A preparação que Erick Silva realizou para o duelo contra Matt Brown foi focada na resistência física, com o objetivo de aguentar cinco rounds de uma verdadeira batalha. Mas o meio-médio capixaba deu fortes sinais de cansaço bem antes do previsto, ainda no primeiro round, logo após pegar as costas do americano. O boxeador Esquiva Falcão fez várias provocações quanto ao preparo físico de Erick.
Sem sucesso na tentativa de finalização, ele viu o adversário se recuperar do chute que levou na área abdominal bem no início e inverter a situação. Brown castigou Erick com muitos golpes e venceu por nocaute técnico no terceiro assalto. O capixaba contou que ainda busca entender o que houve.
“No primeiro round eu estava bem. Fiz o planejado, que era explorar bastante os chutes. Consegui conectar um chute muito bom, e a gente estava treinando bastante aquele golpe. Era uma brecha que eu via que poderia pegá-lo, e realmente entrou. Ele sentiu bastante, e tentei finalizar. Com certeza ele deve ter treinado muito jiu-jítsu, pegada de costas, defesa”, disse o lutador.
Erick contou ainda que durante os ataques ele se defendeu bem, no entanto, reconhece que não sabe o que aconteceu durante a luta. “Eu treinei mais do que todo mundo. Treinei muito, fiz de tudo na academia para essa luta. Fazia cinco rounds com atletas diferentes. Eu e minha equipe estávamos muito confiantes para essa luta porque sabíamos que eu estava bem treinado”, contou.
E prosseguiu: “Poxa, eu cansava de postar coisas falando que eu estava com gás para cinco rounds, e realmente eu estava. Na academia eu treinei mais do que todos, me dediquei mais do que todos, fiz todos os meus sparrings. Todos que treinaram comigo não conseguiram me acompanhar. Não entendi. Cansei muito no primeiro round, tanto que fiquei assustado quando me senti cansado. Quando senti minhas pernas cansadas, falei para o Distak: “Não entendo”. Senti um golpe baixo, mas não sei o que foi. Não sei se foi a recuperação, a adrenalina, confesso que não sei”, disse, por telefone.
Erick Silva valorizou o desempenho e a garra de Matt Brown e admitiu que ainda não está pronto para disputar espaço com os melhores lutadores da categoria dos meio-médios (até 77kg). Antes mesmo do duelo ele já havia demonstrado humildade, quando afirmou que não estava preparado para encarar um top 5 da divisão.
“Encarei um cara muito duro. Fiquei surpreso com a garra do Matt Brown. Lembro que eu estava nas costas dele, e ele estava gemendo e gritando de dor. O cara persistiu ali, mérito dele. É muito duro, muito raçudo e mereceu ganhar. Ele veio para cima com tudo. A gente ouve as pessoas falando, por que eu não golpeei mais? Realmente não entendo. O corpo não estava respondendo”, disse.
O lutador capixaba garante que estava preparado para o confronto, mas que agora vai buscar fazer uma avaliação do que pode ter causado a derrota, além de identificar e corrigir os erros. Segundo ele, a perda de peso pode ter influenciado no seu desempenho.
“Não quero botar a culpa em nada. Nessa luta consegui ver que meu lugar ainda não é disputando entre os tops. Os caras estão muito na minha frente. Lógico que não vou desistir. Vou continuar no meu caminho e subir degrau por degrau, do jeito que tem que ser. Com certeza vou voltar e pretendo voltar logo com uma boa vitória”, declarou.
O capixaba fica em Cincinnati (EUA), palco da luta, até quarta-feira, na companhia do irmão Gabriel Silva e de seu pai, José Nunes. Ele quer aproveitar o tempo para conhecer a cidade e fazer compras. Depois, Erick viaja para o Espírito Santo, onde ficará uma semana com o filho, Kalléu, antes de levá-lo para passar alguns dias no Rio de Janeiro. Apesar de ter sofrido bastante no combate, o lutador garantiu que está bem e explicou que as medidas tomadas pelos médicos, como ter deixado o octógono de maca, foram só por precaução. Não houve nenhuma lesão grave ou fratura, apenas 12 pontos levados no rosto.
“Fisicamente estou bem, tranquilo. Essas suspeitas (de concussão e fratura no maxilar) foram mais uma forma de precaução. As pessoas acabaram aumentando um pouco mais, mas é claro, ninguém sabia de nada. E os médicos americanos são bem cautelosos. Eu queria sair em pé, e eles não deixaram de jeito nenhum. Eu queria sair andando, mas me mandaram sentar e depois deitar. Realmente tomei muitos golpes, muita pancada, mas foi tranquilo. Fiz a ressonância, tive todos os cuidados dos médicos aqui em Cincinnati, e foi ótimo. Não tive nada, nenhuma lesão. Graças a Deus estou muito bem. Só tive alguns cortes, um na testa e outro no supercílio. Tomei 12 pontinhos e estou tranquilo. Hoje (domingo) já andei para cima e para baixo, comi. Enfim, fisicamente estou muito bem”, afirmou.
Erick admitiu que o nervosismo, apesar de ser uma coisa normal, pode ter prejudicado sua resistência no decorrer da luta, mas ainda busca uma razão maior e mais clara. “Creio que sim, mas é o que eu falo. Se a gente está bem treinado, nosso corpo tende a responder bem. Eu realmente estava bastante preocupado com isso tudo, bastante nervoso, mas acho que todo atleta sente isso”.
Com duas lutas em menos de três meses, Erick agora planeja descansar um pouco e depois focar nos treinos e na evolução como atleta. O capixaba vai seguir na equipe XGym, mas também vai em busca de aprendizado nos EUA, uma novidade para ele até aqui.
“Vou usar esse tempo para vir para os Estados Unidos. Estou fechando alguns treinos aqui, com umas pessoas ainda em “off”. Com certeza vai ser muito proveitoso. Preciso conhecer novos ares. Quero realmente treinar bastante e focar como nunca para minha próxima luta. Não pretendo estar lutando agora, diferentemente do que fiz na última vez, quando tive que segurar um pouco para não treinar demais. Pretendo focar no meu aprendizado agora, em aperfeiçoar minhas técnicas e evoluir bastante. Sei que tenho que evoluir bastante. É nisso que vou focar, em vir para os Estados Unidos, treinar aqui, evoluir, e depois eu penso em marcar alguma luta. Não tenho ideia de quando volto a lutar”.
Erick fez questão de enaltecer o trabalho de sua equipe, comandado pelo treinador Josuel Distak, ao mesmo tempo em que falou da necessidade de encontrar o que está faltando.
“Sei que falta algo ainda no meu jogo. Sei também que tenho condições, sim, de estar chegando perto. Não é à toa que eu sempre tenho oportunidades de acabar com a luta, mas não consigo acabar. Então, tenho que procurar onde estão essas falhas. Tenho que procurar pessoas novas que possam me ajudar. Meus treinadores para esse camp foram excelentes. Foi um camp maravilhoso. Mas tenho que procurar coisas para eu mesmo sentir se estou no caminho correto”, ratificou.
Os detalhes dessa nova fase, no entanto, ainda são mantidos em sigilo por Erick Silva. Ele quer fechar tudo primeiro, antes de anunciar qualquer coisa.
“A gente está fechando. Estou combinando direitinho. Depois que estiver realmente certo, eu falo. Agora não adianta porque a gente tem que ver tempo, quando vai ser o camp, tudo direitinho. E, se realmente sair, vai ser legal. É o que eu quero. Mas deixa rolar um pouco. Vai ser um aprendizado muito bom para mim. Tenho certeza que vou evoluir mais e mais”, finalizou o lutador.
Todos os resultados
Card principal
Matt Brown nocauteou Erick Silva a 2min11 do 3º round
Costa Philippou nocauteou Lorenz Larkin a 3min27 do 1º round
Daron Cruickshank nocauteou Erik Koch a 3min21 do 1º round
Neil Magny venceu Tim Means por pontos, em decisão unânime
Soa Palelei nocauteou Ruan Potts a 2min20 do 1º round
Chris Cariaso venceu Louis Smolka por pontos, em decisão unânime
Card preliminar
Ed Herman venceu Rafael Sapo por pontos, em decisão unânime
Kyoji Horiguchi venceu Darrell Montague por pontos, em decisão unânime
Zak Cummings venceu Yan Cabral por pontos, em decisão unânime
Johnny Eduardo nocauteou Eddie Wineland a 4min37 do 1º round
Nik Lentz venceu Manny Gamburyan por pontos, em decisão unânime
Justin Salas nocauteou Ben Wall a 2min41 do 1º round
Albert Tumenov nocauteou Anthony Lapsley a 3min56 do 1º round