Teresópolis – A luz amarela no ataque da seleção brasileira não reflete o uniforme da equipe. Está cada vez mais evidente para a comissão técnica que o desempenho de Fred na Copa do Mundo é uma incógnita. O atacante vive, desde 2013, num vaivém de contusões, o que o fragiliza fisicamente. A atuação ruim na goleada do Brasil sobre o Panamá (4 a 0), nesta terça, não soou como surpresa para quem observou com mais atenção seu rendimento nos dois coletivos realizados desde que a equipe se apresentou na cidade serrana de Teresópolis há 11 dias.
Nos treinos e no amistoso disputado em Goiânia, Fred não fez nenhum gol, teve dificuldades para se livrar dos marcadores. Parecia lento em alguns momentos, desperdiçou ataques e, num dos coletivos, chegou a tropeçar com a bola. Para ele, voltar a fazer gols é uma questão de tempo e de oportunidade. Diz que prefere não se afobar e reconhece que sua forma física é inadequada. “A falta de gols não me preocupa. Daqui a pouco, tudo vai mudar”, afirmou.
Em 2013, Fred foi o artilheiro da Copa das Confederações e decisivo no título da seleção brasileira. Mostrou poder de superação. Antes da competição, sofrera dois problemas, uma entorse no joelho direito e uma dor nas costas.
Nada que o impedisse de se recuperar a tempo para despontar ao lado de Neymar como o destaque da equipe, principalmente na final contra a Espanha, em que marcou dois gols. O histórico de contusões teve um novo capítulo em setembro, com uma grave lesão na coxa direita. Ao todo, no ano passado, Fred ficou sem condições de jogo por quatro meses. Na temporada, pelo Fluminense, atuou em 25 partidas e marcou apenas oito gols.
SÉRIE DE CONTUSÕES – No início de 2014, ele deu sequência à serie de contusões e desfalcou o Fluminense várias vezes no Campeonato Carioca. Em fevereiro, embora ressaltando sua confiança na recuperação do atleta, o coordenador técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira, falou que os problemas de Fred não podiam ser desconsiderados.
Até mesmo a convocação para o amistoso com a África do Sul, em março, foi feita em duas etapas por causa de Fred. Primeiro, o técnico Luiz Felipe Scolari chamou os “estrangeiros”. Esperou mais alguns dias para completar a relação, com três atletas em atividade no País: Victor, Jô e Fred. Ele, antes, queria saber a reação do atacante em jogos pelo Flu.
Fred teve atuação apagada nesse amistoso contra os africanos que antecedeu à convocação para a Copa – a lista anunciada em 7 de maio confirmou sua presença na equipe.
Antes da apresentação dos 23 convocados em Teresópolis, Fred deu sinais claros de que melhorava, tanto técnica quanto fisicamente. Fez alguns gols pelo Tricolor, mas, ainda assim, demonstrava estar distante do Fred que o torcedor exultou na Copa das Confederações.
Os treinos na cidade serrana e o amistoso contra o Panamá deixaram interrogações para quem acompanha a seleção. Fred estaria se poupando para render na hora certa ou seu estado geral ainda é o maior adversário para voltar a ser decisivo? Em Goiânia, ao ser substituído aos 15 minutos do segundo tempo por Jô, Fred recebeu aplausos. Bem mais tímidos, é verdade, dos que ele ouviu nos jogos oficiais pela seleção em 2013.