Manipulação no futebol

"Operação Jogada Marcada": criminosos tinham grupo de WhatsApp com nome "Arbitragem da Propina"

A "Operação Jogada Marcada" cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão em seis estados, entre eles, o Espírito Santo

Polícia de Goiás prende suspeitos de manipular jogos de futebol - (crédito: PCGO/Divulgação
Polícia de Goiás prende suspeitos de manipular jogos de futebol (Foto: Divulgação/PC-GO)

Uma operação da Polícia Civil de Goiás, chamada “Operação Jogada Marcada“, cumpriu 16 ordens judiciais nesta quarta-feira (9), em seis estados, entre eles, o Espírito Santo.

Ao todo, foram presas sete pessoas, sendo um ex-árbitro, um ex-presidente de clube, dois aliciadores e dois ex-jogadores, todos acusados de envolvimento em um esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol.

No Espírito Santo, a Polícia Civil de Goiás contou com o apoio da Polícia Civil do Espírito Santo e prendeu um homem de 49 anos no bairro Porto Santana, em Cariacica. Ele é acusado de ser um dos aliciadores do esquema.

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Grupo de WhatsApp chamado “Arbitragem da Propina”

Na tarde desta quarta-feira, a Polícia Civil de Goiás, por meio do Grupo Antirroubo a Banco (GAB) da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), deu detalhes sobre a “Operação Jogada Marcada”.

Foram cumpridos sete mandados de prisão e nove mandados de busca e apreensão contra uma organização criminosa especializada na manipulação de resultados em partidas de futebol. As prisões ocorreram no Espírito Santo, na Paraíba, no Maranhão, no Ceará e em Pernambuco.

Os criminosos tinham até um grupo em um aplicativo de mensagens denominado “Arbitragem da Propina”.

Denúncia de 2023 deu início às investigações

O delegado Eduardo Gomes, responsável pelo caso, explicou que a investigação teve início em 2023, após denúncia do então presidente do Goianésia, Marco Antônio Maia.

O dirigente foi procurado por um aliciador para fazer a intermediação com outros clubes que disputariam a Série D do Brasileiro. Os criminosos ofereciam até R$ 1 milhão para o time que aceitasse fazer parte do esquema. Pela intermediação, Maia receberia R$ 300 mil.

“Esta vítima (Maia) trouxe para nós as informações, os dados telefônicos pelo qual esta pessoa teria entrado em contato e começamos a investigação para qualificar esta pessoa. Vimos que é um cidadão que mora no estado do Espírito Santo, que tinha vários vínculos e relação com a área do futebol. Demos toda continuidade à investigação, imaginando que ele não se restringiria somente a esta tentativa de corrupção do presidente do time goiano, mas que poderia estar atuando em outros estados ou tentando com outros times”, revelou o delegado.

O delegado afirmou que o homem preso em Cariacica teve envolvimento na manipulação de resultados de jogos de futebol em outros estados.

“Com as investigações, conseguimos confirmar o envolvimento dele na manipulação de resultados, porém, até o presente momento, nada com algum time goiano. Mas vimos aí em vários outros estados o vínculo dele tentando manipular e influenciar em vários estados do País. Sempre com uma linha de atuação que é com os pequenos times. Segundo eles, é onde eles conseguem ter mais acesso porque são times de poucos recursos financeiros, então, é mais fácil que eles consigam corromper os jogadores, técnicos e até presidente dos times”, completou o delegado Eduardo Gomes.

Ex-árbitro é preso em João Pessoa (PB)

A “Operação Jogada Marcada” teve apoio da Polícia Civil da Paraíba e resultou na prisão do ex-árbitro D’Guerro Batista Xavier, de 46 anos, em João Pessoa (PB).

D’Guerro foi preso em casa, no bairro Funcionários II, durante o cumprimento de um mandado de prisão temporária e um mandado de busca e apreensão.

Ele já havia sido afastado da arbitragem profissional após ser investigado na Operação Cartola, em 2018, que apurou fraudes no futebol paraibano. Mesmo fora dos quadros oficiais, o ex-árbitro ainda atuava em competições amadoras e mantinha contatos no meio esportivo.

Fraudes movimentaram R$ 11 milhões

“Operação Jogada Marcada” é uma ação da Polícia Civil de Goiás, que cumpriu, na manhã desta quarta-feira (9), 16 ordens judiciais contra o grupo, em seis estados diferentes. Foram realizadas ações no Espírito Santo, Goiás, Ceará, Maranhão, Paraíba e Pernambuco.

Entre os investigados, estão jogadores, treinadores e dirigentes de clubes. A polícia informou que as fraudes movimentaram, ao menos, R$ 11 milhões por meio de esquema de apostas ilegais.