Natural x Sintético

Gramado sintético aumenta risco de lesões no futebol? Veja o que diz estudo

Campeonato Paulista: Palmeiras x Corinthians (06/02/2025)
Memphis, do Corinthians, disputa a bola com Naves, do Palmeiras, no gramado sintético do Allianz Parque (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

A manifestação de jogadores, como Neymar e Gabigol contra os gramados sintéticos no futebol brasileiro reacendeu o debate sobre as consequências e o risco de lesões que esse tipo de solo pode trazer aos jogadores profissionais.

No texto divulgado pelos craques em suas redes sociais, é defendido que o material não tem qualidade suficiente para comportar jogos profissionais.

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O que os estudos dizem sobre risco de lesões no gramado sintético

Ao longos dos anos, desde que as gramas sintéticas começaram a ser utilizadas nos estádios, muito se fala sobre o risco de lesões. Contudo, não há um consenso na área médica quanto à maior incidência de lesões em gramados artificiais quando comparado ao natural.

Em 2023, a revista científica inglesa The Lancet analisou mais de mil estudos sobre o tema para concluir que não há uma correlação entre o sintético para o aumento de lesões. Inclusive, de acordo com a publicação, a incidência de problemas físicos nos campos artificiais é menor quando comparado ao natural — 14% inferior, em média.

“A incidência global de lesões no futebol é menor em relva artificial do que em relva. Com base nestas conclusões, o risco de lesões não pode ser usado como argumento contra a relva artificial quando se considera a superfície de jogo ideal para o futebol”, apontou o estudo.

Risco em jogadores que não estão acostumados

No entanto, isso não significa que os jogadores que não estão acostumados ao campo sintético não corram riscos.

“No gramado sintético, o pé dos atletas ficam mais presos junto ao campo. Não há a mesma maleabilidade que em gramados naturais. Nestes casos, o pé fica preso e o corpo ‘roda’ por cima do joelho”, alerta o ortopedista Luiz Felipe Carvalho, que já tratou lesões de jogadores Rodrigo Dourado e Ferreirinha.

O ideal seria que os clubes treinassem em ambos os tipos de gramado, como é o caso de Botafogo, Palmeiras e Athletico-PR, para que os jogadores se acostumem ao campo.

Suárez já reclamou do gramado sintético

Mesmo sem comprovação científica, diversos jogadores se colocam contra o sintético, desde antes da manifestação desta terça-feira. Em 2024, por exemplo, o uruguaio Luis Suárez, então atacante do Grêmio, fez um acordo com o clube para não jogar nenhuma partida em gramados artificiais, por medo de prejudicar seu joelho, no qual teve uma série de lesões

Agora, Neymar, outro jogador com extenso histórico de lesões, é um dos nomes que puxa o movimento contra os gramados sintéticos. Além dele, compartilharam o texto nomes como Neymar, Gabigol, Lucas Moura, Thiago Silva, Cássio e Philippe Coutinho.

“Preocupante ver o rumo que o futebol brasileiro está tomando. É um absurdo a gente ter que discutir gramado sintético em nossos campos. Objetivamente, com tamanho e representatividade que tem o nosso futebol, isso não deveria nem ser uma opção. A solução para um gramado ruim é fazer um gramado bom, simples assim”, diz o texto.

Quais times da Série A usam gramado sintético

Hoje, na Série A do Brasileirão, os estádios que possuem gramado artificial são o Allianz Parque, do Palmeiras, o Nilton Santos, do Botafogo. Em breve, o Atlético-MG vai implementar o gramado sintético na Arena MRV.

Há, ainda, a Ligga Arena, do Athletico-PR, que jogou a Série A em 2024, mas caiu para a segunda divisão.