Capixabas olímpicos

Quem são os capixabas que estarão nos bastidores na Olimpíada de Paris-2024

Eles não ganham medalhas, não aparecem nas fotos oficiais, mas fazem parte da delegação brasileira que vai, daqui a 10 dias, participar dos Jogos de Paris

Flávio Dias

Redação Folha Vitória
Foto: Acervo pessoal
Helvio Affonso é fisiologista do Time Brasil, enquanto Thierry Gozzer trabalha com a seleção de basquete

Eles não ganham medalhas nas Olimpíadas, não aparecem nas fotos oficiais. A atuação acontece nos bastidores. Mas o orgulho de contribuir com o desenvolvimento e os resultados dos atletas faz como que eles também se sintam parte de cada conquista.

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A 10 dias da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, os capixabas Helvio Affonso e Thierry Gozzer estão de malas prontas para a França.

Você não verá seus nomes em nenhuma lista de convocados. Mas pode ter certeza que eles se sentem tão “convocados” como qualquer outro atleta.

CADA GOTA DE SANGUE IMPORTA

Helvio Affonso tem 52 anos, é fisiologista e vai para a sua terceira edição das Olimpíadas. Ele esteve também nos Jogos do Rio/2016 e Tóquio/2021 e tatuou nos braços os símbolos das duas competições.

Foto: Acervo pessoal
Helvio tatuou os símbolos de duas Olimpíadas

Morador de Bento Ferreira, em Vitória, o capixaba viaja como fisiologista oficial do Time Brasil, como é chamada a delegação brasileira pelo Comitê Olímpico Brasil (COB).

“Sou oficial do Time Brasil e atendo a várias modalidades. Para além das que tenho trabalhado no ciclo, existe um ‘plantão’ para auxiliar no caso de necessidade de momento para qualquer modalidade”, explica.

Como fisiologista, Helvio analisa praticamente em “tempo real” o que acontece com o corpo dos atletas durante e após os treinos competições, a partir de coletas de sangue. Os dados seguem para a comissão técnica do competidor, que vai utilizá-los na hora de preparar os novos treinos e a recuperação do atleta.

“Um fisiologista do exercício é um profissional especializado em estudar as respostas do corpo humano ao exercício físico. Analisamos como o corpo se adapta e se beneficia do treinamento físico, bem como os efeitos do exercício em diferentes sistemas do corpo, como o sistema cardiovascular, respiratório, endócrino e muscular. O fisiologista do exercício utiliza testes e avaliações para medir parâmetros como frequência cardíaca, consumo de oxigênio, força muscular e composição corporal, a fim de obter informações precisas sobre o desempenho físico e a saúde do indivíduo. Com base nesses dados, podemos prescrever programas de treinamento personalizados e fornecer orientações para otimizar o desempenho atlético, melhorar a saúde ou reabilitar lesões”, explica.
Foto: Acervo pessoal
Helvio com o nadador Bruno Fratus, medalhista de bronze nos Jogos de Tóquio/2021

Helvio trabalhou com a dupla de vôlei de praia Alison/Bruno Schmidt, campeã olímpica em 2016. Também atuou diretamente com o nadador Bruno Fratus, medalhista de bronze nos 50m em Tóquio/2021. E sente orgulho por ter um “pedaço” de cada medalha.

“Sem dúvida, a medalha tem um envolvimento muito grande de todos os profissionais envolvidos. É de verdade muita honra, um privilégio poder atuar nesse nível. Somos desafiados a todo momento durante todo o ciclo olímpico, no resultado no dia a dia, mas sem dúvidas a medalha é uma recompensa indescritível”, conta Helvio, que também já trabalhou com o velocista Paulo André Camilo e com o nadador ucraniano Andrii Govorov, entre outros.

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PONTE ENTRE A SELEÇÃO E OS FÃS DE BASQUETE

Natural de Vila Velha, o jornalista Thierry Gozzer já rodou o mundo. Literalmente. Aos 39 anos, ele é o gerente de Comunicação da Confederação Brasileira de Basquete (CBB). Ou seja, ele faz a ponte entre o que acontece nas seleções brasileiras e os fãs de basquete.

“Hoje eu tenho a missão de fazer com que as melhores histórias da seleção brasileira cheguem aos fãs, seja através das redes sociais, sites, TV. E durante a Olimpíada, faço o papel de intermediar o contrato da imprensa com a seleção brasileira para entrevistas e todos os assuntos relacionados a mídia e marketing”, explica.

Foto: Acervo pessoal

Jogador de futsal na infância e adolescência, Thierry não “vingou” como atleta de alto rendimento. Mas chegou por outro caminho às Olimpíadas, assim, no plural mesmo. Os Jogos de Paris-2024 serão a segunda edição da chamada Olimpíada de Verão na carreira do capixaba, que esteve também no Rio-2016 e nos Jogos Olímpicos de Inverno em PyeongChang-2019.

Entre tantas histórias, derrotas e vitórias vistas de perto, a mais emocionante foi justamente a mais recente. Thierry estava na Letônia e viu de perto, praticamente de dentro da quadra, a seleção brasileira masculina vencer a Letônia por 94 a 69 e conquistar a classificação para a Olimpíada de Paris-2024.

“Com certeza, o momento mais emocionante foi o título do Pré-Olímpico e a classificação para Paris-2024. Na casa dos rivais, com 14 mil pessoas no ginásio, contra um rival que é sexto no ranking mundial. Foi algo único”, lembra.

Thierry acompanhou a “passagem de bastão” na seleção masculina, com a geração de Tiago Splitter, Anderson Varejão, Nenê e Leandrinho abrindo espaço para novos nomes como Gui Santos, Yago, Bruno Caboclo e Didi, entre outros. E destaca que a nova geração tem “fome” de vencer.

“Eu peguei a reta final da última geração, com Splitter, Alex e outros. Campeões e craques, sempre querendo mais, mas já com uma carreira internacional na seleção estabelecidas. Olimpíadas, Mundiais. Títulos de Copa América. Essa geração de agora é tão talentosa quanto, e está com fome. Quer conquistar tudo ou mais que essa última geração conseguiu. Então, eles têm uma vontade incrível e nunca se entregam, como você viu no Pré-Olímpico”, compara.

Foto: Acervo pessoal
O astro Luka Doncic com o capixaba Thierry

Estar nos bastidores do esporte olímpico é motivo de muito trabalho. Mas também proporciona momentos únicos. Um deles é conhecer grandes nomes da história do esporte mundial.

O capixaba já esteve ao lado de alguns deles, como os tenistas Novak Djokovic e Gustavo Kuerten, e os ídolos do basquete Luka Doncic e Giannis Antetokounmpo

Mas quem ele gostaria de encontrar agora em Paris?

“Pra quem cresceu fã de esporte, essa profissão nos dá oportunidades inimagináveis. Já estive com Djokovic, Guga, Luka Doncic, Antetokounmpo, muita gente. Mas, gostaria de acrescentar para o meu museu pessoal um autógrafo do Lebron James”, conta.

CAPIXABA NO ALTO ESCALÃO DOS BASTIDORES

Helvio e Thierry não são os únicos capixabas nos bastidores da delegação brasileira na Olimpíada de Paris. O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Paulo Wanderley Teixeira, 73 anos, é mais um dos representantes do Espírito Santo.

Foto: Alexandre Loureiro/COB

Apesar de nascido em Caicó (RN), o dirigente mudou cedo para Vitória, onde teve uma vida dedicada ao judô. Primeiro, criou o Centro Capixaba de Judô (Cecaj). Foi no Estado também que ele graduou-se em Educação Física, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e em 1979 passou a ser técnico da seleção brasileira da modalidade.

Em 1992, nos Jogos Olímpicos de Barcelona, Paulo Wanderley esteve ao lado do tatame orientando Rogério Sampaio no ouro olímpico. 

De treinador, Paulo virou dirigente do judô, primeiro como presidente da Federação Espírito-Santense de Judô (FEJ) e, depois, assumindo a Confederação Brasileira de Judô (CBJ), em 2001. Em 2017, após a renúncia de Carlos Arthur Nuzmann, assumiu a presidência do COB, cargo que mantém até hoje.

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