Racismo no futebol

Leila Pereira diz que foi ignorada pela Conmebol e que resolverá caso de racismo na Fifa

Leila Pereira falou sobre o caso de racismo sofrido por um jogador do time sub-20 do Palmeiras em jogo contra o Cerro Porteño no Paraguai

Coletiva da presidente Leila Pereira (07/03/2025)
Coletiva da presidente Leila Pereira (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, comentou sobre os atos racistas dos quais foi vítima o jovem atacante Luighi, de 18 anos, em jogo contra o Cerro Porteño pela Libertadores Sub-20, na noite de quinta-feira (6), no Paraguai.

A dirigente repetiu que o clube alviverde irá até as “últimas instâncias” para que o torcedor racista e o Cerro Porteño sejam punidos de forma exemplar e afirmou que pedirá a exclusão do time paraguaio da competição. “Fomos à Conmebol e, se for necessário, vamos até a Fifa”.

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“Vamos tomar medidas drásticas”, promete Leila

Leila Pereira falou sobre o assunto nesta sexta-feira (7), na coletiva de imprensa que marcou também a apresentação do atacante Vitor Roque como reforço do Palmeiras.

A dirigente lembrou que o caso de agressão racista ao jovem Luighi não foi o primeiro em jogos do time no Paraguai.

“Não é a primeira vez que nossos atletas são atacados por racistas em um jogo contra o Cerro Porteño. O árbitro não acatou uma recomendação da Fifa, que é paralisar o jogo. O policial falou para nosso diretor de futebol que aquilo era normal, uma brincadeira. Basta! O Palmeiras não vai suportar mais qualquer tipo de crime contra nossos atletas. Vamos tomar medidas drásticas”, prometeu Leila Pereira.

Cusparadas e gestos imitando macaco

O jogador do time sub-20 do Palmeiras foi alvo de cusparadas dos torcedores no estádio Gunther Vogul, na região metropolitana de Assunção, no Paraguai, e relatou ter sido chamado de “macaco”.

Pelas imagens da transmissão da TV, foi possível ver um homem com uma criança no colo imitando um macaco em direção ao atacante e também ao meio-campista Figueiredo.

A presidente do Palmeiras contou ter sido ignorada pelo presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez. “Não consegui falar com ele. A Conmebol está sendo muito displicente. Estou tentando desde ontem e não consegui”.

Leila descarta abandonar a competição

Leila diz ter ligado para o jogador ainda na noite de quinta-feira. Luighi também tem recebido apoio psicológico dos profissionais do clube no Paraguai, onde segue a delegação palmeirense. Classificada às semifinais, a equipe não cogita abandonar a competição.

“Sou totalmente contra nos retirarmos da competição. Estaríamos punindo a vítima. São meninos. O sonho deles é brilhar no futebol. Quem tem que ser punido é o criminoso. Continuaremos competindo e nunca abandonaremos o campo. Vamos lutar por punições aos clubes e aos criminosos. Os clubes são coniventes”, explicou a cartola.

Os advogados do Palmeiras estão conversando com a Conmebol e com a CBF, disse a dirigente, para que as punições sejam aplicadas ao time paraguaio e ao autor do insulto racista. “Como não conseguimos medida efetiva na Conmebol, vamos lutar na CBF e na Fifa. Fico meio descrente, mas vou continuar conversando”.

Apoio de Vini Jr. e de clubes rivais

Luighi recebeu apoio do Palmeiras e de Vinícius Júnior, um dos jogadores que mais luta contra o racismo que sofre sistematicamente na Espanha, além de outros clubes rivais no time alviverde, casos de Corinthians, São Paulo e Santos.

“A gente sempre vai encontrar pessoas má intencionadas na vida, mas não podemos deixar que isso atrapalhe nossos sonhos. Falei isso pra ele”, contou Leila Pereira.

Luighi
Luighi chora ao falar de caso de racismo Foto: Reprodução / Sportv

Ao final do jogo, Luighi chorou e deu uma entrevista contundente e corajosa. Ele questionou o repórter da Conmebol, que preferiu perguntar sobre a partida e ignorar os insultos racistas do qual foi vítima o palmeirense.

“É sério isso? Fizeram racismo comigo. Até quando? O que fizeram comigo foi crime. Você vai perguntar sobre o jogo mesmo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? Você não ia perguntar sobre isso, né? Fizeram um crime comigo. Aqui é formação, a gente tá aprendendo aqui.”