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'Há espaço para o surfe crescer ainda mais', diz CEO da ASP

Havaí – No ano passado, a ZoSea Media adquiriu a ASP (Associação dos Surfistas Profissionais), entidade que estava em crise e sem dinheiro, e colocou Paul Speaker, um ex-dirigente da NFL, a liga profissional de futebol americano, como CEO. Ele começou a promover mudanças no esporte e agora, após uma temporada inteira no comando, faz um balanço do mercado do surfe no mundo. O executivo falou ao “Estadão” com exclusividade, em entrevista publicada nesta segunda-feira.

Estadão – Quais foram as maiores dificuldades nesta temporada para realizar as etapas?

Paulo Speaker – Entre todos os esportes, o surfe é disputado no campo de jogo mais dinâmico: o oceano. O maior desafio, e tem sido desde a sua criação, é conseguir criar um produto de entretenimento em torno disso. Temos investido fortemente para obter bons resultados e nossos comissários fizeram um trabalho tremendo em colocar os melhores surfistas do mundo nas melhores condições possíveis. Tivemos ondas incríveis este ano e as performances superaram todas as expectativas.

Estadão – Quais são os desafios para as próximas temporadas?

PS – Queremos assegurar que as informações sobre os melhores surfistas do mundo, da forma mais dinâmica possível e através de tantos meios quanto for possível, são uma prioridade fundamental para a empresa. Nossa base de fãs é muito grande e é internacional, e você verá o investimento esportivo para garantir que a audiência alcance o mais alto nível.

Estadão – Como você avalia o surfe enquanto negócio?

PS – Eu era da National Football League na década de 1990 e vejo incríveis semelhanças entre a NFL da época e o surfe profissional agora. Temos um produto com capacidade atlética incomparável, aventura e drama competitivo, e vamos continuar a investir em contar as histórias que inspiram nossos atletas. O surfe profissional é divertido, é sexy, é incrivelmente dinâmico e está pronto para crescer de uma forma tremenda nos próximos anos.

Estadão – Qual é a importância do Brasil no esporte?

PS – O Brasil tem sido uma parte do esporte desde a sua criação. O País tem tratado o surfe como um esporte legítimo, não muito diferente de futebol ou Fórmula 1. Existe também um investimento em programas de formação, com a realização de eventos Júnior e do WQS, bem como a etapa do Circuito Mundial. Há investimento em atletas e agora estamos vendo os resultados disso, não só pela quantidade de surfistas brasileiros na elite, mas também pela qualidade – eles estão empurrando os limites em todos os eventos e estamos vendo agora o primeiro campeão mundial brasileiro. É uma história incrível. Gabriel Medina é o produto de todos os que vieram antes dele e da crença depositada nele por seu país.

Estadão – Quanto foi investido até agora?

PS – Como uma empresa privada, não discutimos detalhes financeiros ou operacionais, mas a nova administração da ASP – que agora se chamará Liga Mundial de Surfe (WSL) – não vê o nosso compromisso como uma ação de curto prazo. Nós vamos estar aqui por décadas, porque este é um produto pelo qual estamos incrivelmente apaixonados.

Estadão – Há espaço para o surfe se tornar mais popular?

PS – Com certeza, há espaço para espaço para crescer ainda mais. Nós apenas concluímos uma temporada completa desde a aquisição, e os números foram surpreendentes. Nosso crescimento de audiência na transmissão televisiva, na internet e nas redes sociais superou nossas expectativas iniciais e esperamos que isso continue a crescer significativamente nos próximos anos.

Estadão – O que pode ser melhorado em termos de organização?

PS – Nós ainda estamos aprendendo, e por isso estamos constantemente buscando aperfeiçoar nossas equipes e os processos para garantir que estamos oferecendo o melhor produto.

Estadão – O Circuito Mundial terá 12 eventos no ano que vem, com a inclusão da Indonésia?

PS – A Indonésia é uma opção para o futuro, mas não temos planos para incluí-la em 2015.