve a intenção de menosprezar nem desqualificar ninguém”, apenas que a Libertadores seria impensável sem a participação dos países filiados à entidade.
Flamengo explica o motivo
O Flamengo divulgou nota oficial para explicar por que não assinou o manifesto da Libra. O clube rubro-negro disse que, embora “lute contra qualquer forma de racismo e discriminação há muito tempo”, entende que “as relações institucionais com a Conmebol devam ser conduzidas pela CBF, entidade que representa oficialmente os clubes brasileiros nos torneios sul-americanos.”
“No Flamengo, o combate ao racismo vai muito além do discurso. Além do manual interno de Combate ao Racismo, finalizamos os ajustes jurídicos para incluir em nosso estatuto uma cláusula antirracismo. O Flamengo tem plena consciência de sua enorme responsabilidade social e busca, todos os dias, ações estruturais que tragam impacto positivo real para o futebol e para a sociedade”, conclui o comunicado.