Micael “micaO” Rodrigues tem 22 anos e desde 2014 deixa a mãe Teresa com saudades em Vila Velha. Foi nessa época que decidiu ir para São Paulo com o objetivo de se profissionalizar no ramo de esportes eletrônicos. Atualmente, o jovem integra a equipe da INTZ e-Sports na disputa do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL).
Enquanto isso, Thereza Rodrigues acompanha o filho pelas transmissões e, quando consegue, vai até o local de jogos. Ela é professora da rede pública de ensino em Vitória, na disciplina de geografia para ensino fundamental.
Atualmente, ela orienta alunos das escolas Anacleta Schneider Lucas (bairro Fonte Grande) e Eunice Pereira da Silveira (Maruípe), em uma eletiva de games e robótica. Durante uma visita do grupo na DXC Mega Arena, maior casa de games do Espírito Santo e parceira da Rede Vitória, Thereza Rodrigues conversou com a reportagem.
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Como o micaO chegou para falar com a senhora sobre o LoL?
“Com 4 anos, o Micael já falava em game. E os irmãos mais velhos é que jogavam, mas ele sempre ganhava. A gente via que ele tinha um diferencial nesse contexto. Há 9 anos, a gente percebeu que ele adorava participar de campeonatos e ele já dizia: ‘mãe, um dia vou trabalhar com isso aqui’. Eu respondia: ‘isso aqui o quê, menino?’ Ele me mostrava, mas eu não entendia nada. A gente negociava muito, ele competia e ganhava, online ou em poucos eventos que aconteciam em Vitória. E aí teve uma competição no Rio de Janeiro, o irmão mais velho (são dois e micaO é o caçula) dele o levou e quando voltaram, me disse que o Micael era bom mesmo”.
Os irmãos jogavam LoL?
“Jogavam LoL, Dota, tudo isso. Mas o Micael foi quem apresentou o LoL para eles. Eu fui conhecendo perguntando às mães dos outros jogadores. Isso é confiança, eu e ele sempre tivemos isso um com o outro. Se ele dizia, eu queria ver. Eu brinco com uma frase que me marca muito: ‘é sonhar com ele’. Antigamente a gente via histórias de pessoas simples que se tornavam atores e atrizes, cantores e cantoras, e é isso que está acontecendo com os games hoje. As pessoas acreditam, vão lá e, principalmente por ser virtual, é ainda mais interessante”.
Você acaba conhecendo pessoas de outros lugares através do game…
“O mais interessante é que as angústias dos pais são muito iguais. Ninguém está sozinho nisso. Toda mãe pensa da mesma forma, já levou o filho no médico, a meia hora dura três, quatro horas, e a parte mais importante para mim foi a confiança. Se não fosse importante, nós não teríamos lutado tanto”.
Quando ele falou pela primeira vez sobre o jogo, a senhora fez uma pesquisa a respeito?
“Ele é mais esperto do que eu, já trazia uma pesquisa pronta. Dizia que tinha vídeos para eu assistir sobre LoL, me mostrava reportagens, tinha mania disso aí. E ele me cobrava por isso. Hoje tenho até vontade e curiosidade de começar a jogar. Estou fazendo melhor levando isso para a sala de aula”.
Como levar isso para alunos de escolas públicas, muitos deles moradores de regiões cercadas pela violência?
“É preciso abrir a mente deles, e é o que buscamos fazer. Teve aluno que antes de fazer a visita, disse que não dormiu durante a noite e teve dor de barriga”.