Rebeca Andrade se encontra com Nadia Comaneci e desabafa: "Cansada"
Num encontro descontraído em São Paulo, Rebeca Andrade cantou um trecho de música de Alicia Keys, conversou com Nadia Comaneci e "aposentou" o solo para Los Angeles-2028
Maior medalhista olímpica do País, com seis pódios, Rebeca Andrade se encontrou com Nadia Comaneci, uma das maiores ginastas de todos os tempos. Durante a Expo COB, em São Paulo (SP), a brasileira e a romena trocaram elogios e deferências e falaram sobre as diferenças e semelhanças entre elas, lendas da ginástica de diferentes gerações.
Num encontro descontraído, Rebeca cantou um trecho de "If I aint got you", música de Alicia Keys, ouviu aplausos e realçou que precisa descansar seu corpo e sua mente depois de meses desgastantes.
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TROCA DE ELOGIOS ENTRE LENDAS
Nadia conheceu Rebeca quando a brasileira tinha 10 anos e foi competir em um campeonato organizado pela romena em Oklahoma, nos Estados Unidos, onde lenda romena mora.
"Eu vi a pequena Rebeca, muito determinada, técnica e forte. Hoje, 15 anos depois, estamos aqui. Ela não vai parar. Vamos vê-la em Los Angeles", afirmou Nadia, sobre Rebeca: “Estou feliz de ter essa oportunidade de conversar mais com a Rebeca. Quando soube que era para estar ao lado dela, fiquei ainda mais feliz de vir ao Brasil. Amei ter esse momento. Pedi até para ela me ensinar a dançar como uma diva, do jeito que ela faz (risos)”.
A romena é dona de nove medalhas olímpicas, cinco delas de ouro, e foi a primeira ginasta a da história a tirar nota 10, o que aconteceu nos Jogos Olímpicos de Montreal-1976, quando tinha 14 anos. Quatro anos depois, em Moscou 1980, ganhou mais quatro medalhas, sendo duas de ouro e duas de prata.
Já Rebeca Andrade devolveu os elogios da lenda do esporte. "Tenho uma ginástica diferente, mas o carisma acho que é o mesmo. Ela (Nadia) foi brilhante, e ainda é, por isso continua inspirando tantas gerações", afirmou.
ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL
A paulista de Guarulhos voltou a falar sobre como trabalhou a mente para não sentir a pressão e ignorar as altas expectativas sobre si.
As duas dividiram o palco por mais de uma hora no evento realizado pelo COB e discutiram temas relacionados à ginástica e ao esporte de alto rendimento. Redes sociais e a atenção à saúde mental foram dois assuntos debatidos com detalhes, apontando as muitas diferenças em relação à época em que Nadia competia, nos anos 1970 e à geração atual da ginástica, liderada por Rebeca e Biles.
"Eu competi nos anos 1970. Quando eu errava, o que eu escutava era: isso não é pra você, não faça mais isso, desista", lembrou Nadia, que começou na ginástica aos 6 anos. "Você pode tentar, você pode ser bem-sucedida mesmo se errar, se falhar."
A estrela romena foi simpática e atenciosa com centenas de fãs. Ela respondeu a cada uma das dezenas de perguntas e, ao final do evento, reservou alguns minutos para fotos em grupos. Deu conselhos a duas pequenas ginastas, de 6 e 9 anos, que estavam na plateia, distribuiu sorrisos e entregou o seu discurso a uma fã, que fez o pedido insólito.
"O esporte abre um mundo para cada menina que quer ser o próximo ícone, oferece oportunidades e também ensinamentos", enfatizou Comaneci, que teve sete notas 10 durante os Jogos de Montreal.
ADEUS À PROVA DE SOLO
Ao desgaste de competições de alto rendimento, incluindo a mais importante delas, os Jogos Olímpicos, somam-se os muitos compromissos comerciais e entrevistas na rotina de Rebeca Andrade. Depois das apresentações de brilho em Paris, ela disse ainda não ter tido tempo suficiente para descansar.
Por isso, terminado o Campeonato Brasileiro de Ginástica, disputado no fim de semana passado em João Pessoa (PB), Rebeca reforçou que vai tirar em breve um período para descansar a mente e o corpo, que tanto lhe deu.
"Estou me sentindo muito cansada. Ainda não parei depois de Paris, mas estou muito feliz. Preciso muito das minhas férias para me sentir renovada e entregar o melhor que tenho", declarou.
Ela confirmou que estará na Olimpíada de Los Angeles-2028, mas vai competir em menos aparelhos, em especial, o solo, aparelho no qual é a atual campeã olímpica.
"No momento, eu não quero (competir no solo). Talvez porque eu ainda estou muito cansada, sinto muita dor. Só o tempo vai dizer. Mas se for a minha escolha… Eu ainda tenho quatro anos para treinar, eu posso em dois anos fazer apenas dois aparelhos, para depois, talvez, se precisar fazer, eu faça o solo. Eu espero que não precise, eu espero que venham outras meninas super talentosas que façam muito bem. Mas se elas precisarem, se na minha cabeça e no meu corpo eu conseguir, eu vou fazer, mas espero que não precise", concluiu Rebeca.