Esportes

Conheça os capixabas que vão competir nas Olimpíadas de Paris

Conheça as histórias dos atletas capixabas nos Jogos Olímpicos de Paris e saiba mais sobre a tradição do Espírito Santo em Olimpíadas

Flávio Dias

Redação Folha Vitória
Foto: Montagem/Folha Vitória

Eles nasceram ou foram criados no Espírito Santo. E estão na maior competição esportiva do mundo. Conheça agora a história de nove atletas que já escreveram seus nomes na história das Olimpíadas.

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A lista tem candidatos à medalha, como André Stein, do vôlei de praia, um estreante em Jogos Olímpicos, mas com currículo que o credencia ao pódio. E também nomes que podem surpreender, como Déborah Medrado e Sofia Madeira, ambas da seleção brasileira de conjunto de ginástica rítmica que evoluiu no último ciclo olímpico e ameaça as favoritas em Paris.

A relação ainda conta com atletas que farão exibições na Olimpíada, em modalidades convocadas para testar e atrair novos públicos, com beach handebol e disputa mista por equipes no taekwondo.

CONHEÇA OS CAPIXABAS OLÍMPICOS EM PARIS

Foto: @acbolzan

ANA CLAUDIA BOLZAN

28 anos
Handebol
Participações em Olimpíadas: estreante

Ana Claudia Bolzan é da cidade de Mantenópolis, na divisa do Espírito Santo com Minas Gerais, e defende a seleção brasileira de handebol. Atleta do Benfica, de Portugal, jogou pelo Pinheiros/SP antes de se transferir para a Europa. A capixaba foi convocada como suplente, ou seja, participará dos treinos, mas só será relacionada para jogos em caso de lesão de outra jogadora.

A ponta esquerda começou a se destacar na modalidade atuando pelo Colégio Castro Alves, de Cariacica, sendo campeã dos Jogos Escolares do Espírito Santo, entre 2010 e 2013, e participando e conquistando etapas nacionais e internacionais.

Ana Claudia Bolzan foi convocada para disputar sua primeira Olimpíada, numa modalidade que já rendeu ao Espírito Santo uma melhor jogadora do mundo. Em 2012, Alexandra Nascimento, de Vila Velha, foi eleita a melhor ponta direita dos Jogos Olímpicos de Londres, competição na qual o Brasil foi sexto colocado. Um ano depois, a capixaba foi uma das jogadoras mais importantes do inédito título mundial da seleção brasileira.

Foto: Luiza Moraes / COB

ANDRÉ STEIN

29 anos
Vôlei de praia
Participações em Olimpíadas: estreante

André é estreante em Jogos Olímpicos, mas sua dupla com o paraibano George chega como uma das candidatas ao pódio, dentro das cinco melhores duplas do ranking mundial.

O capixaba de Vila Velha defende uma tradição. Afinal, o vôlei de praia do Estado já teve cinco atletas olímpicos: Loiola (Sydney-2000), Fábio Luiz (Pequim-2008), Larissa (Londres-2012 e Rio-2016), Alison (Londres-2012 e Rio-2016) e Bruno Schmidt (Rio-2016), sendo que os últimos quatro foram medalhistas.

“Nosso Estado tem muita tradição no vôlei de praia. Fico feliz de estar entre esses grandes nomes do nosso esporte. Pude conhecer cada um deles e, inclusive, treinar junto. Espero manter essa tradição e trazer mais uma medalha para a gente”, conta André.

Campeão mundial em 2017, campeão do Circuito Mundial em 2017, tetracampeão do Circuito Brasileiro (2017/18, 2019/20, 2020/21 e 2022), André já é um dos maiores do esporte no País. Mas quer mais: “Já pude viver grandes emoções nesse esporte, já ganhei todos os principais títulos no vôlei de praia, mas ainda falta a medalha olímpica.”

Foto: Luiz Neto/CBG

DÉBORAH MEDRADO

22 anos
Ginástica rítmica
Participações em Olimpíadas: Tóquio/2021 (12º colocação)

Déborah tem somente 22 anos, mas é uma veterana. Ela esteve nos Jogos de Tóquio-2021 com a seleção de conjunto, que tinha a também capixaba Geovanna Santos. E participou de todo o ciclo olímpico até Paris.

Um ciclo, por sinal, impressionante, com resultados históricos no Campeonato Mundial — sexta colocação geral e quarto lugar no arco — e em etapas da Copa do Mundo da modalidade.

“Queremos muito essa final olímpica e conquistar uma medalha", avisa.

Déborah encarou uma cirurgia em março de 2020, por conta do formato anatômico dos seus pés, que causaram dores. Se recuperou a tempo de ir a Tóquio-2021 e, com muita garra — e alegria —, justifica à risca o apelido de “Leoas” dado às meninas da seleção brasileira.

"Passei por altos e baixos, cirurgia, lesões, derrotas, vitórias. Tudo serviu de crescimento e hoje, quando as pessoas dizem que se inspiram em mim, isso me dá mais forças para continuar e suspeitar os desafios."

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

DIDI

25 anos
Basquete
Participações em Olimpíadas: estreante

Didi já viveu algumas das maiores emoções que um jogador de basquete pode sonhar. Vestiu duas das principais camisas do basquete brasileiro (Franca/SP e Flamengo), foi draftado e jogou na NBA, atuou na Austrália, onde conheceu a esposa e chegou à seleção brasileira. Tudo isso com 25 anos de idade.

Mas cabia mais! E a nova conquista foi ganhar o Pré-Olímpico com a seleção brasileira e disputar as Olimpíadas.

“Saí com 19 anos de Franca pra entrar na NBA, o maio palco do mundo desde cedo. Não tenho palavras pra descrever. Joguei pelo Flamengo na última temporada e foi também um sonho realizado. Tenho certeza que vou alcançar voos ainda maiores e um deles é agora as Olimpíadas", conta.

Natural de Cachoeiro, ele começou no projeto social Lusb e saiu de lá para jogar nos principais palcos do mundo. Mas não se engane: o ala-armador ainda não está satisfeito.

“O sonho tem que ser alto. Vamos fazer de tudo pra trazer uma medalha para o Brasil, seja de ouro, prata ou bronze. O importante é irmos bem e estamos no pódio”.
Foto: Acervo pessoal

MIKAELA OLIVEIRA

21 anos
Taekwondo
Participações em Olimpíadas: estreante

Os últimos meses foram intensos para Mikaela. Ela chegou à seleção brasileira há cinco meses, período no qual foi medalhista de ouro no Grand Slam e convocada para a Olimpíada de Paris.

A lutadora de Serra, que começou no taekwondo no CT Fábio Marques, em Jardim Limoeiro, para ajudar a irmã, Millena, hoje vive em São Caetano do Sul (SP) e chorou ao receber a notícia de que iria para Paris.

“Pra mim, a melhor parte foi contar pra minha família, para os meus pais, pra minha irmã. Eles fazem parte deste sonho comigo, então, a melhor parte foi contar e vê-los felizes por mim. Eles também ficaram sem acreditar também, ficaram em choque, mas a ficha tá caindo e foi muito gratificante".

Mikaela não vai disputar medalha. Ela foi convocada para representar o Brasil na disputa mista por equipes, uma modalidade de exibição. Mas ela já sabe qual seria sua “medalha particular”: "Eu gostaria de encontrar a Rebeca Andrade na Vila Olímpica. Acho ela uma atleta sensacional e gostaria muito de conhecê-la".

Foto: Wagner Carmo/CBAt

PAULO ANDRÉ CAMILO

25 anos
Atletismo (100m e 4x100m)
Participações em Olimpíadas: Tóquio-2021 (semifinalista)

Junto com Déborah Medrado, Paulo André é o “veterano” da delegação capixaba em Paris.

Paulista de nascimento, mas radicado no Espírito Santo desde os dois anos de idade, ele começou aqui no Estado sua carreira no atletismo, em um projeto de iniciação esportiva montado pelo seu pai, o ex-velocista Carlos José Camilo.

Já foi o homem mais rápido do Brasil, o segundo mais rápido da história do atletismo brasileiro. E virou celebridade se tornar BBB, chegando ser o nome do atletismo mundial com mais seguidores no mundo!

O retorno às pistas ainda não “decolou”. Mas foi suficiente para garantir a classificação para Paris-2024. Em sua segunda participação numa edição dos Jogos Olímpicos, P.A. promete surpreender os que ainda duvidam da sua capacidade.

Em Paris, ele vai correr os 100m rasos — prova na qual foi semifinalista em Tóquio-2021 — e o revezamento 4x100m rasos, prova na qual foi campeão mundial em 2019.

Foto: Acervo pessoal

PEDRO ARTHUR ALVES

22 anos
Taekwondo
Participações em Olimpíadas: estreante

Pedro Alves, assim como Mikaela Oliveira, começou no taekwondo em Serra, só que no bairro Jacaraípe, com o mestre Charles Barbosa.

Quando fez 19 anos, foi convidado por outro lutador capixaba, Guilherme Felix, para treinar em São Caetano. Em agosto de 2023, Pedro, que compete na categoria acima de 87kg, foi campeão brasileiro em Fortaleza (CE). De lá pra cá, só cresceu!

A convocação para Paris veio com a medalha de bronze na etapa final da Copa do Mundo, realizada no final de 2023, em Wuxi, na China.

Pedro também vai à França para a disputa mista por equipes, junto com a conterrânea e colega de equipe Mikaela Oliveira. Os dois são colegas de seleção brasileira e também treinam na mesma equipe, a Two Brothers, em São Caetano do Sul (SP).

"Tô muito feliz com essa classificação que obtivemos no taekwondo por equipes! O pessoal que lutou ao meu lado foi incrível, todos deram tudo de si e foi fantástico! Partiu Paris!”, celebra o lutador.
Foto: Acervo pessoal

PATRICIA SCHEPPA

36 anos
Beach handebol
Participações em Olimpíadas: estreante

Patricia é estreante em Jogos Olímpicos. Porém, de todos os representantes do Estado em Paris, certamente é quem tem o currículo mais extenso!

Quatro vezes campeã mundial e eleita duas vezes a melhor do mundo, a capixaba de Santa Teresa também já eleita a jogadora mais valiosa do mundo (MVP) na modalidade, além de ser indicada pela Federação Internacional de Handebol como uma das lendas do beach handebol.

Com tantas conquistas, foi nome certo na lista de convocados do mundo inteiro para a exibição do beach handebol em Paris-2024, com um formato no qual foram convocados os melhores do mundo para uma competição de All-Stars.

“Passa um filme na cabeça do dia que comecei a jogar no Espírito Santo até hoje, e não tem como não se emocionar. Posso dizer que tenho uma trajetória vitoriosa na modalidade, mas estar realizando esse sonho é realmente algo inexplicável e uma honra. Tenho certeza que será um momento único e muito especial. A concretização de um sonho que tenho há muitos anos”.
Foto: Instagram/@incesp20

SOFIA MADEIRA

20 anos
Ginástica rítmica
Participações em Olimpíadas: estreante

Sofia é mais uma das “Leoas”, a seleção brasileira de conjunto que promete fazer muito barulho nos Jogos Olímpicos de Paris.

“Mudamos o patamar da ginástica brasileira”, disparou a capixaba, logo após o inesquecível sexto lugar geral e quarto lugar nos arcos no Mundial de Valência, na Espanha, em agosto do ano passado.

Não há dúvidas de que, desde então, as seleções dos outros países — e também os árbitros — veem o time brasileiro com outros olhos.

“Querendo ou não, agora somos uma ameaça a todas elas. E isso é incrível! Fizemos história para o Brasil!”, comemora Sofia, orgulho da comunidade de Porto Santana, em Cariacica.

Na última competição antes de Paris, a seleção brasileira conquistou a medalha de prata na classificação geral na etapa de Cluj-Napoca, na Romênia, ao somar 71.850 pontos, atrás apenas da grande potência búlgara (73.650). O Brasil chegou! Alguém duvida?

“Todo o nosso esforço está valendo a pena. Queremos mostrar nossa melhor série, alcançar nossa melhor nota e, se Deus quiser, com grande chance de uma medalha olímpica, porque dá para ver que a nossa série pareia com as melhores do mundo e que temos força suficiente para chegar lá e conseguir uma medalha”.

Veja também: Estreia capixaba! Agenda e onde assistir as disputas desta quinta-feira

ELES FORAM “NATURALIZADOS” CAPIXABAS

A contagem de representantes do Espírito Santo aumenta se levarmos em consideração dois atletas que foram “naturalizados” há pouco tempo.

Segunda dupla de vôlei de praia do País a conquistar a vaga olímpica para Paris-2024, Evandro e Arthur Lanci moram no Estado desde janeiro. A mudança aconteceu justamente com o objetivo de buscar a classificação olímpica.

Foto: Marina Ziehe/COB
Evandro e Arthur Lanci já na Vila Olímpica: dupla de vôlei de praia mora no ES desde janeiro de 2024

Evandro é carioca, tem 34 anos e um histórico de conquistas na modalidade. Foi campeão mundial em 2017 ao lado de André Stein. E disputou as Olimpíadas do Rio/2016, com Pedro Solberg, e Tóquio-2021, com Bruno Schmidt.

"Me sinto abraçado pelo torcedor capixaba. Tem coisas que eu não tinha lá no Rio, de eu ir ao supermercado e ser parado por alguém pra falar sobre o resultado da etapa, pra dar os parabéns. Ter esse calor humano do povo capixaba tá sendo bem bacana", conta o gigante Evandro, de 2m11 de altura e dono de um dos saques mais temidos do mundo.

Arthur Lanci é o mais novo da dupla. Aos 28 anos, o paranaense vai estrear em Jogos Olímpicos.

“A ansiedade é extrema, né? A gente tenta não demonstrar, trabalha com psicólogo. Eu sou muito ansioso já no dia a dia, durmo mal quando tem jogo, mas eu tô conseguindo levar. A ansiedade tá a mil, ou a milhão", brinca Arthur Lanci, bicampeão mundial na base, nas categorias sub-19 (2014) e sub-21 (2016).

HISTÓRIA DO ES NOS JOGOS

A primeira medalha olímpica de um capixaba foi conquistada nos Jogos de Seul-1988. Naquela edição, o meia Geovani Silva foi capitão e vice-campeão com a seleção brasileira de futebol.

No total, o Espírito Santo tem 11 pódios olímpicos. Depois da prata de Geovani, a segunda medalha veio também do futebol, com o atacante Sávio, medalhista de bronze em Atlanta-1996.

Quatro anos depois, novo bronze, agora com o nadador Cesar Quintaes no revezamento 4x100m livre em Sydney-2000. O capixaba foi o nadador reserva do time formado por Gustavo Borges, Fernando Scherer, Carlos Jayme e Edvaldo Valério.

Em Pequim-2008, a bandeira azul e rosa voltou a aparecer, agora com o vice-campeonato olímpico de Fábio Luiz no vôlei de praia.

Já em Londres/2012, o mundo conheceu os irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão, medalhistas de prata e bronze, respectivamente, no boxe. E viu ainda Alison Cerutti ser prata no vôlei de praia, mesma modalidade na qual Larissa França foi bronze. Foi, até o momento, a edição com mais pódios para capixabas.

Foto: Marcelo Pereira/Exemplus/COB
Bruno Schimdt e Alison com as medalhas de ouro, comemorando com a torcida no Rio-2016

Nos Jogos do Rio/2016, enfim saiu o primeiro ouro. Ou melhor, saíram os dois primeiros ouros. Primeiro, com a dupla Alison/Bruno Schmidt, no vôlei de praia. Depois, com o zagueiro Luan, com a seleção brasileira de futebol.

O terceiro ouro olímpico capixaba é do atacante Richarlison, campeão com a seleção brasileira de futebol em Tóquio-2021.

VEJA TAMBÉM: A história da primeira medalha olímpica do Espírito Santo

ATUAÇÃO TAMBÉM NOS BASTIDORES

O Espírito Santo também tem seus representantes nos bastidores dos Jogos.

Foto: Acervo pessoal
Helvio Affonso é fisiologista do Time Brasil

Um deles é o fisiologista Helvio Affonso, responsável por coletar dados antes, durante e após os treinos e competições para ajudar a melhorar a performance dos atletas. Já Thierry Gozzer é o gerente de Comunicação da seleção brasileira de basquete, responsável por fazer as informações chegarem aos fãs.

No alto escalão, o Estado também é representado pelo presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Paulo Wanderley Teixeira.


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