Amir Nasr-Azadani, jogador de futebol iraniano, de 26 anos, pode ser executado em seu país por participação em protestos por direitos das mulheres. Ele é acusado de traição e por fazer parte de um grupo armado que matou três policiais.
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As manifestações tiveram início no país após a morte da ativista Mahsa Amini, de 23 anos. Ela infringiu a lei do país ao não usar o hijab, manto que cobre a cabeça das mulheres muçulmanas.
De acordo com informações da BBC no país, o governo iraniano afirma ter confissões do atleta sobre participação nos atos em forma de gravações e filmagens.
O governo afirma ainda que o jogador ainda não foi julgado. Segundo o código penal do país, ele pode ser enforcado caso seja comprovado que ele tenha utilizado uma arma de fogo durante os protestos.
Ao todo, 11 pessoas enfrentam risco de execução no país e duas já foram executadas nas últimas semanas.
A primeira execução aconteceu em 8 de dezembro. A vítima foi Mohsen Shekari, de 23 anos. Na madrugada do dia 12, Majidreza Rahnavard, também de 23 anos, foi enforcada.
Manifestações de apoio ao jogador
A condenação do atleta gerou revolta e manifestações por todo o mundo, atraindo a atenção de artistas e personalidades, como a cantora Shakira, que se pronunciou a favor do jogador minutos antes da final da Copa do Mundo do Catar.
“Hoje, na final da Copa do Mundo, só espero que os jogadores em campo e o mundo inteiro se lembrem de que há um homem e companheiro de futebol chamado Amir Nasr, no corredor da morte, apenas por falar em favor dos direitos das mulheres”, escreveu a colombiana.
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Além da cantora, o craque uruguaio Luis Suárez, também se pronunciou a favor do jogador. “Repúdio total ao que está vivendo Amir Nasr-Azadani e tanta gente no Irã, todo meu apoio a sua família”, disse o jogador em um story no instagram.
Já a Federação Internacional de Jogadores Profissionai (FIFPRO) também se pronunciou pelo Twitter. A instituição se disse chocada e enojada pela condenação e apela que o Irã retire a sentença.
“Prestamos solidariedade a Amir e pedimos que sua punição seja anulada imediatamente.”, disse a instituição na postagem.
Quem é Amir Nasr-Azadani
Amir nasceu em 1996, em Isafahan, região central do Irã. O jogador atuou em dois clubes históricos do país iniciando a carreira nas categorias de base do Sepahan Sport Club. O zagueiro atuou na equipe entre 2012 a 2015, com as idades de 16 a 19 anos.
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Ainda em 2015, o zagueiro passou a defender as cores do Rah Ahan F.C, com sede na capital Teerã, fundado em 1937, mas por lá permaneceu por apenas um ano, deixando o clube em 2016.
No ano seguinte, o atleta contou com uma ascensão na carreira e passou a atuar pelo Tractor SC, um dos times mais tradicionais e históricos do país islâmico, que atualmente ocupa a sétima posição do da Iran Pro League, o campeonato nacional do Irã.
O último clube pelo qual o zagueiro atuou foi o F.C. Iranjavan Bushehr, também do país natal. O atleta está preso desde 27 de novembro por conta de sua participação nos protestos.
Entenda a Lei do Irã
Desde 2010 o país já enforcou 170 mulheres, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR). As execuções acontecem quando o governo iraniano acredita que as mulheres desobedeceram à Sharia, sistema jurídico do islã.
O código traz disposições baseadas no Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos e determina aspectos da vida cotidiana, como direito à família, negócios e forma de se vestir.
O sistema é classificado como machista por diversas organizações internacionais, que apontam que muitas das mulheres executadas reagiram a tentativas de estupro ou assassinato por seus companheiros.
*Com informações da BBC