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"Seleção do Povo", Neymar e feijão com arroz; como foi a apresentação de Dorival como técnico da Seleção

Dorival `Júnior é apresentado oficialmente como novo técnico da Seleção Brasileira e promete encontrar um caminho de vitórias até a Copa do Mundo de 2026

Foto: Staff Images / CBF

Dorival Júnior iniciou, na tarde desta quinta-feira (11), o seu trabalho como novo técnico da Seleção Brasileira. Em sua apresentação oficial, na sede da CBF, no Rio, o treinador de 61 anos ficou emocionado ao lembrar da sua trajetória até aqui e mostrou confiança na função.

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Nas suas primeiras palavras como treinador da seleção pentacampeã mundial, Dorival, que deixou o São Paulo para aceitar o convite da CBF, prometeu fazer a Seleção Brasileira encontrar o caminho das vitórias até a Copa do Mundo de 2026. Ele também falou sobre Neymar, com quem teve um episódio de insubordinação no Santos em 2010, e sobre a fama de fazer um “feijão com arroz” nas suas equipes, sem inventar muito.

E garantiu:

“A partir de agora, não é a Seleção do Dorival, é a Seleção do povo brasileiro!”

Dorival nasceu em Araraquara (SP) e tem como principais conquistas como treinador os títulos da Libertadores de 2022, pelo Flamengo, das Copas do Brasil de 2010 (Santos), 2022 (Flamengo) e 2023 (São Paulo).

Veja os principais momentos da entrevista:

Emoção com o convite

“Estou, sinceramente, emocionado, depois de tudo que eu vivi, de tudo que eu passei. E principalmente nos últimos seis, sete anos, conseguindo vencer dois momentos de muitas dificuldades dentro da minha casa. A minha esposa com um câncer muito agressivo, logo em seguida eu também fui diagnosticado. Isso me fortaleceu ainda mais e pude repensar pontos da minha carreira. São praticamente 54 anos em que o futebol vive dentro da minha casa.”

Estilo de jogo

“Em todas as equipes, eu me adaptei à equipe. Nunca chego com sistema pré-estabelecido. Prefiro identificar o que eu tenho à mão e, depois, empregar um sistema. Números, para mim, são relativos: 3-5-2, 4-3-3, para mim isso é balela. Quero defender com maior número possível e atacar com o maior número possível de jogadores. Muito difícil falar agora entre os sistemas do Fernando (Diniz), do Ancelotti, até porque eles estão em clubes. E dentro de uma Seleção é um pouquinho diferente. Esse encaixe é fundamental para que, na prática, as coisas deem encaixe.”

Relação com Neymar

“O Brasil tem que aprender a jogar sem o Neymar. Porque agora ele tem uma lesão. Mas nós temos um dos três maiores jogadores do mundo, e depois vamos contar com ele. Não tenho problema nenhum com o Ney. A proporção que aquela situação tomou foi desproporcional. Após aquela partida nós já estávamos conversando. A diretoria do Santos tomou uma decisão e eu respeitei. Mas sempre que nos encontramos foi uma situação positiva. O futebol é muito dinâmico. O céu e o inferno estão a um palmo de distância.”

Foto: Staff Imaages/CBF
Dorival Júnior cumprimenta o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues: técnico evitou falar sobre a CBF

Crise política na CBF

“Sobre instabilidade política é um assunto em que eu não entro. Tenho a confiança do presidente para fazer meu trabalho daqui para frente, preparar a equipe, ganhar jogos e chegar numa Copa do Mundo que será muito disputada. Vou trabalhar neste sentido, me preparei muito para estar aqui. Tenho uma convicção muito grande que a seleção brasileira vai alcançar seus objetivos.”

Relação com o torcedor

” Tite fez um dos trabalhos mais bonitos dos últimos anos em relação a uma Seleção. Infelizmente, os resultados acabaram não acontecendo nas duas Copas. Mas foi trabalho de altíssimo nível. Acredito que ele tenha feito o máximo possível para encontrar um pouco mais essa aproximação com o torcedor. Conto muito com a presença e participação de vocês, com sugestões e ideias, para mudar um pouco esse contexto. Para fazer com que a Seleção seja realmente a Seleção do povo brasileiro. O camarada perdeu o carinho e amor pela Seleção Brasileira. Temos que mudar isso. Só vamos mudar quando parar de dividir, temos que somar esforços.”

Convocação para a Copa América e desfalque para os times

“Sofri bastante com tudo isso, mas nunca tirei a possiblidade de um profissional estar à frente do seu maior sonho. Em 2016, o Santos disputando a ponta do Campeonato Brasileiro. De repente, nas Olimpíadas perdemos o Gabigol, Zeca e Thiago Maia. Na sequência, Copa América, mais três jogadores do Santos convocados. Foi um problema muito sério e o Santos ainda conseguiu um vice-campeonato daquela competição. Sei o quanto pesa a saída desses jogadores, mas o quanto são importantes na Seleção. Temos que ter equilíbrio entre necessidade e a vontade do seu clube. Mas não é fácil. Já vivi o outro lado e agora vou ter que pensar dessa forma e me colocar na situação do outro treinador, do lado oposto. Não são situações fáceis.”

“Feijão com arroz”

“Minha primeira equipe, o Figueirense, depois a quarta equipe, o Juventude, a 10ª equipe, que foi o Santos de 2010, a penúltima, o Flamengo, a última, o São Paulo… Todas jogavam de uma forma diferente. Então, esse feijão com arroz tinha sempre um tempero diferente de cada estado. Eu ajudei a salvar seis equipes grandes do rebaixamento. E cheguei a decisões importantes de competição. Não voltei três vezes ao Flamengo, duas ao Santos, duas ao São Paulo por acaso. Foi porque deixei algo plantado. Se foi um feijão, ou se foi um arroz, eu acho que agradei. E retornar é muito difícil. Em algumas eu havia ganho campeonatos, em outras não.”

Futebol bonito?

“Primamos por ter um futebol vistoso, bem jogado, mas acima de tudo efetivo. Não podemos deixar essas características. Temos que tentar manter o máximo possível. Temos que voltar a fazer grandes jogos. Todos nós temos que entender um pouco mais o que representa essa Seleção. Acima de tudo, que cada um assuma um pouco mais a responsabilidade quando forem convocados.”

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