Copa Vitória das Comunidades

Esportes

Além das quatro linhas: o futebol que abre portas para as mulheres

Finalistas da Copa Vitória das Comunidades, Estadual FC e MDE são exemplos concretos de que o futebol é ferramenta de transformação social para as mulheres

Flávio Dias

Redação Folha Vitória
Foto: Acervo pessoal
As irmãs Sara e Kamilly em ação pelo Estadual FC: gêmeas começaram jogando com os meninos

De um lado, o atual bicampeão da competição. Do outro, um projeto social que nasceu justamente para dar oportunidade e visibilidade às mulheres no futebol. Em comum, ambos são exemplos concretos de que o futebol é uma ferramenta incrível de transformação social, independentemente de quem levantar a taça.

A final feminina da Copa Vitória das Comunidades já é histórica antes mesmo de a bolar rolar, com a premiação de R$ 10 mil oferecida ao time campeão, mesmo valor do torneio masculino.

No domingo (30), jogam Estadual FC x MDE, às 7h30, no estádio Salvador Costa, o campo do Vitória Futebol Clube, em Bento Ferreira, na capital.

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

FERRAMENTA DE SOCIALIZAÇÃO

Os dois finalistas têm mais em comum do que o fato de serem as melhores equipes da competição. Dos dois lados, há exemplos de sobra de que o futebol vai além das vitórias e títulos: é um meio de socialização e empoderamento das meninas.

É assim, por exemplo, com as gêmeas Sara e Kamilly Silva, 21 anos. Juntas, elas têm três gols pelo Estadual FC na competição: dois da atacante Kamilly e um da zagueira Sara. O futebol entrou na vida das gêmeas graças ao irmão mais velho, Lucas.

Foto: Gabriel Cavalini
As gêmeas Kamilly (16) e Sara (14): irmãs marcaram, juntas, três gols pelo Estadual na competição

"A primeira pessoa que me levou pra jogar futebol foi meu irmão. Nós jogávamos com os meninos aqui no bairro mesmo. Tem um campinho de terra na rua de baixo da rua minha casa e meu irmão sempre levava a gente lá pra jogar. Ficávamos brincando lá e nunca mais parei de jogar", conta Sara.

Do campinho de terra do bairro Planeta, em Cariacica, elas foram vistas por um amigo da família, que ajudou as irmãs a acharem um time.

"Foi aí que começamos a treinar pra tentar realizar esse sonho. É algo que muita menina quer, mas não é vista, não tem muita chance de sair daqui do Estado. A gente não tem muita visibilidade, né? Estamos tendo agora com a Copa Vitória das Comunidades e tá sendo muito bom pra gente. Temos muito o que avançar em campo ainda, mas temos que agradecer muito pela oportunidade de estarmos sendo vistas nessa competição".

O futebol abriu portas e Sara, por exemplo, já recebeu convite para ganhar uma bolsa de estudos em uma faculdade.

"O futebol nos proporciona muitas coisas. Já fomos também jogar pelo Atlético Goianiense e já viajamos pra São Paulo pra jogar a Taça das Favelas", lembra Sara, animada com as experiências que tem vivido graças ao esporte:

"Com certeza, faltaria algo na minha vida sem o futebol. Este esporte é muito bom. Eu largaria tudo por ele, mas não o largaria".

FUTEBOL ALÉM DAS QUATRO LINHAS

O MDE é o atual vice-campeão da Copa Vitória das Comunidades. O nome do time é a sigla para Meninas do Espírito Santo (MDE), projeto social exclusivo para mulheres.

Chegar à final da principal competição de futebol amador do Estado é um prêmio e tanto. Mas a principal finalidade é dar oportunidade a mulheres que sonham em ser jogadoras profissionais e até mesmo para as que só buscam um lugar para praticar o esporte.

"O futebol feminino tem crescido muito nos últimos tempos, mas sempre com muitas dificuldades. Aqui no Espírito Santo, o futebol feminino tem ainda menos visibilidade. Há, por exemplo, falta de campos para treinar, condições financeiras para comparecer aos treinos e jogos, e muitas meninas têm filhos e precisam se desdobrar para conciliar trabalho, filhos e futebol. Uma pergunta que sempre fazem é: como temos motivação para jogar com todos esses desafios?", levanta a capitã do MDE, Maria Eduarda, a Madu.
Foto: Acervo pessoal
Capitã do MDE, Madu está no time desde a sua criação do projeto e vê avanços dentro e fora de campo

A resposta está justamente no que o esporte entrega fora de campo.

"Na minha opinião, o futebol vai muito além daquilo que vemos dentro das quatro linhas. O futebol tira meninas de problemas psicológicos, ajuda a sair de caminhos errados, e transforma qualquer um que o pratica".

No projeto desde o início, Madu comemora as conquistas da equipe, tanto em campo como fora dele.

"A importância do MDE para o futebol feminino no Estado é enorme. O MDE busca dar dignidade para as mulheres que sonham em ser jogadoras profissionais e até mesmo para as que só buscam um lugar para praticar. Este é um dos únicos projetos voltados completamente para mulheres, buscando garantir seu espaço dentro de campo e na área profissional. O MDE é um alicerce para essas mulheres e para projetos voltados ao feminino", explica.

FINAL NO DOMINGO

As gêmeas Sara e Kamilly e a capitã Madu vão se enfrentar no próximo domingo (30), na final da Copa Vitória das Comunidades entre Estadual FC e MDE.

É uma reedição da decisão do ano passado, vencida pelo Estadual, nos pênaltis, após empate em 0 a 0 no tempo normal.

O time campeão vai faturar R$ 10 mil de premiação, enquanto o vice fica com R$ 1 mil. A partida começa às 7h30, no estádio Salvador Costa, em Vitória. Logo depois, acontece a final masculina, entre Galáticos x Bavi, às 10 horas, com transmissão ao vivo pela TV Vitória e pelo canal de YouTube do Folha Vitória.

COPA VITÓRIA DAS COMUNIDADES

FINAIS

DOMINGO (30) / Estádio Salvador Costa
7H30 — Final feminina: Estadual FC x MDE
10h00 — Final masculina: Bavi x Galáticos

Entrada: gratuita

Pontos moeda