Quem é a primeira mulher capixaba a atravessar o Canal da Mancha a nado
Nadadora de 32 anos faz história ao se tornar a primeira mulher capixaba a nadar pelo Canal da Mancha, completando a travessia em 11 horas e 3 minutos
Primeira mulher capixaba a concluir a travessia do Canal da Mancha, Thaís Sant’Ana, de 32 anos, fez história ao cruzar a nado o trecho entre a Inglaterra e a França em 11 horas e três minutos de natação.
A travessia é uma das provas de resistência mais desafiadoras da maratona aquática e a nadadora capixaba completou o nado no dia 11 de agosto, superando os perigos, imprevistos e o frio.
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PRIMEIRA MULHER CAPIXABA A ATRAVESSAR O CANAL
Foram aproximadamente 45km quilômetros nadados entre a largada, na Inglaterra, até a chegada em Calais, na França.
O QUE É O CANAL DA MANCHA
O Canal da Mancha é um braço do Atlântico Norte que separa a ilha da Grã-Bretanha da Europa continental e está situado entre a Inglaterra e a França. A travessia do Canal da Mancha pode ser realizada por meio de embarcações, de balsas, a nado ou pelo Eurotúnel. A travessia a nado costuma ser feita pelo estreito de Dover, que tem cerca de 33km de extensão.
A temperatura da água estava entre 17,5ºC e 18,5 ºC, com temperatura externa de 15ºC no início e chegando a 25ºC no término do trajeto.
Thaís foi a primeira mulher do Espírito Santo e a décima brasileira a superar o desafio. Ao todo, apenas 40 brasileiros já concluíram o percurso. Entre os homens, o primeiro capixaba a atravessar o Canal da Mancha foi o nadador Márcio Junqueira, em 2020.
“Eu já sabia que seria a primeira mulher capixaba. Antes de mim, Márcio Junqueira, que é capixaba também, foi o primeiro homem capixaba a atravessar o canal da mancha (em 2020). E a sensação é sempre boa, porque o Espírito Santo sempre teve nadadores bons, né? E eu tive bons exemplos também. É um prazer e uma honra ter esse título de primeira mulher capixaba atravessar o Canal da Mancha”, destacou Thaís.
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730 DIAS DE PREPARAÇÃO
Thaís esteve em preparação durante 730 dias para as longas 11 horas que passaria no mar até chegar em solo francês. Ela conta que se inspirou em outras mulheres na modalidade, como a norte-americana Gertrude Ederle, que foi a primeira mulher a cruzar o Canal da Mancha nadando, em 1925. Na época, nenhuma mulher havia sequer tentado fazer a travessia.
Outra referência para Thaís foi a brasileira Marta Izo, que também completou a travessia e compartilhou o feito no Youtube.
“Eu assisti a um vídeo no YouTube que mostrava a travessia dela e, desde então, isso me encantou e eu pesquisei até que, praticamente 15 anos depois, eu consegui atravessar também”, relembra a capixaba.
GOSTO PELA NATAÇÃO DESDE CRIANÇA
A trajetória de Thaís na natação começou cedo, aos cinco anos de idade, quando ingressou em uma escolinha de natação no Clube Aest, na Serra. A iniciativa partiu dos pais, motivados pela perda de uma tia de Thaís, vítima de afogamento em um rio.
“Eu peguei o gosto e nunca parei de nadar. E eu lembro muito bem que, aos 10 anos de idade, eu já tinha essa vontade de querer competir, né. Eu lembro até hoje que eu falei com minha mãe que queria focar somente na natação. Eu fazia outras modalidades também e acabei, a partir dessa idade, a focar 100% na natação como um esporte”, contou.
Hoje, a carreira da atleta é marcada por uma série de conquistas em provas de ultramaratona aquática de longa distância e alta dificuldade. E assim como várias outras atletas de destaque do Espírito Santo, a nadadora também já foi uma das contempladas em edições anteriores do programa Bolsa Atleta, da Secretaria de Esportes e Lazer (Sesport).
“A ajuda da Sesport, por meio do Bolsa Atleta do Governo do Espírito Santo para os atletas de alto rendimento, foi muito bom para a Thaís, porque ela pôde competir em outros lugares e ter um tratamento nutricional bem acompanhado. Foi uma ajuda e tanto, com certeza”, contou a mãe de Thaís, Amada Fernandes.
FEITOS NA CARREIRA
Entre seus feitos, estão o recorde no Desafio dos 3 Países (Alemanha, Suíça e Áustria – 35km), o tetracampeonato feminino da travessia 14Bis, uma das provas mais tradicionais de ultramaratona do Brasil, e o título no UltraSwim Montenegro 33.3km.
Além disso, ela também representou o Brasil em duas etapas mundiais da FINA, realizadas na Macedônia e na Argentina.
ESPORTE COMO VÁLVULA DE ESCAPE
O desempenho esportivo da atleta também abriu portas para bolsas de estudo, permitindo que ela conciliasse a carreira de nadadora com os estudos. Thaís é formada em Tecnologia de Petróleo e Gás e cursou Engenharia Química por cinco anos. Por influência de sua técnica, decidiu mudar no último ano da segunda graduação e seguir com o curso de Educação Física.
No período, ela passava por uma situação difícil: o pai havia morrido e a mãe estava adoentada. Diante das dificuldades, Thaís enxergou a natação além do esporte de alto rendimento. Para ela, foi uma válvula de escape para superar os desafios e seguir seu objetivo de se formar em Educação Física.
Atualmente, Thaís atua como técnica de natação e realiza avaliações físicas biomecânicas de nado. A atleta também deixa uma mensagem para todas as mulheres, principalmente para aquelas que buscam seu espaço no esporte.
“Eu acredito que mulheres inspiram outras mulheres, como a Marta Izo e a Gertrude me inspiraram a fazer essa travessia. A gente precisa se acolher, incentivar umas às outras, que eu acho que tudo que a gente faz em conjunto fica maior e mais valioso”, afirmou Thaís Sant’Ana.