São Paulo – Um clube de ex-funcionários da Eletropaulo em São Paulo vai virar um pedacinho da Holanda durante a Copa do Mundo. Às margens da Represa de Guarapiranga, os torcedores estão montando o “Orange Camping”, acampamento tradicional para os torcedores holandeses que costuma ser feito em todo grande evento esportivo internacional. No fim de semana, os equipamentos chegaram e os organizadores e voluntários colocaram a mão na massa para montar a estrutura de hospedagem.
“Fazemos isso há 12 anos e posso dizer que a vinda para o Brasil foi a mais difícil. É um país de dimensões continentais, visitamos vários lugares, mas acabamos encontrando esse ponto que é um paraíso, na beira da represa, com área verde e muito espaço”, conta Daniel Frankenhuis, diretor do acampamento – na verdade, uma empresa que oferece os serviços para os torcedores e que também está cuidando do espaço para os torcedores belgas no Rio.
São esperadas 600 pessoas diariamente, mas, no auge (véspera da partida entre Holanda e Chile em São Paulo, no Itaquerão), o acampamento terá 2 mil torcedores. “No dia 22 faremos a maior festa aqui, teremos DJs e bandas do nosso país, vai ser uma loucura. Todo mundo vai se divertir”, garante. Ele revela ainda que a organização cogita criar uma cópia da festividade Nieuwjaarsduik, quando milhares de pessoas entram na água gelada no primeiro dia do ano na Europa. “Queremos fazer isso aqui na beira da represa. Serão 5 mil pessoas entrando na água ao mesmo tempo”, diz, entusiasmado.
Daniel ajudou a montar toda a logística para a criação do acampamento em São Paulo. Houve conversas até com ministros, que mencionaram que talvez pudesse ter um espaço na região de Interlagos. Foi assim que eles chegaram ao ADC Eletropaulo, um clube de ex-funcionários da empresa de energia. Paulo Marinheiro, que trabalhou e se aposentou na empresa, explica que voluntariamente ajuda na manutenção do espaço. Ele foi o contato dos holandeses no Brasil e está feliz pela presença dos europeus. “É importante que eles estejam aqui.”
No acordo para a realização do acampamento, Marinheiro ajudou com a estrutura e promoveu acertos para receber os turistas. “Os banheiros e vestiários já existiam, mas eles colocaram divisórias entre os chuveiros. Temos água quente, piscina, quadra de tênis e de futebol, sem contar a parte náutica”, explica Dieuwertje de Beer, que levou a reportagem do Estado para uma volta no espaço. “Nós trouxemos as barracas da Holanda e compramos o restante do material aqui no Brasil”, continua.
As barracas levaram seis semanas para chegar a São Paulo, vindas em contêineres por navio. No fim de semana, 80 pessoas que já estão no acampamento ajudaram a montar todas as barracas – são 400 no total, sendo 100 na versão luxo (mais cara e em formato de casa, com capacidade para dois beliches) e 300 na versão simples, que já vêm com travesseiro, saco de dormir e colchão inflável de solteiro. “As camas das barracas luxo nós fizemos aqui. Compramos a madeira, os colchões e construímos tudo”, afirma Dieuwertje.
ECONOMIA – Uma diária no acampamento sai por volta de 80 euros por pessoa, cerca de R$ 245. Isso inclui café da manhã, almoço e jantar, que são feitos por um bufê contratado. “Só não inclui bebida”, lembra Dieuwertje. Os organizadores entendem que, além de ser uma forma de viajar que já faz parte da cultura dos holandeses, também é mais barato do que encarar os preços altos dos hotéis no Brasil, ainda mais no período da Copa. Pelas estimativas, cerca de 10 mil torcedores da Holanda irão ao primeiro jogo, em Salvador, contra a Espanha.
De lá, eles seguem para São Paulo. Dia 18, os fãs vão a Porto Alegre em voo fretado, para acompanhar a partida contra a Austrália no Beira Rio. Retornam mais uma vez a São Paulo e ficam na concentração até o jogo do dia 23, no Itaquerão, contra o Chile. “A vaga será decidida nesse jogo”, acredita Daniel.
O acampamento estará montado até dia 26. A partir daí, caso a Holanda se classifique, os torcedores vão para o Rio e lá montarão outra estrutura para apoiar a seleção. Mas, independentemente do resultado, a comemoração está pronta. “Não é um mero acampamento, é uma festa”, define Daniel.