Karen Marchesi, apaixonada por fotos, virou fotógrafa esportiva graças ao filho atleta. A mãe de Murilo Marchesi, de 14 anos, jogador do sub-15 do Porto Vitória, deixou para trás a vida de assistente social para empreender no mundo da fotografia esportiva e ficar mais próxima das crianças.
O que era apenas um hobby virou profissão. Karen se tornou referência na fotografia esportiva do Espírito Santo após sete anos atuando na área.
Especializada em fotografar torneios de base e juvenis, Karen “ajuda atletas a terem recordações”, como ela mesma diz.
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Fotógrafa esportiva eterniza momentos marcantes
Hoje, aos 46 anos, a fotógrafa esportiva tem a própria empresa de fotografia esportiva. Com foco nos torneios juvenis, o “Show de Bola Fotografia” clica e eterniza momentos marcantes para as famílias.
Karen já registrou o começo de trajetórias de jogadores que chegaram à seleção brasileira de base.
É gratificante ser referência para as crianças e pais, que olham para os registros e lembram da gente e dos momentos. A fotografia tem essa mágica, destaca.
Paixão por fotografia herdada da mãe
Karen sempre foi apaixonada por fotos, uma paixão que veio da mãe, dona Zuleika, que sempre deu valor aos registros fotográficos e às memórias da família.
“Quando eu quebrei o meu braço quando pequena, ainda não tinha câmera fotográfica na casa da minha família. Minha mãe me levou para um estúdio para tirar foto com o braço quebrado. Minha família sempre deu importância para registrar momentos”, conta a fotógrafa.
Essa paixão passou para a filha, que começou nas fotos como um passatempo. Para ela, a fotografia deixa um registro para o futuro e reforça memórias. Até hoje, ela revela as fotos da família para tê-las materializadas e não correr o risco de perdê-las.
Convite para fotografar jogos do time do filho
Karen era assistente social e trabalhava com carteira assinada por 15 anos. Ela levava o filho para a escolinha de futebol Zico 10, na Serra, e acompanhava os jogos do menino.
Há 7 anos, recebeu o convite da coordenadora da escolinha para fotografar as partidas do time do filho e deixou para trás a vida de CLT para ser fotógrafa profissional.
A mudança provocou uma reviravolta na vida e na carreira de Karen. A nova rotina possibilitou que ela ficasse muito mais perto dos filhos Murilo e Maitê, atualmente com 15 e 11 anos, respectivamente.
Durante a semana, cuida deles e, nos finais de semana, trabalha com a fotografia, além de acompanhar Murilo no futebol.
“Ganhava muito menos quando migrei. Mas ficar perto dos filhos e estar no dia a dia não tem preço. Dou muito valor ao tempo de qualidade que passo com eles”, destaca.
Aos poucos, os pais foram gostando cada vez mais do trabalho de Karen e pediam fotos dos filhos. Mas, do próprio filho, Karen não conseguia acertar no clique.
“Do filho dos outros eu tirava fotos boas, mas do meu não conseguia. Era muita emoção. Depois de seis meses de espera, consegui tirar uma foto boa do Murilo. Ele fez um gol e foi correndo em direção à minha lente fazendo um coração. Foi um marco para mim como fotógrafa, virou um quadro em casa”, revelou.
Legenda: Primeira foto que Karen tirou de Murilo virou quadro na casa da família. Foto: Arquivo pessoal
Futebol ganha espaço especial no coração
Além da paixão pelas fotos, o futebol também foi ganhando um lugar especial no coração de Karen e da família.
Com o sonho de Murilo de se tornar jogador, a família passou a viver cada vez mais o esporte. Cada um tem sua função: enquanto o filho joga e a mãe tira fotos, o pai e até a filha, aos 11 anos, ajudam a vender as fotografias.
Em 2024, Murilo chegou a ser aprovado na base do Bahia. Ele, a mãe e a irmã se mudaram para Salvador por oito meses.
“Quando o filho gosta de algo, a gente embarca no sonho junto com ele. Ele quer ser jogador e corre atrás do sonho todo dia. Eu sempre falo para ele e Maitê: ‘sonhem alto'”, afirma a fotógrafa.
Além dos torneios juvenis, Karen também cobre eventos profissionais. Durante o tempo em que esteve em Salvador, Karen teve a oportunidade de fotografar a Seleção Brasileira Feminina e um gol da Rainha Marta, na Arena Fonte Nova.
Karen conta que a experiência foi marcante não só por fotografar um evento grande e com grandes estrelas do futebol mundial, mas por ver muitas mulheres trabalhando no esporte naquela noite.
Ela destacou que, em um universo predominantemente masculino, a presença de mulheres como maioria em um jogo foi algo marcante.
“Foi épico! Por ser a seleção feminina e por serem mulheres que a gente admira. Mas o que mais me impressionou foi que eu olhava para todos os lados e a maioria das pessoas que eu via eram mulheres. Jogadoras mulheres, fotógrafas mulheres, comissão técnica mulheres, cinegrafista mulher… eu nunca tinha trabalhado com uma cinegrafista mulher. Foi impressionante e maravilhoso a gente estar em maioria”, descreveu Karen.
*Texto sob a supervisão da editora Erika Santos