Deborah Medrado | Sorriso no rosto e lugar na história da ginástica rítmica
Primeira capixaba a garantir vaga na Olimpíada de Paris/2024, junto com Sofia Madeira, Deborah Medrado comemora resultados históricos da atual geração e acredita que Brasil pode brigar por uma inédita medalha olímpica
O sorriso sempre aberto e encantador da ginasta Deborah Medrado deveria valer alguns pontos a mais nas apresentações do da seleção brasileira de conjunto de ginástica rítmica. Mas, na verdade, nem é preciso. Afinal, a atual equipe tem feito história na modalidade.
Quando se fala em ginástica rítmica no Brasil, é impossível não citar o Espírito Santo como uma referência. Daqui saíram nomes como Juliana Coradine, Elise Penedo, Gizela Batista, Ana Paula Ribeiro, Tayanne Mantovanelli, Francielly Machado, Natalia Gaudio e tantas outras... E todas essas foram importantes para que a atual geração de elite, representada por Deborah Medrado e Sofia Madeira, no conjunto, e Geovanna Santos, no individual, fizesse uma temporada histórica em 2023.
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Os resultados no circuito da Copa do Mundo e da Challenge Cup mudaram de vez o patamar do Brasil, que agora é visto como uma das potências do planeta. A participação no Mundial de Valencia, encerrada neste domingo (27), com o sexto lugar na classificação geral — que valeu a classificação para a Olimpíada de Paris/2024 — e o quarto lugar na prova dos 5 arcos, comprovaram a evolução.
O que vem pela frente? As “Leoas” não têm dúvidas de que essa nova e linda história está só começando, como conta Deborah nesta entrevista exclusiva para o Folha Vitória.
“Queremos muito essa final olímpica e conquistar uma medalha”, crava Deborah, 21 anos, natural da Serra e a primeira atleta capixaba, junto com Sofia Madeira, a garantir vaga nos Jogos de Paris/2024.
Veja aqui a apresentação que valeu o quarto lugar no Mundial de Valencia:
Deborah vai para a sua segunda Olimpíada. Após brilhar no Pan de Lima/2019, a capixaba passou por cirurgia nos dois pés para correção do formato e viu o sonho de ir aos Jogos de Tóquio/2020 quase acabar ali. Porém, o adiamento da competição para 2021 por conta da pandemia deu o tempo necessário para a recuperação da ginasta, que voltou à seleção brasileira e se apresentou na competição.
Em casa, ela conta com o apoio dos pais. Mais do que isso, recebe conselhos do professor Evaldo Barbosa, treinador e árbitro de vôlei.
FOLHA VITÓRIA — O que tem na água capixaba que faz surgir tantas ginastas de altíssimo nível assim?
DEBORAH MEDRADO — Somos celeiro de grandes ginastas do Brasil. Isso é fruto de muito trabalho e experiência. Nosso Estado tem grandes treinadoras e eu tive a honra de treinar com Monika Queiroz, ela que tanto me ensinou e sabe muito de ginástica rítmica.
Você já foi promessa, depois se estabeleceu na seleção e, hoje, é referência. Como você foi sentindo essas mudanças?
Cada ano fui adquirindo experiência, amadurecimento e sabia o que eu queria. Comecei na seleção com 15 anos e hoje, tenho 21. Passei por altos e baixos, cirurgia, lesões, derrotas, vitórias. Tudo serviu de crescimento e hoje, quando as pessoas dizem que se inspiram em mim, isso me dá mais forças para continuar e suspeitar os desafios.
O capítulo mais bonito dessa história que vocês estão escrevendo será em Paris/2024 ou ainda é muito cedo pra fazer alguma projeção?
Com toda certeza, sim Trabalhamos muito para chegar no topo da GR mundial. O trabalho só continuará mais forte e focado na Olimpíada. Queremos muito essa final olímpica e conquistar uma medalha.
Ter referência esportiva dentro de casa, no caso o seu pai, ajuda a lidar com todas as dificuldades diárias da vida de uma atleta de alto rendimento?
Sim!!! Meu pai me incentiva muito e sempre fala para eu me divertir. Quando a situação dá uma apertada, ele me dá conselhos e entende meu lado, mas como ele treina um time de vôlei, ele explica o lado do treinador. Minha família me apoia muito, não chegaria aqui sem meu porto seguro!
"Minha família me apoia muito, não chegaria aqui sem meu porto seguro!", agradece Deborah.
O momento mais difícil, eu imagino, deve ter sido a cirurgia, ainda sem saber do adiamento dos Jogos de Tóquio. Conta um pouco pra gente como ficou a cabeça naquele momento...
Antes de decidir se faria ou não a cirurgia, foi um dos piores momentos da minha carreira. Não sabia o que fazer. Tinha batalhado tanto, e chegar no ano da Olimpíada e não ir me deixava péssima. Mas, foi minha melhor decisão. Eu queria tanto continuar e ir para uma Olimpíada, que adiei meu sonho de Tóquio e deixei o de Paris como objetivo. Por conta da pandemia, dias depois que eu realizei a cirurgia, a Olimpíada de Tóquio foi adiada… A chama reacendeu em meu coração, fiquei muito feliz e falei: 'Vai dar tempo, vou conseguir'. Dito e feito, me recuperei da cirurgia, consegui voltar pro conjunto titular e fui para os Jogos de Tóquio.
E o momento mais feliz, até agora? Com tantas conquistas recentes, é possível apontar um?
Ontem (quinta-feira). Foi um dia incrível. Emocionante!!! Conseguir essa vaga pelo Mundial, depois de tanta superação, foi perfeito.